quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

PCO > MBL + Novo

Rodrigo Constantino

Hoje fiz o impensável: passei a seguir a página do PCO no Twitter. Sou do tempo em que chamávamos, nós, liberais, o troço de Pão Com Ovo, ironizando a pegada populista do partido comunista raiz, fundado por Rui Pimenta. Mas não resisti: passei a receber muitas postagens do PCO demonstrando... acreditem se quiser, bom senso!

Não descarto o oportunismo como razão, claro. Nada que tenha a foice e o martelo como símbolo vai me atrair de verdade. Mas a postura do PCO tem chamado a atenção e pode ter uma explicação mais prosaica: quem acredita em luta de classes marxista tem mesmo que estar enojado com a "nova esquerda", tem que olhar com desprezo para o que o esquerdismo se transformou.

A política identitária tomou conta das pautas, os pobres ficam em último plano, depois de gays, trans, negros (ricos), mulheres etc. Ou seja, as "minorias" passaram na frente dos pobres trabalhadores, até porque muitos dessas ditas minorias são da elite. Esquerdismo "fofo" virou coisa de universitário entediado e mimizento, que gosta de se vitimizar mesmo desfrutando de ótima qualidade de vida.

O PCO tem usado seu espaço para bater nessa patota, com vontade. Não cai na ladainha de ricaços brancos democratas, que falam em nome das "minorias"; não elogia um bocó que imita focas com o cabelo colorido; reconhece os benefícios da gestão Trump para os mais pobres. O PCO não deixou a aversão a Bolsonaro dominar todas as suas pautas, ao contrário do que aconteceu com tucanos mimados. Eis aqui três exemplos, entre muitos outros, de razoabilidade no PCO, ausente no MBL ou mesmo no Novo, na figura de seu principal fundador João Amoedo:

Diante disso, cheguei a brincar: alguém me manda a ficha de filiação do PCO, por favor? E pensar que eu ajudei o Partido Novo a crescer bem no começo, e que também contribuí para o avanço do MBL. Ambos hoje se mostram oportunistas ao extremo, instrumentos tucanos no jogo de poder.

O MBL derrete, não é capaz de reunir mais cem pessoas nas ruas. Não por acaso alguns começam a debandar. É o caso do vereador Fernando Holiday, que também andou derrapando feio, mas percebeu que permanecer ali seria suicídio político. É fogo no parquinho tucano... mas parece tarde: o vereador também está totalmente queimado perante o público de direita.

Enquanto isso, seus colegas oportunistas, prestando serviço político aos tucanos, insistem em narrativas furadas. É o caso do "mamãe falhei", que perdeu totalmente o rumo, tornando-se um demagogo leviano:

O que dizer do Novo? Sei que Amoedo não fala em nome do partido todo, mas é impossível dissociar a imagem dos dois. E Amoedo lamentavelmente virou um "lacrador" de rede social, nada mais. Até na demagogia dos gastos com leite condensado ele embarcou:

A mídia golpista deu mais uma bola fora, não entende que com essa postura patética ajuda a tornar o presidente alguém "antifrágil". A hashtag #JairCondensadoAte2026 atingiu o topo de tendências, agora com mais de 50k mensagens. Que tiro no pé da imprensa tucana! Mais um...

Amoedo deixou ainda como tweet fixo em sua página o pedido de impeachment ao presidente, algo que tem sido banalizado ao extremo pela esquerda radical:

Essa banalização do impeachment chegou num patamar tão ridículo que Paulo Polzonoff, da Gazeta do Povo, ironizou, alegando que pretende pedir o impeachment por conta do uso de "no tocante" por parte de Bolsonaro.

Muitos antigos apoiadores do MBL e do Novo estão decepcionados, para dizer o mínimo. Agora imagina eu, que colaborei voluntariamente para o crescimento do movimento supostamente liberal e o partido supostamente novo na postura!

Foi o que me disse um amigo liberal hoje: "Se nós aqui embaixo já ficamos enojadíssimos com o que o pessoal do NOVO e do MBL vem fazendo, fico imaginando como você se sente, que esteve junto com eles, confiou, apoiou... Meu deus! É surreal demais ver o que eles estão fazendo, chamando de 'gado' as pessoas que os apoiaram até pouquíssimo tempo".

Pois é! Como me sinto? Com vontade de me filiar ao PCO, qualquer coisa, menos apoiar MBL ou Novo novamente!

Título e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 28-1-2021, 11h07

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