Conquista de casa e negócio próprios
lideram lista de sonhos
Elaine Patricia Cruz
O brasileiro que vive em
favelas está otimista com a chegada deste ano, segundo a pesquisa Sonho da
Favela 2000, apresentada hoje (2) à Agência Brasil. O levantamento mostrou que
oito em cada dez pessoas que vivem em favelas no país (81% do total de
entrevistados) acreditam que a vida vai melhorar em 2020, sendo que 36%
acredita que a melhoria será significativa. Do total de pessoas entrevistadas,
74% disse estar feliz, atribuindo notas entre 8 e 10 para a sua felicidade.
O otimismo inclui vida
financeira e familiar para oito em cada dez moradores. E 76% acredita em
melhorias na vida profissional também. As expectativas, segundo eles, não
dependerão de governos, mas de esforço próprio: 64% do total de entrevistados
afirmam que a melhoria de vida depende de si mesmo, enquanto apenas 5% deles
atribuem ao governo federal a mudança.
O maior sonho desses moradores
é ter uma casa própria, resposta dada por 21%, seguida por saúde (20%). Ainda
entram na lista a chance de ter um negócio próprio (7%), de conseguir um
emprego (6%) e de ter sucesso profissional (6%). A maior dificuldade para a
realização destes sonhos é a questão financeira: 67% dos entrevistados aponta a
falta de dinheiro como maior problema para a realização de seus sonhos. Apesar
disso, 52% dos entrevistados têm certeza de que vão conquistar o que desejam.
Profissionalmente, o principal
sonho revelado pelos entrevistados foi o de ter um negócio próprio (35%),
seguido por passar em concurso público (12%), conseguir um emprego (10%) e ter
uma profissão (9%).
Comunidade
Em relação à comunidade, o
princial anseio foi a garantia de segurança (30%), seguida por mais
infraestrutura (17%), mais acesso à saúde (12%), mais respeito para os
moradores (12%) e opções de lazer (10%). No entanto, apenas 28% dos
entrevistados acredita que é realmente possível que estes sonhos se realizem.
As pesquisas Sonho da Favela
2000 e Favelas Brasileiras, desenvolvidas pelos institutos Data Favela e
Locomotiva, foram realizadas entre os dias 8 e 18 de dezembro, com 2.006
pessoas em 63 favelas nas cinco regiões do país.
Segundo o levantamento, o
Brasil tem 13,6 milhões de pessoas vivendo em favelas. Nove em cada dez
moradores de favelas do Brasil (89% do total) vivem em regiões metropolitanas.
Se as favelas formassem um estado, elas seriam o quinto estado do Brasil em
termos de população. As regiões Norte e Nordeste do país são as que concentram
o maior percentual de pessoas vivendo nessas condições.
Metade dessas favelas (49% do
total) são chefiadas por mulheres. Em 62% dos lares, a família é composta por
casais com filhos e em 21% dos casos ela é composta por mães solteiras.
Internet
A pesquisa mostrou ainda que
os moradores de favelas no Brasil estão conectados. A grande maioria dos jovens
(97% do total) acessam a internet regularmente. Entre os adultos, o uso de
internet ao menos uma vez por semana atinge 86%.
De acordo com o levantamento,
29% dos moradores de favela estão conseguindo alguma renda por meio de
aplicativos.
Finanças
Apenas dois em cada dez
moradores de favelas do país têm algum tipo de reserva financeira, como
poupança. Nas classes altas, por outro lado, isso alcança 62% das pessoas.
Nas favelas brasileiras
existem 4,1 milhões de pessoas com vontade de empreender. Entre os que
pretendem abrir o próprio negócio, 58% quer fazê-lo dentro da favela.
Jovens
A maior parte dos jovens de
periferias do Brasil estudam em escola pública (94%) e nunca fizeram um curso
de idioma (98%). A maior parte deles também (79%) nunca recebeu qualquer tipo
de qualificação profissional. Eles também têm pouco acesso à cultura: apenas 5%
dos jovens de periferias foi ao cinema no último mês e apenas 4% esteve em um
museu ou a alguma exposição no último ano.
Título e Texto: Elaine
Patricia Cruz; Edição: Carolina Gonçalves – Agência Brasil, 2-1-2020, 12h42
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