quinta-feira, 3 de agosto de 2023

[Daqui e Dali] Lá fora já se usa!...

Humberto Pinho da Silva

Quando os elétricos circulavam na cidade do Porto, havia constantes reclamações, dizia-se: que além de serem barulhentos, os carris rompiam os pneus dos automóveis.

Resolveu-se, então, modernizar a cidade. Os velhos e rancheiros elétricos foram substituídos pelos tróleis. Eram bonitos, cómodos e silenciosos.

Todos quiseram experimentar a novidade. Começou-se, porém, a sentir-se saudade dos velhinhos elétricos: os tróleis eram silenciosos, pareciam gatos. Eram por isso perigosos, podiam causar fatais atropelamentos.

Então, disseram: os que circulam na cidade são os mais modernos e os melhores da Europa. Iguais aos de Viena de Áustria.

A murmuração cessou. Se eram iguais aos de Viena, eram bons.

Mas rapidamente se verificou que os tróleis, tinham muitos lugares sentados, mas poucos de pé. Pensou-se aumentar os de pé.

Onda de protestos se levantou. Mas logo se acalmou, quando afirmaram ser iguais aos de Londres.

Se na capital britânica, os ingleses, viajavam nessas modernas viaturas, o zé-povinho, pensou: se lá fora se usa, concordamos e aprovamos.

Vem a lengalenga a propósito da bacoquice nacional, de concordar com tudo que se faz e se usa lá fora.

Os responsáveis, sabedores desse fenómeno psicológico, usam-no sempre que lhes interessa impor conceito ou prática: lá fora já se faz.… e se faz, cá dentro também se deve fazer...

Desconheço se o mesmo acontece noutros países. No Brasil aprecia-se tudo que é de fora. O que é importado é bom. Será por ser país irmão ou filho de Portugal?

O curioso é que lá fora já se usa muitas coisas benéficas, e não se copia nem se ventilam.

Escuso-me de as citar, já que são assaz conhecidas. Apenas duas vou mencionar: Por que não se aproxima os salários e pensões dos países mais adiantados da Europa?

Por que não se copia o que melhor se faz lá fora? E só se discute: o aborto, gestação de substituição, vulgo “barrigas de aluguer”, eutanásia e drogas leves?... E casos e casinhos, para entreter, como faziam em Roma, com os gladiadores?

Por que será?

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, julho de 2023

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14 comentários:

  1. Eu AMEI Porto - Portugal ... com trem elétrico ou troler ou à pé ... Amor é Amor e fica no coração.❤

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    1. Eu também e tenho saudade dos velhos elétricos que iam para a Foz, e da velha cidade .
      Hoje cheia de turistas e hotéis. A cidade da minha infância,
      desapareceu.
      Humberto Pinho da Silva

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    2. Em 1966, 1967, eu pegava um elétrico na Praça da Liberdade, que ia até ao Castelo de Queijo, pela Avenida da Boavista (?), onde eu ia à praia... não me lembro do nome...

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  2. Em 1976 morei 15 meses em LISBOA no famoso hotel Roma e Alvalade. O metro ara apena um "U" e por vezes es

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  3. continuando....
    Esquecia que para ir até Fátima tinha que ser nos dois vagões dianteiros.
    Voei com o comte Comerlato e o copiloto Pires naquele ano e meio.

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    1. Em dezembro de 1979, cheguei para um baseamento de dois anos. E sim, voei com o Comte. Comerlato...

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    2. fátima era uma estação intermediária na época 1976...

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    3. Não conheço Lisboa, menos ainda a rede do metrô... já encaminhei a quem a conhece muito bem, pergunta sobre a existência dessa estação - do metrô de Lisboa.
      "Fátima é uma cidade no centro de Portugal que alberga o Santuário de Fátima, um local de peregrinação católica."...

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    4. Não existe no metrô de Lisboa a estação "Fátima".

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    5. Peço desculpas mas não lembro foi em 1976, estou na fase do crachá, sem ele não lembro que são. Vejo o saite do falecidos e alguns pelos nomes não lembro quem eram.

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    6. Sim, deve ter sido. Ele ficou muito tempo baseado em Lisboa...

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