É ininterrupto o satanismo de 'video game' contra o monstro do Planalto
Guilherme Fiuza
Sem querer estragar o video game de satanismo contra o Lúcifer do Planalto, vamos dar uma olhada nas circunstâncias reais. Até porque Bolsonaro vai passar, como passaram Lula, FHC e outros (e se ficam por aí como almas penadas fazendo lobby pendurados em mordomias de ex-presidentes é outra conversa). É até compreensível que você precise de um Lúcifer cenográfico para vender a sua fantasia de resistência e dar substância ao seu placebo moral. Mas, sem querer cortar a onda, vamos falar um pouco da realidade que teima em subsistir por trás da sua exuberante cenografia de revolução infantojuvenil.
Um presidente não é nada. No
máximo é um símbolo. O que interessa para os que não têm tempo para indignação
de video game são as ações de um presidente.
Portanto, o seu governo. Não é fácil analisar um governo — nem mesmo os
próprios presidentes são capazes de fazê-lo com a devida abrangência. Mas há os
sinais principais de uma gestão, e aí se pode ter, desde que não se troque
honestidade por panfletagem, uma boa pista sobre o que representa um presidente
para o país.
Muitos achavam o candidato
Bolsonaro um político caricato, aparentemente representando um segmento
restrito e gerador de polêmicas. Normal. A maioria da população viu nele outra
coisa — uma boa possibilidade de representação — e o elegeu presidente. Ponto.
Ou melhor, vírgula. Era preciso então ver que tipo de representação seria essa.
Olhar para o novo governo com honestidade. É o que muita gente continua se
recusando a fazer, preferindo estacionar na caricatura pregressa do presidente.
Vamos dar uma olhada na gestão do governo federal 2019-2020, falando baixo para
não atrapalhar o fetiche sadomasô.
Problemas não faltam. No momento em que o Supremo Tribunal Federal age ostensivamente de forma política, sempre forçando o ambiente na direção das pautas demagógicas do petismo e congêneres (a maioria da Corte foi indicada por Lula e Dilma), Bolsonaro indica um ministro aparentemente afinado com essas diretrizes. É cedo para uma avaliação consistente, mas não é cedo para desconfiar de que foi uma má escolha.
O mesmo acontece em relação ao
procurador-geral da República — aí ressalvando-se que o presidente tinha opções
limitadas. Ainda assim, o procurador-geral por ele indicado investiu tão rápida
e acintosamente contra a Operação Lava Jato, ao menos no discurso e nas ações
iniciais, que se tornou absolutamente legítimo esperar más consequências dessa
escolha.
Os líderes do governo no
Congresso também foram escolhas duvidosas. Um quer porque quer parar tudo no
meio do caos pandêmico para fazer uma Constituição nova. Outra saiu e aderiu ao
satanismo de video game contra o monstro do
Planalto. Mas nada é significativo nessa avaliação sem olhar para resultados. E
o principal resultado na relação do governo com o Congresso é a aprovação em
menos de um ano da reforma da Previdência — aquela que dez entre dez
especialistas sérios diziam ser o passo essencial para o país reabrir seu
futuro. E que uma vez aprovada passou a ser considerada por nove entre dez
especialistas mais ou menos sérios como uma coisa trivial, caída do céu.
Areforma da Previdência não
caiu do céu. Foi formulada e proposta pela equipe comandada pelo ministro Paulo
Guedes (que também não caiu do céu), depois de ampla campanha de esclarecimento
no Brasil e no exterior — ação geradora do apoio político fundamental para o
prosseguimento de um projeto complexo e dependente de sacrifícios. Aí a reforma
passou a ser negociada ponto a ponto com o Parlamento — o que realmente é de
estranhar, em se tratando de um governo fascista diabólico. A resistência
de video game ouviu falar de democracia, mas não
ligou o nome à pessoa.
A relação com a maior parte da
imprensa é péssima e o presidente faz questão de ser hostil a vários dos
veículos de comunicação tradicionais. Também é fato que os referidos veículos
enviesaram seu noticiário para descredenciar o presidente, chegando a insistir
em teses bizarras como a da eleição fraudada por manipulação de WhatsApp. Ainda
assim a liberdade de imprensa esteve em plena vigência nesses dois primeiros
anos e o governo não exerceu nem incitou a embargos ou censuras.
Sempre que apareceu de algum
gueto referência a cerceamento de instituições — em alusões a medidas
autoritárias como o famigerado AI-5 — o presidente desautorizou imediatamente,
sem nenhuma brecha para interpretações indiretas. “Quem fala em AI-5 está
sonhando”, disse Bolsonaro.
O governo teve o seu poder de
comandar o enfrentamento da pandemia cassado pelo STF — que decidiu ser dos
Estados da federação a autoridade pela política de segurança sanitária. Houve
todo tipo de abuso, como o desvio de verbas emergenciais — o chamado Covidão,
que acarretou o afastamento do governador do Rio de Janeiro e a prisão da
secretária de Saúde do Amazonas. Claro que quando o colapso se consumou em
Manaus a resistência cenográfica acordou para o problema e correu para o
seu video game satânico contra o culpado por todos
os males da nação.
Já o cronograma do programa de
vacinação conduzido pelo Ministério da Saúde é bastante questionável,
considerando que as vacinas disponíveis se encontram em fase experimental, sem
ter por exemplo estudos suficientes com idosos (ver Anvisa) — justamente os
mais vulneráveis e que justificariam uma campanha de imunização emergencial. O
governo cedeu às pressões políticas em favor de vacinas incipientes.
Foram dois anos sem escândalos
de corrupção envolvendo o governo federal. Como termo de comparação, só no
primeiro ano de Dilma Rousseff foram seis — acarretando a queda do número
equivalente de ministros. A grande imprensa fez um bom trabalho denunciando as
negociatas, mas não transformou Dilma em alvo permanente. Um dos principais
escândalos de 2011 envolveu o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes), atualmente recebendo um choque de gestão e transparência
comandado pelo ministro Tarcísio Gomes de Freitas — uma das várias escolhas
técnicas de Bolsonaro para o primeiro escalão.
Há incertezas sobre o programa
de desestatizações — e o andamento da pauta de privatização da Eletrobras vai
mostrar se o governo está firme nessa agenda (depois de mais de R$ 150 bilhões
em ativos desestatizados) ou se está sendo travado pela máquina, o que seria
uma derrota importante. É continuar observando o melhor possível, para apontar
os erros e os acertos.
Não é um video game.
E, se você estiver em busca de estética, vá ver uma série e pare de sofrer.
Título e Texto: Guilherme
Fiuza, revista Oeste, nº 45, 29-1-2021
Henrique César de Araújo
ResponderExcluir29 DE JANEIRO DE 2021 ÀS 09:40
Chega a ser nojento, asqueroso, mesmo, o que a maioria da dita “imprensa” têm feito em desfavor da pessoa Jair Bolsonaro! Fuçam em tudo, em cada passo ou vírgula por parte do presidente. E a sinfonia está bem alinhada! Basta ver que as “notícias” sempre vão no mesmo tom, coreografada! Certamente, o corte de gastos publicitários da ordem de 60% foi o pontapé inicial pra essa perseguição desenfreada e absurda. O Grupo Globo, por exemplo, se não fosse a pandemia pelo Covid-19 e Jair Bolsonaro, seu departamento de jornalismo (ou seria “jornazismo”?) estaria falido, pois não teriam outros assuntos mais relevantes pra se noticiar! É lamentável o viés ideológico político-militante que essa imprensa, tão honrada e confiável, tenha jogado seu crédito no esgoto da história! Triste, muito triste!
Alberto Garcia Filho
30 DE JANEIRO DE 2021 ÀS 04:36
Mario, acredite, aqui nos EUA foi a mesma coisa contra o Trump. Como não conseguiram o seu impeachment calaram-se ante uma fraude vergonhosa.
Preparem-se para 2022.
Marcos Heluey Molinari
30 DE JANEIRO DE 2021 ÀS 19:14
Essa lista, a dos que querem ver a ruína do governo Bolsonaro, vai muito mais longe. Coloque aí 90% dos partidos políticos: PSOL, PT, PCdoB, PSDB, DEM, REDE, SOLIDARIEDADE, PSL e vai por aí afora; acrescente os movimentos sociais MST, MTST, ONG’S AMBIENTAIS; todas as UNIVERSIDADES FEDERAIS do país; a grande maioria dos servidores públicos contratada nos governos do PT; todos os jornais e televisões, blogs e revistas da internet que tiveram suas verbas cortadas pela raiz no governo Bolsonaro; os artistas que tiveram suas verbas milionárias da lei Rouanet zeradas, enfim, todos aqueles que deixaram de mamar nas antes gordas tetas dos governos do PT e do PSDB, e são milhões !!, são hoje os que querem detonar o governo atual. Fiquemos atentos para 2022, que a pressão vai aumentar.