Aparecido Raimundo de Souza
O povo sofrido padecia em filas quilométricas, enquanto as equipes reduzidas dos deuses da saúde se desdobravam incansáveis. Eles, altissonantes e homéricos faziam praticamente milagres ao tempo em que buscavam realizar o possível dentro de um impossível imensurável para atenderem aos milhares e milhões de pobres e necessitados, carentes e desprovidos. Descobrimos que faltavam materiais para atender a todos. Sem falarmos nos bancos de sangue, nos insumos, nas maquinas quebradas, nos leitos entregues às moscas e baratas. A saúde, ou o que restou dela, a bem da verdade nua e crua, está capenga, manca e aleijada. Mesmo sentido, tropeça, se desvirtua amarrada, algemada a um infindável rol de protocolos de meia dúzia de babacas que mostra a fuça em nome do inoperante Ministério da Saúde. Ou mais especificamente do “Mistério da des-saúde”. Na prática, toda essa galera de ladrões dos nossos bolsos, parasitas e flibusteiros deveria estar diante de um pelotão de fuzilamento.
O brazzzzzzil faz tempo, está morto. Seu cadáver se consome em adiantado estado de decomposição. A cada dia que passa se esquarteja em vias expostas, ou dito de forma mais precisa, fede, a bom feder, no meio de uma multidão de filhos da puta à espera que lhe arranje uma sepultura decente para ser enterrado com dignidade. Não temos presente, tampouco futuro em nenhum seguimento, notadamente na área falida da famigerada saúde. A saúde pública está carente e precisada de gente, de criaturas especializadas para conter a demanda, hercúlea, enquanto as unidades conhecidas como PA’s, UPA’s e outras merdas e bostas de nomes engraçadinhos, mergulharam definitivamente de cabeça num mar de águas procelosas.
O mais cômico, prezadas senhoras e
queridos senhores: ainda tem gente “pela ai” à fora, completamente
imbecilizada. Indivíduos sem visão de futuro, que acreditam numa nação séria.
Séria e honesta. Séria e honesta?! Tudo por aqui está mais para “céria” e
“onesta.” Enquanto a caravana se dirige ao Castelo da Dinamarca, vamos rir
caros brasileiros. Vamos arreganhar os dentes enquanto não nos amordaçam as
bocas escancaradas de obturações apodrecidas. Em verdade, pelo quadro sistêmico
que vimos de perto, é só o que nos resta fazer. Gargalhar, gargalhar,
gargalhar... e pedir à Deus que não tomemos, em nossos respectivos traseiros,
umas boas e degradantes canetadas.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo Freitas, no Rio de Janeiro. 5-8-2023
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