Miguel Lourenço Pereira
Vencer na Luz tornou-se praticamente uma obrigação. Um empate – como sucedeu em 2015 – dará sempre alguma esperança correndo o risco de prolongar a agonia desnecessariamente. Quem viu o jogo em Setúbal percebe perfeitamente o que nos espera. O Benfica vai somar todos os pontos que necessite, da forma que seja necessária e contra quem seja necessária. Os que pensam que Alvalade pode provocar uma hecatombe é não conhecer nem o Sporting, nem o estado atual quase esquizofrénico naquele balneário e a história recente de ambos duelos. A isso há ainda que somar que viajar ao Funchal e a Guimarães, duas deslocações altamente complicadas onde não vai haver jokers e ajudas extras. Isso faz do jogo da Luz o santo gral da temporada.
Ironicamente este FC Porto
está muito mais formatado para vencer na Luz do que propriamente para triunfar
nos campos em que tropeçou. O modelo de Conceição necessita de espaço e na Luz
haverá bastante espaço. Se o jogo da primeira volta deu pistas (e eram tanto
outro Porto, muito mais dinâmico, e outro Benfica, muito menos em forma) é que
o Porto de Conceição sabe os pontos a explorar e sabe como lá chegar. O
problema, no caso da Luz, não será tanto o modelo de jogo como noutros casos,
mas sim de mentalidade e condição física.
O último mês deixou claro que
houve um claro abaixamento físico do plantel. Por um lado, as lesões – um recorde
de lesões musculares que há que explorar a fundo à posteriori com quem de
direito – quebraram o ritmo competitivo de muitos jogadores que estavam em
forma, sobretudo no caso de Soares e Aboubakar. Por outro a sobre-exploração de
futebolistas como Brahimi acaba por ter consequências e contar com o melhor
jogador do plantel num estado de forma em que está era previsível desde há
vários meses. Brahimi, historicamente, é um jogador que se apaga nos últimos
meses do ano, mas com este modelo de pressão alta e maior verticalidade o
desgaste é superior e o resultado está à vista.
Num plantel efetivamente curto houve pouca margem para fazer gestão, mas não é menos certo que em muitos jogos resolvidos Brahimi foi um jogador raramente poupado cedo. Partindo ainda para mais do princípio que Oliver não conta e Otávio além das lesões é um jogador de altos e baixos, é difícil imaginar que a criatividade venha de outro lado no terreno de jogo. E com Brahimi assim é de esperar, sobretudo, menos criação e mais verticalidade. E essa verticalidade podia ser até uma boa opção não fosse o caso de que o Porto tem provavelmente o avançado que mais oportunidades necessita para anotar (Aboubakar) e um jogador, Soares, que teve dois meses bons de competição em sete. Na ausência previsível de Marega e o hábito de Conceição de procurar um Marega II, a verticalidade vai procurar explorar o plano de sempre com caras novas.
Num plantel efetivamente curto houve pouca margem para fazer gestão, mas não é menos certo que em muitos jogos resolvidos Brahimi foi um jogador raramente poupado cedo. Partindo ainda para mais do princípio que Oliver não conta e Otávio além das lesões é um jogador de altos e baixos, é difícil imaginar que a criatividade venha de outro lado no terreno de jogo. E com Brahimi assim é de esperar, sobretudo, menos criação e mais verticalidade. E essa verticalidade podia ser até uma boa opção não fosse o caso de que o Porto tem provavelmente o avançado que mais oportunidades necessita para anotar (Aboubakar) e um jogador, Soares, que teve dois meses bons de competição em sete. Na ausência previsível de Marega e o hábito de Conceição de procurar um Marega II, a verticalidade vai procurar explorar o plano de sempre com caras novas.
Ricardo é o candidato
principal a extremo direito (a ausência de Corona e o facto de Hernani não ser
um futebolista profissional, ajuda) com Maxi a ocupar a posição de lateral. O
modelo já foi testado vezes suficientes para entender que é algo que o técnico
não vê com mais olhos, procurando um jogo mais interior de Brahimi na
associação com Oliveira e Herrera, deixando a Telles todo o corredor. O
problema é que neste estado de forma atual, integrar a Herrera e Oliveira a
responsabilidade absoluta do meio-campo é um convite ao desastre. Herrera, que
tem sido fundamental em 2018, tem perdido influência no jogo porque o estado de
forma, físico e anímico, atual de Oliveira o obriga constantemente a realizar
correções em campo.
Danilo fará mais falta do que nunca e face esse cenário, podia ponderar-se uma mudança de esquema, uma aposta no 4-3-3 com Reyes como pivô defensivo (ou Oliver a reforçar o miolo) que garantisse controlo e menos vertigem. Tendo em conta a mentalidade de Conceição, a dinâmica atual e a necessidade de ganhar sim ou sim é complicado antecipar que o técnico vai mudar agora. Morrer com as botas postas e o esquema preferencial na cabeça do treinador faz todo o sentido e no final será provavelmente o resultado a ditar a razão das escolhas de Conceição.
Danilo fará mais falta do que nunca e face esse cenário, podia ponderar-se uma mudança de esquema, uma aposta no 4-3-3 com Reyes como pivô defensivo (ou Oliver a reforçar o miolo) que garantisse controlo e menos vertigem. Tendo em conta a mentalidade de Conceição, a dinâmica atual e a necessidade de ganhar sim ou sim é complicado antecipar que o técnico vai mudar agora. Morrer com as botas postas e o esquema preferencial na cabeça do treinador faz todo o sentido e no final será provavelmente o resultado a ditar a razão das escolhas de Conceição.
No entanto, talvez até mais
que o físico, o trabalho fundamental desta semana do técnico com o plantel tem
de ser a nível mental. Chegamos a um ponto onde ficou claro que o Porto, este
Porto, tem um déficit de títulos e vitórias importantes nos últimos quatro anos
e os nervos, a tremedeira de cruzar a ponte, como diria o mestre Pedroto,
faz-se sentir. É um balneário sem referências, com poucos ganhadores com
títulos na sua carreira e nenhum deles com a camisola do clube. Do outro lado
está uma equipa habituada a ganhar em piloto automático (como nós sabemos) mas
em duelos diretos isso habitualmente faz toda a diferença.
No último mês, depois do golpe na mesa que foi a segunda parte contra o Estoril e a vitória contra o Sporting, aos jogadores (e ao treinador) entrou a vertigem, entrou o medo e entrou a insegurança, resultado da falta dessa cultura de vitória. Dessa cultura à Porto alimentada durante tantas décadas. Mais do que o 443, mais do que o estado físico, Conceição terá de recordar todos os seus brilhantes triunfos como jogador e injetar essas memórias, esse à vontade e querer, nos jogadores para subirem ao relvado da Luz sem complexos, sem medos e com a atitude desafiante e determinante que separa os “candidatos a” dos “campeões”. Se esse trabalho não for feito será muito difícil que o resultado seja positivo.
No último mês, depois do golpe na mesa que foi a segunda parte contra o Estoril e a vitória contra o Sporting, aos jogadores (e ao treinador) entrou a vertigem, entrou o medo e entrou a insegurança, resultado da falta dessa cultura de vitória. Dessa cultura à Porto alimentada durante tantas décadas. Mais do que o 443, mais do que o estado físico, Conceição terá de recordar todos os seus brilhantes triunfos como jogador e injetar essas memórias, esse à vontade e querer, nos jogadores para subirem ao relvado da Luz sem complexos, sem medos e com a atitude desafiante e determinante que separa os “candidatos a” dos “campeões”. Se esse trabalho não for feito será muito difícil que o resultado seja positivo.
Depois da Luz, segundo o
resultado, a época fica em suspenso. Portanto nem vale a pena pensar sequer
nisso. Há três pontos para ganhar e só três pontos para ganhar. Três pontos a
ganhar à Porto. Três pontos mentalizados à Porto. Três pontos. Não há mais. Não
há menos. Que venha o apito inicial.
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