Tavares Moreira
O título deste post condensa o
pensamento, divulgado em artigo de opinião na edição do Financial Times da
última quarta-feira, de autoria do reputado economista Francesco Giavazzi, professor
em Bocconi e também no MIT, acerca do dilema suscitado pelas infindáveis negociações
entre a Grécia e seus credores internacionais…
… dilema que se resume em
poucas palavras: os gregos (ou, para ser mais exacto, os seus dirigentes),
dizem pretender manter-se no Euro mas, ao mesmo tempo, reclamam um grau de
autonomia na fixação das suas políticas que, sendo muito interessante numa
perspectiva puramente doméstica, é todavia incompatível com as obrigações
mínimas de permanência.
E, ao mesmo tempo que procuram
brandir, até ao limite do absurdo, a ameaça dos presumíveis riscos sistémicos
decorrentes de um eventual default no serviço da sua dívida pública (cada vez
mais provável), para ver se os credores cedem nas suas posições, aos dirigentes
gregos ainda sobra tempo para dar lições ao mundo…
… ainda hoje o PM grego, num
arrebatamento genial, afirmou que “o seu governo carrega às costas não só a
dignidade de um povo mas também as esperanças dos europeus…” e, ainda, “Não
temos o direito de enterrar a democracia europeia no lugar onde ela nasceu”…
Sobre tão bombásticas
proclamações, limito-me a recordar o velho adágio “Presunção e água-benta, cada
qual toma a que quer…”.
Para pôr termo a este
agonizante processo negocial entre políticos gregos e credores da Grécia que,
ao fim de mais de quatro meses só não está na estaca zero porque está ainda
mais atrás, devido à enorme desconfiança que entretanto se acumulou, F.
Giavazzi aponta uma solução que se afigura bastante lógica:
Deixem a Grécia seguir o
caminho das suas opções, não lhes imponham medidas que eles afirmam, de todo,
rejeitar… com uma condição apenas: não lhes emprestem mais dinheiro pois,
quanto mais emprestarem, maior será o grau de incumprimento.
Deixem pois os políticos gregos
fazer o que consideram ser a sua missão histórica - levar o seu país para um
nível de empobrecimento sem precedentes desde a adesão ao projecto europeu -
governando-se com os recursos que conseguirem gerar, ao mesmo tempo que
saboreiam o prazer quase luxurioso de entrar em incumprimento nas suas dívidas
aos maléficos credores internacionais…
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