Presidente participou de entrevista no YouTube e disse entender que a relação com o Legislativo poderia ter sido melhor
Durante quase três horas de transmissão, o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou neste sábado, 13, de live no Cara a Tapa, canal de YouTube do jornalista Rica Perrone. A entrevista manteve mais de 400 mil pessoas conectadas simultaneamente na maior parte da transmissão.
Pouco depois do programa, a
transmissão já superava a marca de 1 milhão de visualizações, em números em
atualização. Enquanto isso, também na manhã deste sábado, Lula
(PT) participou de live no YouTube com baixa adesão de público,
em contradição com o desempenho alcançado pela entrevista de Bolsonaro.
No começo da semana, Bolsonaro
havia participado de entrevista ao vivo no Flow Podcast, também por
meio do YouTube, em vídeo atualmente com mais de 13 milhões de visualizações.
Reflexão sobre o mandato
Já na parte final do programa,
Bolsonaro foi questionado por Rica Perrone a respeito de eventuais erros de seu
mandato na Presidência, a partir de 2019. O presidente então fez uma revisão do
governo, destacando que a relação com o Legislativo poderia ter sido melhor.
“Tivemos o imprevisto da
pandemia, da seca, da guerra lá fora. Logicamente, tudo pode ser melhorado. Não
vejo erro. Os ministros foram muito técnicos, com experiência quase zero na
política. A negociação com o parlamento poderia ter sido melhor, apesar de eu
ter sido deputado. Quem é muito técnico não entende de política, e político não
entende de técnica. Mas já melhorou bastante. Botei o Ciro (Nogueira) para
ministro-chefe da Casa Civil, melhorou bastante a conversa com o parlamento.
Tem dado conta do recado. O erro foi talvez não ter uma pitada política em um
ou outro ministério”, analisou.
Bolsonaro também discorreu brevemente sobre a saída do ex-juiz Sergio Moro do governo, em 2020, em razão de impasse sobre suposta interferência presidencial no comando da Polícia Federal. O presidente afirmou que não sentiu proximidade com o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública durante a relação em Brasília.
“É muito importante o ministro
tomar uma tubaína comigo. Quando eu botei o Moro na Justiça, ele cuidava da vida
dele e mais nada. Não ia levar alguma confidência. Eu não tive isso com o
Moro”, declarou.
Sobre a “carta para a
democracia”
Na entrevista deste sábado,
Bolsonaro também fez comentários sobre a leitura da “carta pela democracia” na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
na última quinta-feira 11, em evento marcado por manifestações pró-Lula (PT).
Apesar de não mencionar
Bolsonaro, a papelada defende as urnas eletrônicas, fala em “risco às
instituições” e tece elogios aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O
documento foi assinado por petistas, tucanos, banqueiros, juristas e
integrantes da classe artística.
“Me acusam de ficar
programando golpe. Alguém me viu conspirando com generais por aí?”, comentou
Bolsonaro na entrevista deste sábado. “A esquerda tentou várias vezes tomar o
poder no país.”
O presidente ainda ressaltou a
teórica contradição de signatários da carta simpáticos a governos com
características ditatoriais.
“Você não nega o apoio da
esquerda por ditaduras pelo mundo todo. O cara assina uma carta à democracia,
mas sempre foi amigo Chávez, Maduro, Fidel Castro, Evo Morales, Mujica,
Bachelet, Kim Jong-Un”, criticou.
Título e Texto: Redação,
Revista Oeste, 13-8-2022, 15h30
Rica Perrone vs Jair Bolsonaro, 13 de agosto de 2022
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