sábado, 14 de abril de 2018

Crônica sobre uma crônica sobre o sr. Lula

Alberto Gonçalves

O apogeu da demência foi atingido na lendária “missa” que precedeu a prisão: “Já não sou um ser humano. Sou uma ideia.”, proclamou. É deste material que se fazem boa parte das calamidades históricas.


O texto de hoje é a história de um falhanço. Por dever profissional, espírito de sacrifício, perversão ou simples contágio, convenci-me de que teria de escrever acerca do sr. Lula, o herói sazonal da esquerda de cá e de lá. E, irresponsavelmente, convenci-me de que teria de saber mais sobre a criatura. Já sabia, como as pessoas que querem saber sabem, que o homem transformou um país pobre, pouco instruído e violento num país pobre, sem qualquer instrução e violentíssimo. E que é um trafulha de nível e um burgesso sem nível nenhum. E que escolhe os amigos internacionais nas melhores ditaduras e organizações terroristas. Mas não estava preparado para o que me atingiu. Ninguém, salvo milhões de brasileiros que o sofreram na pele, estaria.

Nas duas longas madrugadas que dediquei à contemplação de vídeos com intervenções da criatura e das criaturas que a cercam, comecei a rir e acabei em farrapos. Aquilo – o sr. Lula merece o tratamento – é literalmente indescritível. Não me refiro às origens sociais do sujeito, pelo menos não no sentido repugnado com que certos rústicos do Campo Grande se referiam ao apartamento de Pedro Passos Coelho em Massamá. Lincoln nasceu pobre. Louis Armstrong nasceu pobre. Pelo amor de Deus: julgo que o futebolista Quaresma nasceu pobre e, entre duas cuspidelas para o relvado e uma nova tatuagem na nuca, ainda consegue parecer um cavalheiro por contraste com o sr. Lula. Dizer que o sr. Lula é abaixo de cão é o eufemismo do ano: em matéria de inteligência, carácter e lucidez, o sr. Lula encontra-se bastante abaixo do bicho que lhe deu o nome, com ofensa para o bicho. Em suma, o sr. Lula é menos que nada, o que torna redundantes os esforços de avaliação ou mero comentário.

Vale a pena falar da inteligência? Não vale. O sr. Lula exprime-se por grunhidos e algumas sílabas talvez retiradas da língua portuguesa. A custo, consegue perceber-se o orgulho dele ao confessar que não lê, alegadamente por ser preguiçoso, provavelmente por ser incapaz. Não paira ali vestígio de conhecimento, cultura com “m” minúsculo ou sequer a compreensão de duas ou três informações básicas. O que ali abunda é o instinto primordial da manha, e o único ponto abonatório é o pormenor, de resto miraculoso, de a sua sucessora na presidência exibir uma ignorância superior. O sr. Lula e a dona Dilma não cabem no conceito de homo sapiens (nem no de “mulher sapiens”, para citar a senhora): somados, os cérebros de ambos não alcançam a sofisticação de uma sandália.

Vale a pena falar do carácter? Não vale. Temos por exemplo a ocasião em que, às gargalhadas, o sr. Lula lembrou os exageros que, nos anos prévios ao Planalto, espalhava no estrangeiro a propósito da quantidade de crianças famintas no Brasil, cuja realidade ignorava com genuíno desprezo. Ou a ocasião em que, diante das câmaras, descreveu os planos – consumados – para tomar o Estado de assalto. Ou a ocasião, recente, em que se serviu da mulher morta para exaltar a sua pessoa, e em que se serviu dos devotos para exaltar a polícia. Antes de perder os dedos, o sr. Lula perdeu a vergonha.

Vale a pena falar da lucidez? Não vale. Algures no seu deplorável caminho, o sr. Lula desatou a acreditar no “mito” que oportunistas ou doidos varridos garantiam que ele era. Mesmo descontadas as comparações com Jesus Cristo, são incontáveis os momentos registados em que o espécime não se distingue da vítima de possessão média. O apogeu desta curiosa demência foi atingido na lendária “missa” que precedeu a prisão: “Já não sou um ser humano. Sou uma ideia.”, proclamou, agora sem se rir. É deste material que se fazem boa parte das calamidades históricas.

Perante isto, muitos, estupefatos, perguntam o que leva a esquerda, a nossa e a deles, a idolatrar tão monstruoso vazio. Provavelmente, nasceram ontem. O que os estupefatos podiam estranhar era uma esquerda que não venerasse o sr. Lula, o qual, do intelecto às credenciais democráticas, cumpre escrupulosamente os critérios essenciais aos santos que a fé marxista não cessa de consagrar.

Não há engano ou confusão: a esquerda baba-se pelo sr. Lula porque o sr. Lula adequa-se aos apetites hagiográficos da seita e, afinal, porque a seita não se distingue dele. Salvo pelos cinco livrinhos na prateleira e o possível verniz “social”, o camarada padrão padece do primitivismo e da desonestidade, da cegueira e da prepotência que definem o “filho do Brasil”, não por acaso título de um filme de propaganda financiado pelas vias expectáveis. Aliás, em prol do progresso dos povos, a esquerda está habituadíssima a cultivar psicopatas que chacinam pedagogicamente os súbditos. Sob que pretexto se maçaria com um carroceiro que se limitou a roubá-los?

Agora chega. Se não se importam, rebater as opiniões de vultos com o cadastro de Chico Buarque, Boaventura Sousa Santos ou outras figuras do espetáculo é um exercício pateta. Os “argumentos” dessa gente são argumento suficiente: vamos realmente discutir se os horrores da Venezuela ou de Cuba escondem um lado louvável? Vamos realmente levar o sr. Lula a sério? Vamos descer ao chiqueiro de criminosos ou colaboracionistas? Vamos ponderar a importância do comunismo, hoje? É preciso paciência, e a minha esgotou-se há dias, a amanhar uma crônica em volta de um assunto sem assunto. Só por isso, o sr. Lula devia ir preso.


Título e Texto: Alberto Gonçalves, Observador, 14-4-2018

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