Nas últimas semanas
assistimos a críticas violentas às reformas da troika: lei laboral, Educação,
Saúde, Arrendamento, Justiça, etc. A ideia é clara: bloquear as mudanças.
Nas últimas semanas assistimos
a críticas violentas às reformas da troika: lei laboral, Educação, Saúde,
Arrendamento, Justiça, etc. A ideia é clara: bloquear as mudanças. Já se
percebeu que este movimento anti-reforma vem dos grupos que mais têm a perder com
as mudanças. Mas avancemos um pouco no raciocínio. Quando ouvimos Carvalho da Silva e João Proença vociferar
contra as alterações à lei laboral, Mário Nogueira gritar contra a reforma
educativa, dirigentes partidários (PSD incluído) recusarem a reforma das
autarquias; Mário Soares criticando a redução do peso do Estado (classificando de
neoliberal puro um país com défice orçamental de 7,5%...!) a tentação é
perguntar: será que não têm razão?
Não, não têm. Basta fazer uma
pergunta: qual a política dos últimos 35 anos? Socialismo, puro ou numa versão
mitigada (com PSD e CDS no poder). É um absurdo? Parece. Ora veja: a actual lei
das rendas mudou pouco desde os anos 70; a orientação da política Educativa é
quase igual; a lei laboral é a mesma; a concertação social é igual; a protecção
no desemprego é praticamente a mesma, o SNS e a Justiça nem
falar.
Mas há outro exercício que
ajuda a tirar isto a limpo: desde 1977 a despesa do Estado disparou. Naquele
ano pesava 28% no PIB, em 1995 chegou a 37% e em 2010 foi de 51,3%. Ou seja, os
governos dos últimos 54 anos comungaram do mesmo ideal: a engorda do Estado
(por aqui se vê que Soares não tem razão).
É por isso que a retórica
anti-reformista impressiona pela negativa. Não mexer naquelas áreas é deixar
tudo na mesma; é contribuir para o empobrecimento do país. Não é melhor dar o
benefício da dúvida às reformas da troika?
Título e Texto: Camilo Lourenço, Jornal de Negócios, 12-01-2012
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