sexta-feira, 27 de outubro de 2023

A maioria dos bandidos está na favela

Conclusão absolutamente óbvia e que não deve ser encarada como preconceito, e nem como sendo culpa da população pobre que vive nessas comunidades. Porém, lugar de bandido é na cadeia e para isso têm que haver sim operações nestas localidades


Quintino Gomes Freire

Sempre que se fala de algum crime, alguma barbárie, ou quando tem uma ação policial em alguma favela, vem aquela voz irritante de sempre e diz: OS VERDADEIROS CRIMINOSOS MORAM NA VIEIRA SOUTO! Pode até ser que quem lucre mais com o narcotráfico, com o tráfico de armas, com a milícia e os jogos de azar more em mansões e coberturas nos melhores endereços. Mas isso não afasta o fato que, assim como os muito ricos são menos de 1% a população, eles estão na mesma proporção dos criminosos.

Os 6 bandidos que no início da semana, na gíria, esculacharam um idoso no Centro do Rio, não moram em uma cobertura de Ipanema. São conhecidos pelos comerciantes da região, já assaltaram a vários na mesma área e foram soltos no mesmo dia. Todo mundo que trabalha por ali conhece os vagabundos; vivem pela rua Gonçalves Dias e se especializaram em assaltar entre a Rio Branco e a Uruguaiana (que virou terra de ninguém). Pelo que levantaram são moradores do Parque União, na Maré, por trás deles não havia nenhum megaempresário do crime, são apenas pessoinhas malignas que chutaram alguém que tinha idade para ser seu avô.

Vagabundos famosos, que riem da cara da polícia porque entram e saem da delegacia como quem toma cafezinho num bar e pra piorar roubam outro pra vender na plaquinha de COMPRO OURO do camelô mais próximo e roubam celular pra vender ali no camelódromo. Fica tudo em casa. É que nem o cracudo que rouba parte de monumento no Largo de São Francisco pra vender nos ferros velhos ilegais da Senador Pompeu ou da Gamboa.

O fato de o problema ser recorrente naquela região do Centro mais tomada pelos vendedores ambulantes e pelas lojas vazias, só piora a inação da nossa Polícia. Mas o que podem fazer? O Judiciário soltará, “falta provas”, ou “são pobres oprimidos”, dizem os juízes nas audiências de custódia. Vulneráveis somos nós. Talvez agora com tanta câmera tendo registrado o ato em flagrante, eles sejam devidamente encarcerados? Há quem duvide. Por isso apoiei tanto quando instalamos o monitoramento total pela startup Gabriel do nosso Arco do Teles, primeira rua inteiramente monitorada no Centro. Mas flagrá-los não muda a raiz do problema, que está sim, na favela e na forma que são criados lá.

O Poder Público ainda insiste que a favela é um programa habitacional, que para lá são empurrados os indesejados, e quem critica a favela – verdadeiro câncer no tecido urbano – é tratado como higienista. Imagine a dificuldade de uma família ensinar bons valores a um filho que vê um colega indo para o crime e conquistando bens materiais? Ou de ensinar boas maneiras a crianças que desde pequenas são criadas ouvindo coisa bem pior do que o absurdo “cavalo taradão” da escola municipal? Um trabalho a mais para quem já passa boa parte de seu dia dedicado ao trabalho, ao trânsito e ao serviço doméstico.

Por alguma razão o imaginário de parte dos cariocas trata a favela como uma local idílico, um grande e especial polo de cultura, e o traficante – o criminoso que oprime justamente aquela comunidade – como um Robin Hood. Na verdade, ele geralmente é apenas um sanguinário bandido analfabeto, invejoso e revoltado, cuja ideia de cultura é colecionar tênis coloridos, joias de mau gosto, e montar um palacete de porcelanato e vidro verde que será seu mundinho até morrer aos 30 e poucos anos dando lugar a outro facínora semelhante (que provavelmente vai matá-lo). A verdade é que a maioria é de psicopatas que não se importariam em botar fogo na cidade se lhes mandassem, como de fato aconteceu no último dia 23/10. E eles fazem isso com gosto, sacrificando justamente o povo pobre, pois o tal cara da Vieira Souto nem viu a fumaça dos 35 ônibus queimados.

Precisamos tratar o assunto a sério e saber que 95% dos bandidos perigosos estão nessas comunidades. Por conta de toda essa leniência com esses bandidos, a favela se expandiu para o asfalto, com barricadas em ruas que outrora tinham grande movimento até comercial. Bairros como Parada de Lucas e Cordovil viraram extensão de suas favelas, tornando boas ruas industriais e comerciais como a Bulhões Macial (outrora famosa por suas lojas e galpões) núcleo duro de facções criminosas que agora chegam a misturar crime com religião. As favelas precisam sim sofrer todas as operações policiais necessárias a reprimir a bandidagem, prisões tem de ser feitas (quem não se entregar tem mesmo que levar bala) e, mais, quando realizadas a contento, que os bandidos sejam mantidos presos e não soltos por um Judiciário cada vez mais leniente, impulsionado por um legislativo onde só se ouve falar na inútil pauta identitária e que assim se tornou cúmplice da criminalidade violenta. Oprimidos somos nós, a sociedade.

Título e Texto: Quintino Gomes Freire, Diário do Rio, 27-10-2023

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