segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Nacionalismo


Águia da Beira

Revolvendo os caboucos da Bíblia com olhos de ver e sentido no analisar, é fácil concluir que o homem não foi criado para a Nação, mas para o mundo. E é fácil deduzir tal.

O Criador, primeiro, criou tudo o mais: a luz, a natureza das coisas e as plantas, animais, a terra, o mar… tudo; e só no fim criou o homem.

E não se contentou em criá-lo, mas, ainda e com fim expresso, entregou-lhe tudo o mais que havia criado, para que o homem, dando-lhe nomes, de tudo ficasse senhor e rei.

Logo, no Gênesis, o mundo e tudo o que nele existe foi criado para o homem, para de tudo se servir, todo o espaço dominar e fruir. O povo, a etnia ou Estado é muitíssimo posterior.

Que a socialização, o Estado, são igualmente do mandato de Deus, também Bíblia no-lo demonstra. Logo e antes da outorga do anteriormente criado, Deus criara, para o homem, uma companheira, uma igual em dignidade como par na expansão humana: a mulher.

Ia ser uma corresponsável na multiplicação da espécie como, aliás, já o fizera com outros seres anteriormente criados. Assim, a primeira e inicial comunidade humana e social foi a família ampliada nos filhos e filhas.

Só muito mais tarde, muitíssimo mais tarde e, naturalmente, como imanência do espírito de corpo social e posse e defesa de terreno, surgiu a existência do grupo, do clã em que os povos se aglomeravam começando a marcar limites e fronteiras.

Lá, no evoluir dos tempos e como mensagem do Criador a um destes povos, Deus suscitou um chefe por Si escolhido e que veio a ser o germe de uma orgânica estatal constituindo-se um grupo definido, ao qual Deus veio a chamar e classificar como Seu Povo, base e princípio de um povo com organização e estatuto definido, embora, ao tempo, fosse verbal.

Assim chegamos aos tempos em que a humanidade está dividida em povos ou nações, até em grupos linguísticos, ou em raças, como que esquecendo seu passado nômada e peregrinante na busca de um pouso certo. Esquecendo as origens e dividindo-se em povos, começou a erguer barreiras e linhas de demarcação, suscitando cobiças, ambições, invejas que se manifestaram e maus olhares, ódios que se verteram em desejos de mais terra, mais poder, mais domínio.

Assim nasceram as guerras entre nações que renegavam a origem comum da humanidade traçando, com sangue, outras fronteiras, as divisões e os domínios.

É assim que, se já no século V da nossa era esse homem portentoso que foi Santo Agostinho escrevia, decalcando São Paulo na sua carta aos Romanos, que “é necessário que os princípios dos governos estejam de acordo com o ideal dos fins espirituais da criatura”, o poeta Baudelaire, já bem perto de nós, em meados do século XIX, declarava que “a verdadeira civilização não consiste nem no gás ne no vapor, mas na diminuição dos vestígios do pecado original”.

Era, pois, nestes empenhos que as forças humanas se deviam gastar em vez de se gladiarem por espaços de terra ou de domínio territorial, pois este é pertença dos aglomerados de famílias, as quais, entre si unidos, formam a Nação ou Pátria.

Mas é isto que uma tal agenda não quer e, por isso, acentua a divergência entre as nações ou povos, fitando o domínio universal; neste acabavam as diferenças, a liberdade de pensamento e de ação, tudo e todos estavam sujeitos às mesmas leis e às mesmas autorizações sobre o modo de agir. Quem discordar será puramente eliminado.

Por isso se ataca o Nacionalismo e o Patriotismo. É que é preciso, necessário e urgente fazer das Nações um só povo, com um só governo, a agir sob uma única Lei: a da agenda e, como esta quer ser a única a mandar e dirigir, é-lhe indispensável passar uma esponja sobre todas as fés dos povos, mormente o cristianismo.

Já agora, os governos atuais e as suas orgânicas estatais vão colaborando submissamente e incautamente no programa, não descortinando que eles próprios passarão, na generalidade, a comandados sob pressão e sem qualquer hipótese de fuga.

Embora isto só virá a acontecer, como eu o creio porque a fé mo diz, se Deus o quiser!

Título e Texto: Águia da Beira, o Diabo, nº 2797, 8-1-2021
Digitação: JP, 18-1-2021

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