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Debate entre os candidatos à prefeitura do RIo, 03-8-2012, na Band. Foto: Globo |
Peter Wilm Rosenfeld
Para que servem os “debates” que
algumas estações de televisão promovem entre os candidatos em eleições majoritárias?
Certamente não para permitir
que os eleitores formem um juízo sobre esses candidatos!
Pelo menos, esses “debates” a
que vimos assistindo a cada eleição, em que todos são reunidos em uma sala,
tendo um ou dois minutos para responder a uma pergunta que lhe é feita por
outro candidato em um ou dois minutos, não cumprem função alguma.
Em meu entender, sequer servem
como veículo de promoção dos candidatos.
Vejamos: o candidato “a” tem
um ou dois minutos para formular uma pergunta ao candidato “b”, escolhido por
ele candidato ou pela produção do programa; o candidato escolhido tem um ou
dois minutos para responder. Conforme o regulamento, o candidato que fez a
pergunta tem meio minuto para comentar a resposta; e etc., etc., etc.
Quando se passa a outros dois
candidatos, o tema já pode ser um assunto radicalmente diferente do primeiro e
assim por diante.
Qualquer um sabe que um debate
com mais de dois debatedores não serve para propósito algum!
Perdão, serve de propósito
para que as emissoras de televisão (principalmente elas, pois as emissoras de
rádio não se prestam muito para isso) façam seu carnaval fora da época própria,
montando cenários modernos ou futuristas (na maioria das vezes, porém,
ridículos), estabelecendo as também ridículas regras de “um minuto para a
pergunta e meio minuto para a resposta, mais meio minuto para a réplica e
quinze segundos para a tréplica, e assim por diante.
Como cada debatedor que
pergunta pode escolher o tema sobre o qual perguntará, o debate não serve para
rigorosamente nada exceto, como já disse, para promover a emissora.
Há vezes em que o tiro sai
pela culatra e nenhum dos candidatos se satisfaz, tanto por seu próprio
desempenho como pelo resultado daquele esforço.
E, pergunto, onde reside ou
qual é o mal disso?
Reside em que não temos uma
democracia e com essa maneira de atuar jamais teremos uma!
Apontem-me um país, um único,
que consiga funcionar com 30 partidos (eu disse “trinta” partidos)!
Dirão logo “ora, nos Estados
Unidos há bem mais do que os dois que se revezam no poder”. Certamente que há,
mas não têm qualquer expressão; e como não recebem dinheiro do governo, acabam
sendo ignorados exceto por meia dúzia de fanáticos.
Idem na Inglaterra, com a
diferença que lá, hoje, são três os partidos, o terceiro (liberal) ora se
juntando aos conservadores e ora ao trabalhista.
Nota: O partido (Labour) é
Trabalhista, e não Dos Trabalhadores. Há uma grande diferença entre um e outro!
Em todos os países
verdadeiramente civilizados a democracia prescinde de 20 ou mais partidos;
existe com, no máximo, meia dúzia.
E em nenhum deles existe um
Fundo Partidário, que é dinheiro do governo (logo, nosso), distribuído
gratuitamente aos partidos. Daí resultam as organizações do “eu sozinho” ou
quase, e ai começam todas as falcatruas que levam a “mensalões” e similares.
Nos países democratas de
verdade, então, pode haver debates entre os dois candidatos (às vezes três),
cada um podendo expor suas ideias com vagar e de forma completa. Ninguém tem
apenas trinta segundos para perguntar ou para responder!
Há, dirão os nossos políticos,
mas e os demais partidos (que sempre os há, como já mencionei?) Ora, como são
absoluta e totalmente desprezíveis em importância (e geralmente também em
ideias...), são ignorados!
E, dirão, isso se chama democracia?
Respondo: isso não só se chama
democracia, como o é de verdade.
O Brasil tem um arremedo, e
muito pobre (e, por isso, também ficou podre...) de democracia; a
“Constituição Cidadã”, do Dep. Ulisses Guimarães, é um monstrengo cujos muitos
defeitos ainda não são totalmente conhecidos mesmo depois de 24 anos de sua promulgação!
Basta dizer que, em muitos
artigos, foi estabelecido que seriam “regulamentados”! Não o foram até hoje!
Outro exemplo: Em 24 anos, a
Constituição Brasileira já sofreu mais de 50 emendas. A Constituição dos EUA,
que tem apenas alguns poucos artigos (cerca de 20), promulgada em 1787, portanto
há 225 anos, sofreu algo como 30 emendas...
Será o Brasil um País sério?
Para terminar, voltando ao
tema deste texto, “DEBATES”, permito-me sugerir, principalmente a nossas
emissoras de televisão, para pensarem um pouco melhor sobre o assunto e, se desejarem
promover debates, façam-no com a participação dos dois ou três candidatos com
reais possibilidades de serem eleitos, dando então tempo a que possam
explicitar adequadamente, quais suas ideias e qual seu programa em caso de
eleição.
Nesse contexto, valeria a pena
propor que:
- O Fundo Partidário seja
extinto, com cada partido arrecadando os fundos necessários a seu funcionamento;
- As contribuições voluntárias
aos partidos não seriam dedutíveis para efeitos do Imposto de Renda, mas teriam
que ser declaradas ao tribunal eleitoral;
- Votar não seria obrigatório.
Sei que misturei um pouco as
coisas; algumas nada têm a ver com o tema Debates.
Mas já que estava escrevendo
sobre o assunto político, tomei a liberdade de divagar algo.
Devemos ser, antes de tudo,
democratas (que muitos não o são, apesar de suas juras...).
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre(RS), 08 de agosto de 2014
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