Jeffrey Nyquist
O socialismo pavimenta o caminho para a tomada do poder pelos
criminosos, pois ele avança em conjunto com a desintegração da ordem moral.
Gustave Le Bon, já em 1898, viu onde iríamos parar: “O socialismo
moderno é muito mais um estado mental que uma doutrina”.
No livro Psychology of
Socialism de Gustave Le Bon, há um excepcional aviso contra a experimentação
socialista. “Não devemos nos iludir”, escreveu Le Bon, “como alguns fizeram, a
ponto de permitir que o socialismo mostre sua finalidade para que se prove sua
fraqueza, pois o socialismo imediatamente dará origem ao cesarismo e
prontamente se suprimirá todas as instituições democráticas”. Isso foi
publicado por Le Bon em 1898 e desde então tem sido invariavelmente profético
quando se vê a Revolução Bolchevique na Rússia dezenove anos depois e a
Revolução Nacional Socialista na Alemanha em 1933-34. Quando os princípios
socialistas tomaram o controle na Rússia e na Alemanha, o cesarismo em Lênin,
Stálin e Hitler logo apareceu. A liberdade de expressão logo foi espezinhada
juntamente com os direitos de propriedade. Quando Le Bon escreveu Psychology of
Socialism, a palavra “totalitarismo” não havia sido inventada. Uma palavra bem
mais antiga designava a mesma coisa: era o “cesarismo”.
Foi Caio Júlio César quem
cruzou o Rio Rubicão com suas legiões em 49 a.C. para derrubar a constituição
romana para que pudesse instituir uma ditadura absoluta. “A maior e
praticamente única contribuição de César foi a destruição da república” disse
John Dickinson no livro Death of a Republic. “Na apatia dos eleitores [...]
César viu uma oportunidade para introduzir um novo método [...] Era o método da
desordem: as brigas de rua e intimidações levadas a cabo por bandidos. Era mais
barato que o suborno [...] Eleitores que poderiam ser induzidos a votar apenas
mediante suborno, por outro lado também poderiam ser forçados a ficar em casa
caso corressem sérios riscos de danos físicos ou até risco de perder a vida;
Deste modo, o corpo de votantes pôde ser reduzido aos poucos que votariam da
maneira que o líder da bandidagem desejasse”.
Não foi acidental o fato de
que os bolcheviques e nazistas também tenham contado com criminosos e gangues.
A emersão de forças similares aqui nos Estados Unidos deveria servir também
como aviso. Uma vez inseridos certos elementos no cerne da sociedade, deixa de
ser possível o retorno à liberdade. Uma vez que se permitir que os criminosos
intimidem a sociedade, é quando se aceitou ser acorrentado; e essas correntes
não são fáceis de remover. Daí em diante todos estão subjugados pelo poder do
crime organizado – ou qualquer nome que se chame isso, mesmo que eles usem
slogans nobres. O sistema de mercado atual, assim como o sistema republicano
desde os primórdios, dependem dos conceitos de lei e ordem e das instituições
fundadas segundo esses princípios. Mas agora nós temos algo diferente.
Quando um demagogo declara que
um empresário ou comerciante trabalhando legalmente é um ladrão, há aí um
corolário nessa afirmação; nomeadamente diz-se aí que os ladrões e criminosos
são os libertadores. Tão logo o bandido de rua é glorificado, o respeitável
empresário ou comerciante é vilipendiado. “Tão logo nos adentramos um pouco no
mecanismo das civilizações”, escreveu Le Bon, “logo descobrimos que uma
sociedade com suas instituições, crenças e artes representam um tecido de
ideias, sentimentos, costumes e modos de pensar [...] é essa coesão que
constitui sua força”. Substitua sentimentos morais por sentimentos imorais e o
que se consegue? Substitua empresários e comerciantes por criminosos e o quê se
construiu? O que se alcança é um Estado criminoso – como a Alemanha Nazista ou
a Rússia Soviética. Pode se chamar isso de liberdade, democracia ou socialismo,
mas o que se tem é o gangsterismo; ou em outras palavras, o cesarismo.
Como manter a criminalidade
distante? Como se opor ao cesarismo? A liberdade depende da intensidade das
nossas convicções morais, assim como o livre mercado. “Nenhuma sociedade se
mantém firmemente unida a menos que sua herança moral esteja firmemente
estabelecida não em códigos, mas na natureza dos homens”, escreveu Le Bon, “ [a
sociedade] decai quando ela se fragmenta; e quando sua herança moral é
finalmente desintegrada, a sociedade está fadada a desaparecer...” E o que é
mais perturbador na nossa sociedade contemporânea? A derrocada moral está
demasiadamente evidente em meio a uma epidemia de trapaças, roubos e mentiras.
Seria necessário nos dar ao trabalho de dar esses exemplos?
Tampouco o crescente desuso de
sólidos princípios pode se considerar como insignificante. Sem dúvida fomos
tomados por uma corrupção generalizada das ideias. Por conta dessa corrupção
perdemos nosso senso de certo e errado, amizade e inimizade. Parece que não
podemos mais distinguir um criminoso de um patriota, um inimigo de um parceiro.
Quanto mais se sobe na academia, governo ou mídia, maior fica o ego, mais
perturbado fica o intelecto e mais atenuado fica o amor pelo país. Alguns meses
atrás, um oficial da inteligência aposentado que voltava para a América após
anos de trabalho no exterior, escreveu o triste comentário: “Morando no
estrangeiro desde 1984, posso honestamente dizer que esse não é o mesmo país”.
A erosão do caráter romano,
escreveu Dickinson, foi uma das “causas fundamentais da instabilidade da
república...”. E a erosão do caráter americano está sujeito a produzir um
resultado similar nos dias de hoje. A liberdade e o livre mercado podem ser
sustentados apenas por uma forte moral. Quando a moralidade desaparece, o que
toma o seu lugar deve ser definitivamente imoral (seja qual for a roupagem,
mesmo que seja algo que venha em nome da defesa dos “pobres”). Logicamente, o
socialismo pavimenta o caminho para a tomada do poder pelos criminosos, pois
ele avança em conjunto com a desintegração da ordem moral. É como Patrick
Buchanan observou: “Os Estados Unidos sofreram uma revolução cultural, moral e
religiosa [...] Enquanto os conservadores venceram a Guerra Fria contra o
comunismo político e econômico, nós perdemos a guerra cultural para o marxismo
[...] que é agora a cultura dominante”. (Veja o documentário Cultural Marxism:
The Corruption of America.) (Vídeo abaixo)
A contradição na observação de
Buchanan é óbvia. A Guerra Fria não foi vencida no final das contas e o sistema
de livre mercado dificilmente pode ser considerado vitorioso. Ele foi
flanqueado por um ataque em suas bases culturais. Assim que cumprido, uma
erosão generalizada do sistema econômico e político é consequência certa. Junto
do colapso da moralidade vem o colapso do discernimento. Hoje em dia não há uma
solidez de julgamento nas classes dirigentes que consiga sustentar o sistema de
mercado por mais uma década. Até mesmo Gustave Le Bon, já em 1898, viu onde
iríamos parar: “O socialismo moderno é muito mais um estado mental que uma
doutrina”. Segundo ele, “O que torna o socialismo tão ameaçador é [...] suas já
instauradas mudanças de grande porte causadas na mente das classes dirigentes.
A burguesia moderna não está mais certa dos seus direitos. Ou sequer estão
certos de qualquer coisa. Eles dão atenção a tudo e tremem diante do mais
deplorável falaz”.
Apesar do “deplorável falaz”
de Le Bon, as revoluções advêm de cima, e não de baixo. Raramente são as massas
que insurgem; são as classes dirigentes que adotam novas ideias – ou perdem a
fé nas antigas. Essa crise de fé, esse colapso de moralidade e senso comum, é
algo absolutamente real. Não devemos ter ilusões de que uma futura guinada em
direção ao socialismo será algo temporário. Na verdade, ele promete deixar tudo
mais inteligível (NT.: No sentido de mostrar seus verdadeiros objetivos). “O
corpo social é um organismo delicado”, escreveu Le Bon, “que deveria ser tocado
o mínimo possível”. Hoje em dia, é claro, o corpo social tem sido molestado em
todas as partes. E assim nós esperamos a vinda de César.
Título e Texto: Jeffrey Nyquist, publicado no Financial Sense.
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