A poesia de Cecília Meireles é intimista, autobiográfica e autorreflexiva, criando uma relação de proximidade com quem a lê.
Ela trabalha também a
transitoriedade do tempo e reflexões acerca do sentido da vida.
Em Retrato encontramos um
sujeito autocentrado, congelado no tempo e no espaço. É a partir da imagem que
a reflexão é elaborada e são revelados sentimentos de melancolia, saudade e
arrependimento.
Encontramos nos versos pares
opositores: o passado e o presente, o sentimento de outrora e a sensação de
desamparo atual, o aspecto que se tinha e o que se tem. A autora tenta entender
ao longo da escrita como essas transformações se deram e como lidar com elas.
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles, 1939
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