sábado, 29 de janeiro de 2022

[Observatório de Benfica] A última semana da campanha

Mário A. Florentino

Na última semana, os vários partidos jogaram as suas cartadas. Tivemos um PS aos ziguezagues, a inverter a anterior estratégia de apelar à maioria absoluta, e a dizer agora que quer negociar com todos. Ao contrário, os vários partidos de centro-direita, embalados pelos bons sinais das sondagens, foram crescendo com o entusiasmo das ruas.

Como reagiu a esquerda a esse crescimento da direita? Reagiram com o “papão” da direita, trazendo para o centro dos discursos o Chega e as maldades que a direita pode fazer no poder, não esquecendo ainda o “papão” de Passos Coelho, sempre ele o culpado de tudo. As figuras mais patéticas neste contexto foram Rosa Mota a chamar “nazizinho” a Rio, Fernando Tordo a ameaçar emigrar de novo, e o ex-primeiro-ministro Sócrates a dar uma entrevista à CNN, entrando na campanha (ainda que esta entrada possa não ter favorecido o PS). Além disso, lá apareceram mais uns quantos manifestos e abaixo assinados das elites culturais, aflitas com a possibilidade da esquerda perder o poder. O que será do país, se esses malfeitores da direita chegarem ao poder? Que medo… É curioso, como 48 anos após o 25 de Abril, este “papão” da direita ainda existe no debate democrático. Para quando alguma maturidade democrática da nossa esquerda? Pelo menos em 2022 ainda não a tivemos. 

A realidade, no entanto, é que o povo não tem medo. Ao contrário do que se dizia há uns anos, vejo que os jovens entre 20 e 30 anos estão interessados na vida política, em particular nestas eleições, e parece-me claro que querem uma mudança. Não querem continuar na estagnação em que vivemos há mais de 20 anos, que os empurra para fora do país. Em geral, emigram para países com modelos económico mais liberais, onde o seu trabalho e o mérito são recompensados com justiça.

Creio que os portugueses não vão perder esta oportunidade de escolher a mudança. Escolher um modelo de sociedade diferente daquele que tivemos nas últimas 2 ou 3 décadas, e que permita oferecer um futuro melhor para as novas gerações. Se a solução governativa dos últimos 6 anos não foi capaz de criar esse futuro, nem apresentou soluções novas durante a campanha (Costa chegou ao cúmulo de mostrar o orçamento chumbado como a sua solução para o futuro), então só resta uma solução: um novo governo baseado nas forças de direita e centro-direita, que consiga avançar com reformas mobilizadoras, que libertem a sociedade da asfixia do Estado e dos seus impostos.

Votem.  

Fica BEM 👍

Rui Rio. Por incrível que pareça, Rui Rio fez quase tudo bem nesta campanha. Durante 4 anos de oposição não deu "uma para a caixa", cometeu erros básicos, raramente acertou nas intervenções públicas, e muitas vezes se demitiu do seu papel de líder da oposição. Agora, nesta campanha, esteve bem nos debates, bem nas entrevistas, bem na rua, nos comentários, e até no sentido de humor... Parece estar mesmo com a estrelinha da sorte a seu favor.  

Fica MAL 👎

António Costa. Sem chama, cansado, arrastou-se pela campanha como uma “barata tonta”, dizendo agora (claramente amedrontado pela hipótese de perder, que nunca imaginara possível) o contrário do que tinha dito no início da campanha. Antes não queria negociar com ninguém, agora quer com todos. Antes excluía o bloco central, agora já aceita falar com o PSD. Já não pede a maioria absoluta e, em desespero, promete mundos e fundos, exagerando na demagogia e na mentira. Veremos como lhe corre a noite de dia 30.

Título e Texto: Mário A. Florentino, Benfica, 28 de janeiro de 2022 

Anteriores: 
As eleições de janeiro de 2022 – ponto de situação 
Professor Rebelo comenta os debates 
Resumo do ano de 2021: Vacinas. Testes. Cabrita. 
Professor Rebelo comenta Presidente Marcelo 
A Hora dos Liberais 

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