Espaço vai abrigar biblioteca, salão de exposições e um bistrô abertos ao público
Um dos ícones arquitetônicos do Centro do Rio teve as obras de revitalização concluídas e está prestes a receber um centro cultural. O antigo Convento do Carmo, localizado na Praça XV, irá abrigar uma biblioteca, salão de exposições e um bistrô. O espaço também contará com salas de aula da Escola Superior de Advocacia Pública (Esap) e Centro de Estudos Jurídicos (Cejur). Conforme informou o Jornal O Dia.
Depois de vários anos de
descaso e abandono, o prédio, construído em 1620, foi alvo de uma batalha e
acabou sendo retomado pelo Estado, através da PGE, em 2011. O órgão ficou
responsável pela reforma, que custou cerca de 30 milhões. Segundo a PGE, o
investimento foi inteiramente financiado com recursos próprios da PGE, sem
comprometer nenhum centavo do orçamento do Poder Executivo.
O prédio é um dos símbolos da
chegada ao Brasil de D. João VI e sua mãe, a rainha de Portugal, D. Maria I. O
Príncipe Regente foi morar no Paço Imperial e sua mãe ocupou o Convento do
Carmo, onde permaneceu até sua morte em 1816. A circulação da família real por
estes espaços era feita por passadiços, que mais tarde foram demolidos, que
ligavam o Convento ao Paço Imperial e à capela real, antiga Catedral da Sé.
O prédio do Convento do Carmo
é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
desde 1964. Por isso, o projeto de reforma buscou adaptar a construção secular
ao uso contemporâneo, mas, ao mesmo tempo, manter e preservar o estilo original
da arquitetura da época de sua construção e restaurar os vestígios da passagem
da família real portuguesa pelo Rio.
“O principal foco do projeto foi a restauração de esquadrias, pisos, forros, cantarias e pinturas, assim como a recuperação da identidade arquitetônica do prédio, que sofreu grandes modificações ao longo do tempo. Esse desafio veio junto com o objetivo de permitir um novo uso da edificação, trazendo novas soluções de acessibilidade, conforto ambiental, acústico e de instalações prediais, que possibilitaram agregar um projeto contemporâneo sem perder de vista as características históricas do prédio“, explica Patrícia Gullo, gerente de Arquitetura, Projetos e Obras da PGE.
No andar térreo do prédio de três andares, a obra reavivou os arcos que enfeitam seus grandes salões, que tiveram suas estruturas de tijolinhos expostas com a remoção da argamassa que encobria sua originalidade. No primeiro andar, onde estão os aposentos que serviram à D. Maria I, o piso com tábuas de pinho de riga trazidos em navios da Europa foi completamente restaurado. Assim como a cor das paredes e as pinturas que adornam o ambiente, além do forro do teto.
Ainda no primeiro andar, a
parede com vigas de madeira entrelaçadas e pedras lembra a preocupação com os
abalos sísmicos que devastaram Lisboa em 1755. Ao lado dessa lembrança trágica,
a reforma também descortinou uma delicada pintura na parede que imita uma
divisória em madeira, uma técnica artística conhecida como Trompe l’oeil
(engana o olho, em francês), que cria uma ilusão de ótica e transforma a figura
em três dimensões. No mesmo andar, o visitante também vai encontrar paredes que
foram erguidas com pedras coladas com óleo de baleia.
Achados arqueológicos
As escavações feitas no prédio
para a instalação de novos sistemas de água e esgoto desenterraram dezenas de
tesouros arqueológicos que marcam a passagem da família real portuguesa pelo
local. São louças francesas e inglesas, garrafas de vinho, talheres de prata,
moedas, pentes, cachimbos e muitos fragmentos de cerâmica.
Os itens arqueológicos vão ser
reunidos e organizados para uma exposição no próprio Convento ainda este ano,
mostrando esses tesouros encontrados durante as escavações que revelam os mais
diversos objetos usados no dia a dia pela família real portuguesa durante sua
passagem pelo Rio de Janeiro.
Título e Texto: Redação,
Diário do Rio, 29-1-2022
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