quarta-feira, 8 de agosto de 2012

"Debates"

Debate entre os candidatos à prefeitura do RIo, 03-8-2012, na Band. Foto: Globo
Peter Wilm Rosenfeld
Para que servem os “debates” que algumas estações de televisão promovem entre os candidatos em eleições majoritárias?
Certamente não para permitir que os eleitores formem um juízo sobre esses candidatos!
Pelo menos, esses “debates” a que vimos assistindo a cada eleição, em que todos são reunidos em uma sala, tendo um ou dois minutos para responder a uma pergunta que lhe é feita por outro candidato em um ou dois minutos, não cumprem função alguma.
Em meu entender, sequer servem como veículo de promoção dos candidatos.
Vejamos: o candidato “a” tem um ou dois minutos para formular uma pergunta ao candidato “b”, escolhido por ele candidato ou pela produção do programa; o candidato escolhido tem um ou dois minutos para responder. Conforme o regulamento, o candidato que fez a pergunta tem meio minuto para comentar a resposta; e etc., etc., etc.
Quando se passa a outros dois candidatos, o tema já pode ser um assunto radicalmente diferente do primeiro e assim por diante.
Qualquer um sabe que um debate com mais de dois debatedores não serve para propósito algum!
Perdão, serve de propósito para que as emissoras de televisão (principalmente elas, pois as emissoras de rádio não se prestam muito para isso) façam seu carnaval fora da época própria, montando cenários modernos ou futuristas (na maioria das vezes, porém, ridículos), estabelecendo as também ridículas regras de “um minuto para a pergunta e meio minuto para a resposta, mais meio minuto para a réplica e quinze segundos para a tréplica, e assim por diante.
Como cada debatedor que pergunta pode escolher o tema sobre o qual perguntará, o debate não serve para rigorosamente nada exceto, como já disse, para promover a emissora.
Há vezes em que o tiro sai pela culatra e nenhum dos candidatos se satisfaz, tanto por seu próprio desempenho como pelo resultado daquele esforço.
E, pergunto, onde reside ou qual é o mal disso?
Reside em que não temos uma democracia e com essa maneira de atuar jamais teremos uma!
Apontem-me um país, um único, que consiga funcionar com 30 partidos (eu disse “trinta” partidos)!
Dirão logo “ora, nos Estados Unidos há bem mais do que os dois que se revezam no poder”. Certamente que há, mas não têm qualquer expressão; e como não recebem dinheiro do governo, acabam sendo ignorados exceto por meia dúzia de fanáticos.
Idem na Inglaterra, com a diferença que lá, hoje, são três os partidos, o terceiro (liberal) ora se juntando aos conservadores e ora ao trabalhista.
Nota: O partido (Labour) é Trabalhista, e não Dos Trabalhadores. Há uma grande diferença entre um e outro!
Em todos os países verdadeiramente civilizados a democracia prescinde de 20 ou mais partidos; existe com, no máximo, meia dúzia.
E em nenhum deles existe um Fundo Partidário, que é dinheiro do governo (logo, nosso), distribuído gratuitamente aos partidos. Daí resultam as organizações do “eu sozinho” ou quase, e ai começam todas as falcatruas que levam a “mensalões” e similares.
Nos países democratas de verdade, então, pode haver debates entre os dois candidatos (às vezes três), cada um podendo expor suas ideias com vagar e de forma completa. Ninguém tem apenas trinta segundos para perguntar ou para responder!
Há, dirão os nossos políticos, mas e os demais partidos (que sempre os há, como já mencionei?) Ora, como são absoluta e totalmente desprezíveis em importância (e geralmente também em ideias...), são ignorados!
E, dirão, isso se chama democracia?
Respondo: isso não só se chama democracia, como o é de verdade.
O Brasil tem um arremedo, e muito pobre (e, por isso, também ficou podre...) de democracia; a “Constituição Cidadã”, do Dep. Ulisses Guimarães, é um monstrengo cujos muitos defeitos ainda não são totalmente conhecidos mesmo depois de 24 anos de sua promulgação!
Basta dizer que, em muitos artigos, foi estabelecido que seriam “regulamentados”! Não o foram até hoje!
Outro exemplo: Em 24 anos, a Constituição Brasileira já sofreu mais de 50 emendas. A Constituição dos EUA, que tem apenas alguns poucos artigos (cerca de 20), promulgada em 1787, portanto há 225 anos, sofreu algo como 30 emendas...
Será o Brasil um País sério?
Para terminar, voltando ao tema deste texto, “DEBATES”, permito-me sugerir, principalmente a nossas emissoras de televisão, para pensarem um pouco melhor sobre o assunto e, se desejarem promover debates, façam-no com a participação dos dois ou três candidatos com reais possibilidades de serem eleitos, dando então tempo a que possam explicitar adequadamente, quais suas ideias e qual seu programa em caso de eleição.
Nesse contexto, valeria a pena propor que:
- O Fundo Partidário seja extinto, com cada partido arrecadando os fundos necessários a seu funcionamento;
- As contribuições voluntárias aos partidos não seriam dedutíveis para efeitos do Imposto de Renda, mas teriam que ser declaradas ao tribunal eleitoral;
- Votar não seria obrigatório.
Sei que misturei um pouco as coisas; algumas nada têm a ver com o tema Debates.
Mas já que estava escrevendo sobre o assunto político, tomei a liberdade de divagar algo.
Devemos ser, antes de tudo, democratas (que muitos não o são, apesar de suas juras...).
Título e Texto:  Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre(RS), 08 de agosto de 2014

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