sábado, 23 de janeiro de 2021

Desgoverno: Portugal à deriva

A mentira, a propaganda e a irracionalidade tomaram conta do espaço público. O que cresce não é a economia, mas a pobreza, a ignorância e a desigualdade sustentadas pela bazuca europeia

Henrique Neto


O Presidente da República, o PS, o Governo, o Primeiro-Ministro e a Ministra da Saúde ficarão na história do País com a responsabilidade da morte anunciada de muitos portugueses. Ao escrever isto tenho a plena consciência da minha própria responsabilidade como cidadão e sei por experiência que corro o risco de me chamarem todos os nomes que têm sido usados para insultar os que não obedecem à cartilha da extrema-esquerda que gere as regras do debate público.

A democracia plena sonhada com o 25 de Abril foi morrendo aos poucos pelas mãos dos partidos políticos. É verdade que podemos falar à vontade, sem sermos presos por uma qualquer polícia política, mas não podemos escolher os nossos representantes no Parlamento e somos forçados, pela Constituição e pela lei, a aceitar um governo gigantesco de ‘boys’ sem as condições mínimas para a organização e a gestão do Estado a favor do interesse público. O nosso poder de cidadãos livres e a nossa participação na vida política foi sendo reduzido ao mínimo. A mentira, a propaganda e a irracionalidade tomaram conta do espaço público. O que cresce não é a economia, mas a pobreza, a ignorância e a desigualdade sustentadas pela bazuca europeia.

Depois da primavera dos enganos chegámos ao inverno da verdade. “Depois da farsa dos coveiros, Hamlet chamou-nos à realidade do pó humano”; depois das ilusões do sucesso português, chocámos de frente com o poder do fanatismo ideológico, do deslumbramento televisivo e da sobrevivência política, custe o que custar. A ordem é a de mudar alguma pouca coisa, para que tudo fique na mesma.

Infelizmente, como era previsível, a realidade da pandemia do Covid-19 chegou a Portugal com estrondo. Os políticos desorientados procuram agora construir a sua própria realidade e os comentadores de serviço justificam o novo ideal português do politicamente correto, enquanto o desastre económico não chega em toda a sua dimensão e selvajaria. Infelizmente chegará, mas para que outros possam tentar remendar o que agora se descose.

Dentro de dois dias vamos ter uma eleição presidencial de resultado anunciado e com a habitual eleição do chefe. Tudo se manterá, portanto, de acordo com a estabilidade dos cemitérios.

Não houve campanha eleitoral, apenas insultos, pasmaceira e a fuga desenfreada às grandes questões nacionais. Os candidatos não se perguntaram quais as causas de estarmos encurralados no carro vassoura da União Europeia; de a economia levar mais de duas décadas de estagnação; de a dívida pública e privada ser gigantesca e a crescer; de cada vez menos portugueses votarem; de a pobreza aumentar; de metade da economia dual, a parte pobre está bem de ver, desaparecer sem resposta adequada; de metade das crianças portugueses não terem futuro; de os jovens emigrarem.

Infelizmente, na cabeça dos governantes e candidatos a governantes não passa nada, o Estado tratará de tudo isso e a bazuca vai chegar.

Para os atuais poderes, político e comunicacional, resta apenas por resolver, além da pandemia, a crise ambiental, a eutanásia, o racismo, a xenofobia e sobretudo o populismo de Trump, de Bolsonaro e, mais modernamente, de André Ventura. Este é o país que conhecemos, à procura de uma revolução democrática que tarda em chegar.

Entretanto, Portugal tem todas as condições para ser um país desenvolvido em que dê gosto viver. Os estrangeiros procuram-nos, muitos decidem viver a sua reforma em Portugal, a pobreza de muitos portugueses tornou-se uma atração para alguns.

A nossa costa, o nosso mar, as nossas parias, as velhas aldeias do interior, a nossa cultura, a nossa comida e, principalmente, a nossa vocação de bem receber, atraem quem nos visita.

O povo de viajantes que somos, chegou aqui vindo de todo o lado, o mar fixou-nos, mas foi o mar que nos levou às cinco partidas da terra, por onde ainda andamos.

Hoje temos por todo o mundo trabalhadores, cientistas, dirigentes de bancos e de empresas, acadêmicos, investigadores e até futebolistas e treinadores de futebol, em que todos, pelo seu reconhecido mérito, honram Portugal.

Não somos diferentes cá dentro, o mérito individual dos portugueses é o mesmo e nesta pandemia que nos está a matar, temos heróis desconhecidos que lutam pela nossa sobrevivência.

Infelizmente também temos, sempre tivemos ao longo dos séculos, longos períodos em que fomos mal governados.

Nos bons governos de D. João II, do Marquês de Pombal, como em outros breves momentos de lucidez, mostramos ao mundo que também tínhamos grandes qualidades e nos podíamos governar com sucesso, mas foram tempos que duraram muito pouco.

Então, como agora, a corrupção, a má qualidade das classes dirigentes, os traidores do interesse nacional e o conservadorismo dos interesses estabelecidos, sempre se opuseram ao progresso coletivo.
O centralismo de um Estado poderoso, tendencialmente autoritário e servidor das classes dirigentes, abateu-se continuamente sobre esses breves períodos de progresso e de pensamento criador.

As várias inquisições e maçonarias que obscurecem o nosso passado e comprometem o nosso futuro, sempre como agora, estiveram presentes.

Cada inquisição tem os seus próprios objetivos de domínio das ideias e de controle da sociedade e da liberdade do povo. Hoje é a religião do ambiente, dos chamados temas fraturantes, do progresso sem trabalho e sem esforço e das utopias de uma suposta igualdade que a experiência demonstrou ser geradora da pobreza de muitos, sob a direção, quase sempre brutal e ignorante, de poucos. Para esse domínio são criados mitos, inimigos obscuros e fantasmas do passado.

Já aderimos ao derrube das estátuas e dos símbolos da nossa história, para mais facilmente se promover o pensamento único. Destas novas inquisições da ignorância nunca surgiu a luz.

A história dos povos nos ensina que apenas a educação em todas as áreas do conhecimento, a cultura dos comportamentos democráticos e o domínio das competências necessárias a cada cidadão, são fatores de promoção da igualdade nas sociedades modernas, no respeito das diferenças que nos caracterizam como seres humanos.

Mas isso, as inquisições contemporâneas não sabem, ou não aceitam.

Título, Imagem e Texto: Henrique Neto, o Diabo, nº 2299, 22-1-2021
Digitação: JP, 23-1-2021


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3 comentários:

  1. A culpa ainda é do Passos?
    Quando em 2030 se contar a história desta pandemia, em que o maior Governo da história da democracia portuguesa, liderado pelo PS, falhou redondamente, a culpa ainda vai ser de Pedro Passos Coelho?
    Quando no dia 18 de Março de 2020 (quase há um ano atrás) o povo português estava em casa, principalmente os mais jovens, o Governo teve a coragem e até a decência de declarar o primeiro estado de emergência. O objectivo primordial era ganhar tempo para se preparar o Sistema Nacional de Saúde para aquilo que poderia ser um aumento de internamentos.
    Ficámos (muitos já estavam) em casa.
    Nessa altura, tínhamos em todo o país 642 casos de Covid-19.
    Há mais de uma semana que temos,em média, 10 mil casos diários.
    Entretanto, com o fim do primeiro estado de emergência, assistimos a um Governo, que ao invés de governar, utilizava a sua máquina de comunicação para se vangloriar dos bons resultados que se deviam única e exclusivamente ao bom comportamento dos cidadãos.
    O Primeiro-Ministro aproveitou para ir para a praia tocar guitarra, garantindo que o país não fecharia outra vez.
    Nessa altura, António Costa devia ter preparado a segunda vaga, mais do que previsível, e, possivelmente, a chegada de uma terceira. Para isso bastava ter realizado acordos com os hospitais privados, cuja cegueira ideológica do PCP e do BE não permitiu e perante os quais o Governo cedeu.
    Entretanto, o Governo conseguiu fazer um acordo para entregar 1700 milhões de euros à TAP. Dinheiro que agora faz falta para apoiar, por exemplo, a restauração, os barbeiros e cabeleireiros que o Governo fechou parcialmente pela terceira vez e em absoluto pela segunda.
    Pagamos todos com a economia estagnada, com o desemprego e, pior que tudo, com vidas humanas.
    Aqui chegados, não há muito a fazer. As pessoas estão desgastadas.
    Merecíamos ouvir, como ouvimos em março, palavras de união e de apelo ao bom senso. Em vez disso, o Primeiro-Ministro saiu a terreiro para acusar os portugueses de não respeitarem o confinamento – porque interpretam a lei que o mesmo Governo criou.
    Nos EUA, Trump perdeu eleições à custa da pandemia, em Inglaterra, Boris Johnson teve Covid-19, no Brasil a culpa é de Bolsonaro, mas em Portugal, numa altura em que lideramos o número de casos diários a nível mundial, a culpa é dos Portugueses e, imagine-se, do postigo.
    Quando em 2030 se contar a história desta pandemia, em que o maior Governo da história da democracia portuguesa, liderado pelo PS, falhou redondamente, a culpa ainda vai ser de Pedro Passos Coelho?
    José Miguel Silva, Presidente da Juventude Popular de Vila Nova de Famalicão e jurista, Observador, 23-1-2021

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  2. Portugal com mais 15.333 casos e 274 mortes
    Novos máximos desde o início da pandemia. Vice-presidente Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, avisa que a variante sul-africana do coronavírus pode estar já disseminada em Lisboa.

    A cada 5 minutos morreu uma pessoa com Covid-19
    Por minuto, houve 11 pessoas a ficarem infetadas com o coronavírus, segundos números deste sábado. E a cada dois minutos, houve um doente que teve de ir para os cuidados intensivos.
    Observador, 23-1-2021

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  3. Tudo igual no quartel de Abrantes.
    A esquerda ainda vai implodir o planeta.
    Acho bom você tomar ivermectina e esquecer a política. Se não morre de covid , morre de raiva
    Abraço
    Jose Manuel

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