sábado, 26 de março de 2022

Comlurb recolhe toneladas de peixes mortos na zona oeste do Rio

Causas podem ser urbanização descontrolada e falta de saneamento

Cristina Índio do Brasil

A Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio (Comlurb) recolheu ontem (24) 1,5 tonelada de peixes nas lagoas e nas praias dos Amores e da Barra, perto do Quebra-Mar. O número indica acentuada mortandade de peixes e crustáceos nas lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca, na zona oeste do Rio.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Segundo o biólogo e ambientalista Mário Moscatelli, que desenvolve projetos na região, o fenômeno acontece por causa do lançamento contínuo de esgoto, pouca variação de maré e pelo calor intenso.

O biólogo, no entanto, estimou em seis toneladas a quantidade retirada da região. Hoje (25), segundo Moscatelli, não houve limpeza nas lagoas. “Hoje eu não vi ninguém, porque a Comlurb age mais no final da Lagoa da Tijuca e na Praia da Barra. Hoje de manhã estive na Praia da Barra e não tinha mais peixe [morto]”, observou.

De acordo com Moscatelli, só depois do fim de semana é que a situação pode mudar. “O que pode melhorar essa situação é a mudança da Lua, porque escoa a água podre e renova minimamente com água oceânica e o tempo não fica esse calor todo, porque vai entrar uma frente lá para sábado ou domingo. Até lá, os próximos dois dias são de continuidade do extermínio que está acontecendo aqui no sistema lagunar”, informou enquanto visitava a região com alunos.

Em resposta à Agência Brasil, a Comlurb informou que a retirada dos peixes da Praia da Barra ocorreu na manhã de ontem e não houve outra operação.

O biólogo informou que a junção da maré quadratura, que é quando não sobe e nem desce o nível da água, o calor intenso e a quantidade de esgotos, resulta na liberação dos gases sulfídrico e metano e provoca o sufocamento dos peixes e crustáceos. “A situação hoje é dramática. Tudo que precisa de oxigênio dentro da coluna d'água está sufocando”, alertou.

Ele acrescentou também que nesse período de quadratura a mudança da água é baixa, e por isso a parte que estava podre não foi renovada. “Você vê siri, peixe, camarão - todo mundo tentando respirar fora d'água”, completou.

Para Moscatelli, o problema - que é antigo na região - é fruto de “duas chagas”: o crescimento urbano desordenado e a falta de saneamento universalizado. “Temos comunidades à beira da Lagoa da Tijuca como a de Rio das Pedras, que tem 70 mil pessoas. Imagina o volume de esgoto que só essa comunidade gera, incluindo o resto da Baixada de Jacarepaguá”, afirmou.

Título e Texto: Cristina Índio do Brasil; Edição: Pedro Ivo de OliveiraAgência Brasil, 25-3-2022, 20h36

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