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Desde que Francisco subiu ao
pontificado, a atitude dos cardeais e bispos é de uma adulação superlativa,
como se a obediência ao Papa supusesse a subserviência a um suserano absoluto.
Mas, não o é!
Cardeal Robert Sarah. Foto:
Stefano Spaziani
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Assim como a Igreja
pós-conciliar tem apenas um dogma, “o Concílio” (como se não houvesse 20 outros
antes dele), a Igreja bergogliana tem um só dogma, “Francisco”, como se nunca
tivesse existido um único Papa fora ele. Ele é a premissa maior de todos os
raciocínios e um argumento de autoridade que apele para ele se impõe ipso
facto. Não é apenas o abandono da Fé, mas também da razão.
Como mulheres submissas a um
marido tirano, os hierarcas da Igreja Católica se comportam como coroinhas
complacentes, como freiras apavoradas diante de sua Madre superiora. O Papa
ditador se mostra como tal não apenas por seus atos, mas pela atitude geral que
predomina na Igreja: como um tirano, todos têm medo de enfrentá-lo, pois a
polícia que o assiste pode puni-los a qualquer momento. Coisa inédita! Todos os
papas sempre foram criticados justamente pelos que hoje se mostram como zelosos
papistas. Basta lembrar de toda a oposição que sofreu Paulo VI, João Paulo II e
o próprio Bento XVI.
O livro recém-publicado pelo Cardeal Robert Sarah e por um outro sobcensura está explodindo em vendas e já pode se
tornar um best-seller. Há que se agradecer ao Vaticano por toda a propaganda!
Mas não só…
A popularidade de Sarah subiu
justamente porque ele teve a atitude que todos os católicos esperam de algum
cardeal ou bispo: seja homem! Reaja! Mostre de algum modo o absurdo daquilo que
Francisco está fazendo.
Sarah não apenas desmentiu Dom
Gänswein, mas provou o que disse e continua mantendo-se firme e sereno em todos
os desdobramentos que a publicação da obra trouxe para ele. Com a dignidade de
alguém que não quer dividir a Igreja, não teve para com Francisco ou Bento XVI
nenhum ato de rebeldia, mas, sim, de uma resistência eclesiástica que é, em
todos os seus contornos, paradigmática.
Àqueles que pretendem de algum
modo diminuir o gesto do cardeal, imponham-se os fatos. O livro de Sarah causou
mais reboliço que todas as manifestações anteriores e, isto, por um motivo
muito claro: ele fez o que todos deveriam fazer! Ele não recuou, mas agiu como
um homem de Igreja e foi protagonista daquilo que poderíamos definir como enfrentamento
humilde.
Quando Nosso Senhor
desmascarou os fariseus que lhe queriam encurralar com uma pergunta capciosa,
se era obrigatório ou não pagar o imposto a César, Ele não os xingou,
não se rebelou, não criou uma confusão: apenas foi aos fatos e pediu uma moeda.
De um jeito humilde, Cristo flagrou a malícia deles referindo-se aos fatos. E
foi isto que fez o Cardeal Sarah!
Francisco sabe que não o pode
atingir sem ser acusado de racismo, sem flagrar a sua vingança, o seu
totalitarismo. Ao mesmo tempo, o livro de Sarah é irrespondível. Francisco está
desmascarado.
Enquanto os progressistas
estrebucham feito endemoninhados diante da Cruz, o Cardeal Sarah vende milhares
de exemplares em poucas horas e os católicos do mundo dão, assim, a esses
vândalos que querem destruir a sua Igreja, aquela resposta que estava entalada
em suas gargantas.
Agora, resta saber se o único
homem na ativa do colégio cardinalício continuará sendo o Cardeal Sarah
(exceção feita aos cardeais dos dubia, que, ou já morreram, ou não
possuem cargos) ou se outros cardeais se juntarão a ele!
Título e Texto: FratresInUnum.com,
17-1-2020
Não comungo do otimista
declinado no texto. Evidentemente, a atitude do cardeal Sarah é digna de louvor
e aplausos. Contudo, em junho próximo, ele completará 75 anos e apresentará sua
renúncia, que – por óbvio – será aceita. O livro terá uma repercussão efêmera
que conseguirá, na melhor das hipóteses, adiar a publicação da exortação
pós-sinodal, até porque a gigantesca maioria dos católicos está simplesmente
alheia a todo esse imbróglio.
Ademais, pesa o fato de que
Francisco goza – para sua idade – de boa saúde e ainda reinará, salvo morte
repentina, por uns bons anos, de maneira que a esmagadora maioria do colégio
cardinalício terá sido criada por ele. Penso que aqui ninguém ignora que o
pontífice só concede o barrete àqueles que estão completamente afinados com seu
desiderato. Some-se a isso fato dele ser implacável em seu projeto e teremos o
cenário, perfeito para quem o apoia, para a consecução dos seus objetivos.
Digo, por fim, que penso que
só uma intervenção divina para evitar o pior.
Oremos pela Igreja.
Carlos Dias, 17 de
janeiro de 2020, 12h19
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