Aparecido Raimundo de Souza
Em um rápido escorço, o “joio” é uma erva daninha que não dá fruto. Seu
objetivo padrão é estragar o terreno sufocando a boa semente do “trigo”
assoalhado, e pior, fazendo com que toda a lavoura dessa plantação tão útil à
mesa do ser humano se perca em meio a um roçado pernicioso não permitindo, ao
agricultor, alcançar o objetivo esperado, qual seja, o da boa colheita. Em
política, o “joio” se caracteriza e se direciona ao cidadão vagabundo, ao
crápula. Em outras palavras, ao pilantra e corrupto, ao calhorda e ao
dissimulado.
Lado paralelo, aquele Distinto de boa índole e de princípios probos e
decentes -, o Honrado que realmente deseja fazer algo em prol da massa que o
elegeu para algum cargo público, seria o “trigo”. Infelizmente, por falta de
conhecimento e visão do que é certo e errado, o Proletariado se deixa ser
levado por falsas promessas e conjecturas, sonhos e desejos mirabolantes,
carreando, final das contas, para dentro de sua casa, não um pacote do saboroso
“trigo” puro. Ao oposto, adquiri um saco de merda em pó, o que redunda na
mesmíssima coisa que trocar no mercado do bairro, dinheiro limpo por um mero
envoltório de cocaína adulterada.
O Zé Bafo da Mente de Ameba, em hipótese alguma, não atinaria com uma boa garrafa de vinho ou com um litro de suco regado a adoçante e água de privada à semelhança de bebida fina. No mesmo fio, o Beto da Bunda Suja desconhece a luz. Ama a escuridão, adora a negridão das trevas. Gosta de viver enfurnado no buraco, a cabeça metida até o pescoço, como a avestruz. O abissal o atrai como às moscas às coisas doces e as abelhas às flores perfumadas. O deslumbramento da ablepsia alimenta a sua alma. O escuro mental faz do seu dia a dia a ponte para o alcanço do outro lado da margem, mesmo tendo conhecimento que poderá cair como um camundongo numa enorme ratoeira.
Para os medíocres e fracos, os imperitos e levianos, as artimanhas
parecem se multiplicar a olhos vistos. E se centuplicam. Os boçais, por
exemplo, têm verdadeira adoração pelos urubus travestidos de homens sérios,
notadamente aqueles ocupantes de cargos distintos numa “corte falida” que jura,
de pés juntos, respeitar um calhamaço de artigos batizados como constituição.
Os palermas (variante de boçais) fazem qualquer coisa, se submetem aos ápices
dos apartados, desde que os copos dos venenos disfarçados de excelentes
overdoses não lhes sejam afastados das bocas escancaradas e cheias de dentes
apodrecidos. Assim acontece com o vinho.
Provar de uma boa marca de vinho num excelente banquete, para os
abestalhados, ou a (outra variante de boçais), não faz diferença. Tem mais
valor um gole de água destilada comprada na birosca do careca com a fuça de
deus sem coroa e sem as benesses do Olimpo, notadamente quando o safardana
pinta no pedaço repletado por um bando de “leões de chácara”. Igualmente no espaço
onde o filho da puta pensa e age como se rei fosse. No tocante ao aqui
mencionado, uma parte elástica da sociedade, ou (a banda honesta) está puta da
vida com a situação que o País atravessa. E cá entre nós, não é por menos.
A outra fileira (a quermesse das “Marias vai com as outras”), adora
incondicionalmente os embusteiros. Ama de paixão e carteirinha os velhacos de
risos fáceis e falas de bichas espavoridas. Essas criaturas sem Deus e sem
pátria, são capazes de soltar os fundilhos de seus “orifícios cagadores”,
quando se deparam com os Magnatas impecáveis, mormente os Mandarins de rostos
maquiados por médicos especialistas diplomados em cirurgias complexas e uma
bolsa de produtos importados que apregoam prodígios inacreditáveis. Portentos
passageiros, à auxílio do inverossímil, claro. Assim como o Poder, a Fama, o
Status, as Cadeiras macias para sentarem os seus cus e as pregas imundas.
Deveríamos ter em conta que não importa a nossa condição social.
Cagamos e mijamos, arrotamos e enfiamos os dedos no nariz, como todos os
mortais. Somos provisórios. Os Engravatados e os Mandachuvas, exauríveis, os
Caciques e Caudilhos de canetas afiadas, para determinarem favores em troca de
quem lhes paga mais, esgotáveis, finitos e perituros. Temos necessidades prementes
de vivermos com essa realidade. Somos pó. Viemos do barro. Fomos formamos da
matéria espúria da terra ruim. Por assim, sejam os patifes que vendem as
respectivas mães em troca de votos, nascidos em Caetés ou vindos de
Pindamonhangaba, dos cafundós das Três Lagoas ou Pernambuco, não importa.
Quando os baderneiros baterem as botas, daqui não levarão nada. Nem as botas.
Os caixões, por sua vez, não têm gavetas, não dispõem de Internet. Tudo por
aqui (para nós e para eles), é transitório, vazio e passageiro.
A luxúria dos Impolutos pode durar por um tempo, todavia, amanhã, os
ilustres Pomposos, os altaneiros Sabichões, os áureos Maiorais, os manés
Moradores de ruas, poderão estar duros e podres, fedendo a excrementos, a
carniças, mais até que os cadáveres ambulantes das Cracolândias espalhadas
“brazzzzil” e mundo afora. Apesar do quadro desolador, os Toleirões, os amigos
deles, os “Toninhos Desmilinguidos”, não tomam juízo, nem tenência. Preferem
viver as suas vidinhas puxando os colhões e as pirocas dos Prestigiados que
seguem a todo vapor com suas carinhas de meninos educados, santinhos travessos
do pau oco, inventando e propagando, aos quatro cantos, promessas e proezas que
nem o diabo teria coragem de alardear para ganhar almas.
Os vulgachos, ou aqueles viventes das periferias, são iguais a um
amontoado de corpos em adiantado estado de putrefação. Por conta, fedem, exalam
um cheiro forte e pegajoso. Em contrário, o andar na retidão, ter a cabeça
erguida, o olhar além das aparências, lhe tiram o que deveria ser aproveitável.
As gentalhas e os pulhas, os choldras e quadrilheiros gostam de chafurdar no
lamaçal, assim como os porcos do chiqueiro brazzzzilia (que meia dúzia de
paridos prematuramente) cognominaram rotular de “berço das grandes decisões
nacionais”. O “berço” foi para a casa do caralho e “as grandes decisões
nacionais”, rumaram, de mala e cuia, para a puta que as pariu.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, de Vila Velha no
Espírito Santo, 17-9-2022
Quando as águas do nosso rio interior viram mar?
Fósforo queimado
Simplesmente a imensidão de estar aqui
Sobrevivência
Pela originalidade...
A amiga que se contenta com um simples toque de dedos
Tudo aconteceu no silêncio de um instante
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