quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A pedagogia dos assassinos

José Mendonça da Cruz
Exige inteligência e cuidado (pode até parecer quase insuportável) esse requisito fundamental da liberdade, da livre opinião e expressão. Hoje, mais uma vez, ele foi atacado por assassinos do Islão, guardiões de um totalitarismo medularmente avesso à «blasfémia» ocidental, defensor da univocidade, de um unanimismo absolutista e marginalizador.

O abate de jornalistas e desenhadores da revista Charlie Hebdo (valentes, mas também eles generosos com a fé de Maomé, como se constata pela capa ao lado, em que o próprio se queixa de ser amado por canalhas) é um aviso: calem-se, ou morrem!; não pensem, ou morrem!; não critiquem, ou morrem!; neguem tudo o que vos é querido e por que lutaram durante séculos, ou morrem!; verguem-se, ou morrem!; rendam-se, ou morrem! sejam bárbaros, atrasados, medievais, ou morrem! escolham a mais abjecta cobardia, ou morrem!

A pusilanimidade do costume que pretenda dizer-nos que os homicídios de Paris nada têm a ver com o Islão terá, portanto, que lidar primeiro com esta objecção: os assassinos de Paris calam, efectivamente, em nome do medo e do Islão. São, portanto, a sua vanguarda. Hoje, eu amo a Charlie Hebdo, a sua coragem, a sua liberdade; amo até a sua grosseria, o seu desenho gráfico demais, o gosto duvidoso dos seus arrebatamentos. Chapeau, bravos e livres ocidentais! 
Título e Texto: José Mendonça da Cruz, Corta-fitas, 7-1-2015

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