1. Em evidente contraste com a vozearia oca que somos obrigados a
suportar em Portugal, diariamente e até à saciedade – à qual, para espanto meu,
é reconhecido estatuto de iluminação pública das nossas pobres mentes -
insistindo na irreversibilidade da crise e na necessidade de mais e mais
despesa do Estado como se estivesse aí a solução dos problemas por que temos
passado em vez da sua causa (!!!)...
2. ...a Irlanda segue em frente, prescindindo do contributo desse
sistema de iluminação pública e sem fazer ruído, tendo registado no 1º
trimestre de 2014 um desempenho económico notável: um crescimento do PIB de
2,7% em cadeia e de 5,1% em termos homólogos.
3. Esse desempenho ficou a dever-se ao forte crescimento das
exportações, que registaram neste período uma variação de + 7,2%, ao mesmo
tempo que as importações registaram abrandamento.
4. No tocante às contas públicas, a informação disponível mostra
que a Irlanda será capaz de cumprir o objectivo para o défice no corrente ano,
que consiste em não exceder 4,8% do PIB (foi de 7,2% em 2013, convém recordar)
– mas escusado será dizer que para esta previsão conta, e bastante, o
desempenho da economia superior ao esperado.
5. Não surpreende, pois, que a taxa de juro implícita na cotação da
dívida pública irlandesa ao prazo de 10 anos se situe actualmente em cerca de
2,36%, ou seja 120 pontos base (pb) abaixo da taxa equivalente para a dívida
portuguesa, cerca de 50 pb abaixo da dívida italiana e 30 pb abaixo da dívida
espanhola...
6. ...e que na Irlanda a pós-Troika tenha sido encarado com toda a
tranquilidade, sem necessidade, como cá sucedeu, de dezenas de altas
individualidades virem a terreiro emitir o seu veredicto a propósito de tal
transição, não poucas ou quase todas recomendando, solenemente, o famoso
Programa Cautelar (quem ainda se recorda?).
7. E, que eu saiba, não surgiu na Irlanda nenhum movimento de altas
notabilidades, que entre nós deu que falar, recomendando uma operação de
reestruturação da dívida pública com a qual todos teríamos muito a ganhar,
obviamente, com juros bem mais altos e enorme dificuldade em aceder aos mercados!
8. Que contraste!
Título e Texto: Tavares Moreira, “4R
– Quarta República”, 03-07-2014
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