Felipe Pontes
O presidente da Bolívia, Evo Morales,
anunciou hoje (10), em um pronunciamento transmitido a partir da cidade de
Cochabamba, sua renúncia ao cargo, em meio à escalada dos protestos que se
seguiram à eleição de 20 de outubro no país.
Ao lado de Morales, o vice-presidente
Alvaro García Linera também anunciou que deixa seu posto.
“Queremos preservar a vida dos
bolivianos”, disse Morales no pronunciamento. Ele disse que decidiu deixar o cargo
“para que não continuem maltratando parentes de líderes sindicais, prejudicando
a gente mais humilde. Estou renunciando e lamento muito esse golpe”.
Imagens de TV mostraram oposicionistas
comemorando nas ruas de La Paz. A pressão sobre Morales aumentou depois que o
comandante das Forças Armadas bolivianas, William Kaiman, sugeriu, na tarde
deste domingo, que Morales renunciasse para permitir a “pacificação e a
manutenção da estabilidade, pelo bem da nossa Bolívia”.
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Imagem: Reuters/DR |
Mais cedo, Morales havia anunciado a
realização de novas eleições e a substituição dos integrantes do Tribunal
Superior Eleitoral boliviano, mas não conseguiu melhorar os ânimos dos
adversários. Na ocasião, ele disse que sua “principal missão é proteger a vida,
preservar a paz, a justiça social e a unidade de toda a comunidade boliviana”.
O anúncio da nova eleição foi feito
depois de a Organização dos Estados Americanos (OEA) ter divulgado um
informe sobre uma auditoria do processo eleitoral, em que o órgão recomendou a
realização de um novo pleito.
Antes da renúncia de Morales, a
imprensa boliviana noticiou a realização neste domingo de diversos
ataques a residências, incluindo casas de familiares de Morales, e a prédios
públicos. No Twitter, o ainda presidente havia denunciado que “fascistas”
tinham incendiado a casa dos governadores de Chuquisaca y Oruro, e também de
sua irmã, Esther Morales, em Oruro. Emissoras de rádio e TV estatais, como a
Bolívia TV, foram alvo de protestos.
Depois que manifestantes atacaram a
sua casa, o presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, também renunciou
ao cargo neste domingo.
Eleição polêmica
As eleições presidenciais bolivianas
ocorreram em 20 de outubro. Morales obteve 47,07% dos votos, enquanto seu
principal concorrente, Carlos Mesa, alcançou a 36,51%. Pelas regras eleitorais
bolivianas, Morales foi declarado eleito, por ter obtido mais de 10%
de votos além de Mesa.
A apuração dos votos, no entanto, foi
acompanhada por polêmica, com acusações de ambos os lados. Uma missão de
observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou problemas como a
falta de segurança no armazenamento das urnas e a suspensão da apuração.
Diante da polêmica, Morales e líderes
oposicionistas sugeriram que a Organização dos Estados Americanos (OEA)
auditasse o resultado das eleições – e Morales convidou países como Colômbia,
Argentina, Brasil e Estados Unidos a participarem do processo. Desde então,
os protestos populares se acirraram, com oposicionistas
chegando a estabelecer um prazo para que Morales deixasse o cargo.
Título e Texto: Felipe Pontes (Com
informações da agência de notícias Télam); Edição: Bruna Saniele – Agência Brasil, 10-11-2019, 19h41
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