Museu do
Holocausto abriu no Porto este mês
O primeiro Museu do
Holocausto na Península Ibérica foi inaugurado no Porto, na Rua do Campo
Alegre, no dia 20 de janeiro. Vai ser tutelado por membros da Comunidade
Judaica do Porto, cujos familiares foram vítimas do Holocausto
Ana Patrícia Silva
O Museu do Holocausto do Porto, criado pela Comunidade Judaica do Porto (CIP/CJP), retrata a vida judaica antes, durante e após o Holocausto – desde a expansão do nazismo na Europa, aos guetos, os refugiados, os campos de concentração, de trabalho e de extermínio, até à libertação e ao pós-guerra, a história é contada pelas suas vítimas.
Os visitantes terão oportunidade de visitar uma reprodução dos dormitórios de Auschwitz, uma sala de nomes, um memorial da chama, cinema, sala de conferências, centro de estudos, corredores com a narrativa completa, fotografias e vídeos.
O novo espaço museológico é tutelado por membros da Comunidade Judaica do Porto, cujos pais, avós e outros familiares foram vítimas do Holocausto, e desenvolverá parcerias de cooperação com museus do Holocausto em Moscovo, Hong Kong, Estados Unidos e Europa. Charles Kaufman, presidente da organização de direitos humanos B'nai B'rith International, afirma, em comunicado, que o museu é um "testemunho da herança e resiliência judaicas", esperando que "sirva de farol para Portugal e para o resto da Europa".
Em 2013, a Comunidade Judaica do Porto partilhou com o Museu do
Holocausto de Washington todos os seus arquivos referentes a refugiados que
passaram pela cidade portuense. Estes arquivos, agora regressados à Invicta,
incluem documentos oficiais, testemunhos, cartas e centenas de fichas
individuais.
A construção deste museu contou também com "um
donativo substancial de uma família sefardita portuguesa do Sudeste da Ásia,
que foi vítima de um campo de concentração japonês durante a Segunda Guerra
Mundial", revela o tesoureiro da CIP/CJP Michael Rothwell, descendente de
vítimas do Holocausto. Estarão ainda expostos dois Sifrei Torá (rolos da
Torá), oferecidos à sinagoga do Porto por refugiados.
A abertura ao público foi no dia 27 de janeiro, o Dia Internacional
em Memória das Vítimas do Holocausto, em que o museu abriu as portas
aos alunos de escolas da região do Porto. A inauguração oficial aconteceu
em 20 de janeiro, com uma cerimônia reservada, em ambiente controlado, liderada
por Dias Ben Zion, presidente da Comunidade Judaica do Porto, e Rui Moreira,
presidente da Câmara Municipal do Porto.
A cerimônia contou também com a presença dos embaixadores das potências envolvidas na Segunda Guerra Mundial, e de Israel, assim como de Karel Fracapane (especialista do programa do Holocausto da UNESCO), do embaixador Luíz Barreiros (chefe da delegação de Portugal à IHRA - Aliança Internacional Memória do Holocausto), de Marta Santos País (comissária do Projeto Nunca Esquecer), do Bispo do Porto e do presidente da Comunidade Muçulmana da cidade. O Governo foi representado pelo Secretário de Estado da Cultura.
Endereço: Rua do Campo Alegre, 790Horário: 10h às 17h
Preço: Entrada livre
Texto: Ana Patrícia Silva, Time Out
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