Henrique Pereira dos Santos
Há mais de quinze anos que o Hamas, depois
de ter ganho umas eleições legislativas num ano e feito um golpe de Estado no
seguinte, governa Gaza
Após o ataque de 7 de outubro,
Israel impôs um cerco à faixa de Gaza, até que os reféns capturados pelo Hamas
sejam libertados (esta última parte, a relação entre o cerco e a exigência de
libertação dos reféns é, de maneira geral, omitida).
Na linguagem dos que reclamam
"Liberdade para a Palestina", embora sejam menos taxativos quanto à
"Liberdade para os palestinos", "Israel violou a lei quando
cortou o fornecimento de eletricidade, água, combustíveis e comida na faixa de
Gaza".
Esquecendo a evidente contradição entre alegar que Gaza é a maior prisão a céu aberto de todo o mundo (mesmo que fosse uma prisão a céu aberto, é com certeza bem mais pequena que outras prisões conhecidas, como a Coreia do Norte, só para dar um exemplo incontestável) e alegar que Israel tem sido responsável por abastecer Gaza de água, eletricidade, combustível e comida, vale a pena olhar para cada um desses fatores e perguntar o que fez o Hamas nos seus mais de quinze anos de poder absoluto e repressivo em Gaza, para resolver essas questões.
Gaza é um dos maiores destinos
de ajuda internacional, recebendo milhões de euros todos os anos, e o que fez o
Hamas para a tornar autónoma de Israel no que toca a energia? Investiu em
energias renováveis? Cobriu de painéis fotovoltaicos os telhados e as zonas
menos produtivas? Investiu em energia eólica? Não, optou por criar uma
infraestrutura militar para destruir o Estado de Israel.
O que fez o Hamas para tornar
Gaza autónoma do ponto de vista do fornecimento de água? Investiu em centrais
de dessalinização, copiando a tecnologia dos seus vizinhos israelitas? Investiu
na eficiência dos sistemas de abastecimento? Investiu em grandes depósitos de
armazenamento de água por baixo das grandes cidades? Investiu na reciclagem dos
efluentes urbanos? Não, optou por desviar tubagem dos sistemas de abastecimento
e efluentes para utilizações militares, fazendo lança rockets com eles e,
assim, destruir o Estado de Israel.
O que fez o Hamas e o seu
governo para tornar Gaza autónoma do ponto de vista de combustível? Investiu em
infraestruturas de abastecimento, incluindo pipelines controlados
internacionalmente, e independentes de Israel (para além do já referido a
propósito da eletricidade no ponto acima)? Não, preferiu fazer uma rede de
túneis militares para destruir o Estado de Israel.
O que fez o Hamas para tornar
Gaza menos dependente de Israel do ponto de vista do abastecimento alimentar?
Investiu fortemente no regadio, associado ou não a centrais de dessalinização,
aproveitamento da água das chuvas, reciclagem de efluentes etc.? Investiu
fortemente em economia circular que permitisse reaproveitar resíduos urbanos
como fertilizante? Não, investiu numa extensa rede de operacionais focados na
guerra contra o Estado de Israel.
Bom, mas agora não é isso que
está em causa, mas uma ordem de evacuação que prejudica os civis inocentes e
não poupa hospitais e escolas.
O que fez o Hamas para dar
segurança aos civis de Gaza? Sinalizou e localizou claramente as
infraestruturas civis, como hospitais e escolas, permitindo inspeções
internacionais independentes que garantissem que em caso algum eram usadas como
máscara de instalações militares? Segregou a sua infraestrutura militar para
evitar danos colaterais nas populações civis? Não, nada disso, pelo contrário,
mesmo em escolas de organizações das nações unidas instalou infraestruturas
militares para proteger o seu projeto de destruir o Estado de Israel, mesmo que
à custa da segurança da população civil. E, não contente com isto, quando
Israel emite um aviso de evacuação de civis para deixar a descoberto a
infraestrutura militar do Hamas, o Hamas prefere opor-se, não apenas
aconselhando as pessoas a trocar a sua segurança pela segurança dos
operacionais do Hamas, mas pela força, bloqueando e fazendo explodir os
caminhos de evacuação cuja segurança Israel prometeu respeitar.
Há mais de quinze anos que o
Hamas governa Gaza, sentado em cima de biliões de dólares de ajuda
internacional, só que em vez de se concentrar na liberdade e prosperidade dos
palestinos, focou-se na sua particular noção de "Liberdade para a
Palestina", que não inclui um átomo de liberdade para os palestinos.
Título e Texto: Henrique
Pereira dos Santos, Corta-fitas,
16-10-2023
O Hamas está a usar armas americanas provenientes do Afeganistão e da Ucrânia
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