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Imagem: AD |
Paulo Erbisti
Você ainda acredita em Papai
Noel? Se a resposta é sim, é provável que você não saiba de onde vem a água que
sai das torneiras nem como se acende a lâmpada do quarto quando você aperta o
interruptor. Se a resposta é sim, é provável que você também acredite que a
solução definitiva do problema de energia de um grande país em desenvolvimento
passa por alternativas como a energia eólica, a energia solar, a energia...
bem, acabaram as soluções.
Pergunte a um dos artistas da
Globo que falam contra Belo Monte se ele mora no Leblon ou embaixo de uma
turbina eólica. Como ele mora na zona sul do Rio, certamente não saberá que
essas turbinas são altamente prejudiciais à saúde dos habitantes e que as vacas
deixam de produzir leite por causa do ruído de baixa freqüência emitido pela
turbina. Muito menos, que os pequenos granjeiros europeus não mais permitem que
turbinas eólicas sejam instaladas em suas terras por causa desses problemas.
Ainda por esse motivo, as turbinas eólicas são predominantemente instaladas no
mar, próximo à costa, ou em terra, em lugares absolutamente desertos.
A maior turbina eólica já
fabricada tem capacidade em torno de 5 MW. A usina de Itaipu tem uma capacidade
instalada de 12.000MW, equivalente a 2.400 das maiores eólicas já fabricadas.
Belo Monte terá uma capacidade de 11.300 MW, equivalente a 2.250 das maiores
eólicas. Onde implantar isso? Na cabeça dos índios ou nas fazendas? Alguém
sugere algo?
OK, tentemos então substituir
as turbinas hidráulicas de Belo Monte por painéis de energia solar. Alguém que
saiba o custo do kwh da eletricidade produzida por painéis solares poderia me
orientar? Uma grande dúvida me assalta a respeito disso: se a solução solar
parece-me tão boa e não poluente, por que até hoje não decolou em nenhum país
do mundo, a não ser como isoladas experiências científicas de pequeno porte?
Os índios, ah, os índios,
sempre inocentes e pobre-coitados! Logo eles, que estão dando ao mundo exemplos
de eficiência no gerenciamento de suas terras, como na reserva Raposa do Sol,
impedindo a entrada dos homens brancos, exceto madeireiros, garimpeiros,
religiosos e participantes de ONG’s dominadas por estrangeiros. Os “globais”
dizem que índios não participaram do processo de análise do projeto de Belo
Monte, o que se trata de uma deslavada mentira – consultem os sites do projeto
e procurem pelos tristes detalhes da reunião em que os índios se retiraram pois
um grupo de “brancos” presentes impedia com apitos e apupos o correto andamento
da exposição dos detalhes do empreendimento.
Os índios e os ambientalistas
de ocasião dizem que o rio Xingu vai secar na região da grande curva. O que
eles não dizem e não sabem é que a barragem vai regularizar a vazão do rio,
principalmente na região da grande curva, permitindo que passe eternamente por
ali uma vazão correspondente à vazão média definida pela Mãe Natureza ao longo
da existência da Terra. Com isso, deixarão de ocorrer naquela região as
enchentes que destroem as plantações dos índios e invadem suas casas. Não
parece uma coisa boa?
Um dos especialistas que
aparecem no vídeo mostra como um absurdo o fato de que a usina só operará
durante alguns meses por ano, e isso é a mais pura verdade. Ora, essa gente se
espanta porque não fez o dever de casa corretamente – basta analisar o regime
hidrológico do rio para saber que a Mãe Natureza estabeleceu a milhares de anos
que o rio Xingu teria seis meses de cheias e seis meses de vazante. Como
modificar isso? Por decreto ou por uma ação social através do Twitter ou do
Facebook? Ora, os projetistas de Belo Monte levaram essa característica
hidrológica em consideração ao dimensionar a usina e chegaram à conclusão de a
obra seria viável. O empreendimento se comprovou rentável, caso contrário os
empresários e o governo não colocariam um único centavo no negócio, não é
verdade?
No mesmo vídeo, outros
“iluminados” perguntam quem vai pagar pela construção de Belo Monte. A resposta
é simples, cara pálida: todos nós, nem poderia ser diferente. Até onde sei, não
há almoço grátis no “mundo aqui fora”. Toda e qualquer obra e/ou grande programa
de ação social levado a efeito em um país é sempre pago pelo povo – vejam os
exemplos de Itaipu (pagamos até hoje, inclusive pelos paraguaios...), a
construção de Brasília, a CPMF, a ponte Rio-Niterói, os metrôs brasileiros, os
programas oficiais do governo (bolsas famílias e similares), etc, etc.
Essas ações de combate às
usinas hidrelétricas costumam ser chamadas de “celebrities diplomacy”, com
bastante propriedade. Os artistas que tentam comandar essas ações ganham grande
espaço na mídia – vide a presença constante no Brasil do famoso diretor John
Cameron, responsável por filmes importantes como Titanic e Avatar. Isso também
nos faz lembrar as várias visitas ao nosso país do cantor Sting, em suas
performances ao lado dos índios. Não tenha dúvida, amigo, isso faz parte do
jogo. Todos querem tirar proveito de uma situação, embora nada entendam do
assunto.
Com respeito a isso, queria
propor um pacto a esses artistas que desconhecem como funciona a área de
produção e transmissão de energia elétrica em nosso país: parar de dar
palpites. Eu, como engenheiro mecânico não me pronuncio mais sobre qualquer
assunto de TV, teatro ou cinema. Em compensação, eles param de falar besteiras
sobre energia elétrica. Chega de amadorismo. Creio que é uma proposição justa.
Título e Texto: Paulo Erbisti,
08-12-2011
Colaboração: Diogo CW
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