Uma breve retrospectiva da experiência de fazer parte de um veículo independente
Guilherme Fiuza
A Revista Oeste está fazendo aniversário. Dois anos de existência independente sem pagar o pedágio panfletário que caracteriza o “consórcio” de manchetes siamesas — antigamente chamado de grande imprensa. Aqui vai uma breve retrospectiva da experiência de fazer parte desse veículo livre criado por Augusto Nunes e José Roberto Guzzo:
Montagem: revista Oeste |
— Dois anos sem usar a
pandemia para apavorar o leitor;
— Dois anos sem fingir
que lockdown é medida de bloqueio sanitário;
— Dois anos sem tratar Renan
Calheiros como porta-voz da ética e da vida;
— Dois anos sem fechar os
olhos para os crimes de Lula;
— Dois anos sem deixar de
mostrar que o STF faz política contra o governo;
— Dois anos sem tratar o
aventureiro Alexandre de Moraes como justiceiro;
— Dois anos sem fingir que
Barroso combate o fascismo no Brasil;
— Dois anos sem fingir que o populismo devastador da Argentina é exemplo de democracia;
— Dois anos sem tentar dia sim
e outro também derrubar o ministro Paulo Guedes;
— Dois anos sem esconder as
obras do ministro Tarcísio;
— Dois anos sem deixar de
criticar responsavelmente o governo federal, como na sucessão de ministros da
Saúde e nas diretrizes erráticas sobre vacinação de adolescentes;
— Dois anos sem participar da
censura hedionda sobre a discussão de tratamentos imediatos para covid;
— Dois anos sem cair na
demagogia mascarada de João Doria e sua propaganda fantasiada de ciência;
— Dois anos sem fingir que a
China não é uma ditadura brutal;
— Dois anos sem esconder a
responsabilidade da ditadura chinesa na disseminação da covid;
— Dois anos sem entrar na
feira demagógica de suposta proteção a raças e sexos;
— Dois anos sem deixar de
apontar linchamentos fantasiados de resistência humanitária;
— Dois anos sem deixar de
denunciar “cancelamentos” boçais como o do jogador de vôlei Maurício Souza;
— Dois anos sem confundir
crítica ou repúdio com assassinato de reputação;
— Dois anos sem torcer contra
o país para emplacar profecias macabras;
— Dois anos sem incensar
presidenciáveis de ocasião para atacar a agenda de reformas;
— Dois anos sem apontar
Bolsonaro como autor do apocalipse amazônico;
— Dois anos sem sucumbir a
“checagens” que buscam o monopólio da verdade;
— Dois anos sem se enganar com
palanque disfarçado de CPI;
— Dois anos sem chamar urubu
de meu louro na banda podre do Congresso;
— Dois anos sem tratar
manifestação popular como ato antidemocrático;
— Dois anos sem tratar redes
sociais como gabinete do ódio;
— Dois anos sem fingir que o
gabinete do amor é o dos que assaltaram o país;
— Dois anos sem fingir que não
viu Gilmar Mendes elogiar o advogado de Lula até as lágrimas em plena sessão do
STF;
— Dois anos sem tentar
fabricar crise para atrair leitores;
— Dois anos defendendo a
liberdade num mundo que passou a vendê-la baratinho.
Título e Texto: Guilherme
Fiuza, revista Oeste, nº 105, 25-3-2022
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