segunda-feira, 12 de maio de 2014

M a m ã e

João Sobreira Rocha
Hoje, acordei mais cedo, mamãe
pois um frio extenso se debruçou sobre o meu corpo magro
e olhando o teto branco do meu quarto, senti, como antigamente
pingos e respingos sobre a cama, de uma goteira ausente
que me lembrou você, sobre nossas redes,
preocupada em velar o sono de quem ainda precisava de afagos...

As telhas do nosso casarão na rua São Pedro, falavam entre pingos
do seu amor materno. Cuidados de uma mãe exemplar.
Diziam da sua labuta diária,sem cansaços ou reclamações
e depositavam na gente uma confiança sem medidas,
algo que nos marcou a vida inteira.

Agora, sob o túmulo e poucas rosas amareladas pelo tempo,
sinto a sua ausência caracterizada pela leve chuva de verão
e busco em imagens remotas
a sua fé destemida, sua coragem e sua luta por dias melhores.
- Mamãe querida,
revolve a terra que lhe cobre o coração e voa em espírito
para o largo salão verde do Congresso Nacional. Eu quero vê-la!

Preciso confidenciar rumores que de lá partem
contra um grupo de pessoas que nos são caras
e que estão sofrendo muito. Lembra-se da Varig, mamãe?

Pois é. Estamos todos nós com os dias contados pelo governo
e uma senhora, ignorando nossa dor,
desfila ilusões futebolísticas de um país sonhador
e assassina nossas esperanças minguadas de sobrevivência...

Ô mãe, faz um apelo aí
e derrama sobre nós a sua fé! Marca uma audiência com Ruben Berta
e com o nosso advogado Castagna Maia (seus vizinhos),
pois já é tarde demais para amanhã!
Título e Texto: João Sobreira Rocha, aposentado Varig-Aerus, Goiânia, 11-05-2014

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