Mário A. Florentino
Na última semana, os vários
partidos jogaram as suas cartadas. Tivemos um PS aos ziguezagues, a inverter a
anterior estratégia de apelar à maioria absoluta, e a dizer agora que quer
negociar com todos. Ao contrário, os vários partidos de centro-direita, embalados
pelos bons sinais das sondagens, foram crescendo com o entusiasmo das ruas.
Como reagiu a esquerda a esse
crescimento da direita? Reagiram com o “papão” da direita, trazendo para o
centro dos discursos o Chega e as maldades que a direita pode fazer no poder,
não esquecendo ainda o “papão” de Passos Coelho, sempre ele o culpado de tudo.
As figuras mais patéticas neste contexto foram Rosa Mota a chamar “nazizinho” a
Rio, Fernando Tordo a ameaçar emigrar de novo, e o ex-primeiro-ministro
Sócrates a dar uma entrevista à CNN, entrando na campanha (ainda que esta
entrada possa não ter favorecido o PS). Além disso, lá apareceram mais uns
quantos manifestos e abaixo assinados das elites culturais, aflitas com a
possibilidade da esquerda perder o poder. O que será do país, se esses
malfeitores da direita chegarem ao poder? Que medo… É curioso, como 48 anos
após o 25 de Abril, este “papão” da direita ainda existe no debate democrático.
Para quando alguma maturidade democrática da nossa esquerda? Pelo menos em 2022
ainda não a tivemos.
A realidade, no entanto, é que
o povo não tem medo. Ao contrário do que se dizia há uns anos, vejo que os
jovens entre 20 e 30 anos estão interessados na vida política, em particular
nestas eleições, e parece-me claro que querem uma mudança. Não querem continuar
na estagnação em que vivemos há mais de 20 anos, que os empurra para fora do
país. Em geral, emigram para países com modelos económico mais liberais, onde o
seu trabalho e o mérito são recompensados com justiça.
Creio que os portugueses não
vão perder esta oportunidade de escolher a mudança. Escolher um modelo de
sociedade diferente daquele que tivemos nas últimas 2 ou 3 décadas, e que
permita oferecer um futuro melhor para as novas gerações. Se a solução
governativa dos últimos 6 anos não foi capaz de criar esse futuro, nem
apresentou soluções novas durante a campanha (Costa chegou ao cúmulo de mostrar
o orçamento chumbado como a sua solução para o futuro), então só resta uma
solução: um novo governo baseado nas forças de direita e centro-direita, que
consiga avançar com reformas mobilizadoras, que libertem a sociedade da asfixia
do Estado e dos seus impostos.
Votem.
Fica BEM 👍
Rui Rio. Por incrível que
pareça, Rui Rio fez quase tudo bem nesta campanha. Durante 4 anos de oposição
não deu "uma para a caixa", cometeu erros básicos, raramente acertou
nas intervenções públicas, e muitas vezes se demitiu do seu papel de líder da
oposição. Agora, nesta campanha, esteve bem nos debates, bem nas entrevistas,
bem na rua, nos comentários, e até no sentido de humor... Parece estar mesmo
com a estrelinha da sorte a seu favor.
Fica MAL 👎
António Costa. Sem chama,
cansado, arrastou-se pela campanha como uma “barata tonta”, dizendo agora
(claramente amedrontado pela hipótese de perder, que nunca imaginara possível)
o contrário do que tinha dito no início da campanha. Antes não queria negociar
com ninguém, agora quer com todos. Antes excluía o bloco central, agora já
aceita falar com o PSD. Já não pede a maioria absoluta e, em desespero, promete
mundos e fundos, exagerando na demagogia e na mentira. Veremos como lhe corre a
noite de dia 30.
Título e Texto: Mário A.
Florentino, Benfica, 28 de janeiro de 2022
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As eleições de janeiro de 2022 – ponto de situação
Professor Rebelo comenta os debates
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Professor Rebelo comenta Presidente Marcelo
A Hora dos Liberais
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