Alckmin está entrando para a história política do Brasil como um caso extremo de hipocrisia, de falsidade ou de oportunismo
J. R. Guzzo
O ex-governador Geraldo Alckmin está entrando para a história política do Brasil como um caso extremo de hipocrisia, de falsidade ou de oportunismo — ou, muito provavelmente, as três coisas ao mesmo tempo. Trata-se de um exagero, mesmo para os baixíssimos padrões de moralidade da política nacional: é comum que a fauna desse ecossistema vire a casaca o tempo todo, e passe a dizer hoje o contrário do que dizia ontem, mas Alckmin é realmente uma história de superação. Dias atrás, ele assinou sua ficha de inscrição num desses pequenos partidos que prestam serviços ao PT e se qualificou, oficialmente, para ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula nas eleições presidenciais de 2022. É a aliança mais cínica de que se tem notícia, há anos, na vida política brasileira.
O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o ex-presidente Lula, durante jantar que selou a aliança entre os dois, 19-12-2021. Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert |
Desde que começou a se
anunciar a possibilidade dessa aberração, tempos atrás, Alckmin passou a ter um
problema insolúvel. Antes de se dispor ao papel que está representando hoje,
ele disse o seguinte: “Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer
voltar ao poder. Ou seja, meus amigos, ele quer voltar à cena do crime”. Como
sair, agora, de um negócio desses? Não foi a mídia que falou em volta à cena do
crime, nem os adversários; foi ele mesmo, Alckmin, de sua livre e espontânea
vontade, e por iniciativa própria.
Falando em português claro, para não complicar as coisas, Alckmin chamou Lula de ladrão — coisa que o seu principal adversário, o presidente e também candidato Jair Bolsonaro até agora não fez, não com essas palavras ou com essa clareza. Depois de ter dito, não retirou o que disse. Quer dizer, então, que o ex-governador está pronto a servir como vice de alguém que ele considera corrupto? Sim, quer dizer exatamente isso.
Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro pela Justiça brasileira, em três instâncias e por nove magistrados diferentes; Alckmin, portanto, estava apenas anunciando um fato, quando falou em volta “à cena do crime”. O problema é por que ele, agora, se bandeou para o lado dos que considerava criminosos até outro dia. Não é só a questão da ladroagem, que bateu recordes na era Lula-Dilma — um caso raro na história universal da roubalheira, com os ladrões assinando confissões de culpa e devolvendo dinheiro roubado.
Alckmin, ao se unir a Lula, está se unindo a
tudo o que sempre combateu em sua vida. Ele está agora, por exemplo, no mesmo
palanque que o MST — que, segundo Lula, vai “participar” ativamente do seu
governo. Um de seus colegas de campanha já disse que escritura de propriedade
de terra, para ele, só se for assinada por Deus, com firma reconhecida. É o
novo Alckmin.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
O Estado de S. Paulo, via revista Oeste, 27-3-2022, 18h02
Eu diria “A aliança mais escrota”, e “Alckmin entra para a história do Brasil, como um perfeito exemplo de indivíduo sem caráter”.
ResponderExcluirFaço minha as palavras do ilustre Jim Pereira, lembrando, ainda que não sabia, mas acabou se espalhando a noticia e agora eu sei. Lula e Alcknenem trocaram alianças. O casamento vai ser num Cartel digo, num Cartório discreto em Santo André. As alianças vieram (a de Lula, de Caetés, em Pernan/maluco) e a de seu Alcknenen (de Pinduramonhangaba, 'interrior' de São Paulo). O enlace promete e vai rolar uma festinha bombástica no tripleis, tripres, desculpem, a minha dentadura está dando problemas, no apartamento de cobertura na afrodisíaca Praia das Alturas, desculpem, das Astúrias, na fogosa e pitoresca Guarujá.
ResponderExcluirCarina Bratt
Ca
de São Paulo, Capital