domingo, 17 de janeiro de 2021

[Língua Portuguesa] Conservador x Reacionário

Ora, nem todo Conservador é Reacionário; e nem todo Reacionário é Conservador, muito pelo contrário… 😉 

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5 comentários:

  1. No dicionário:

    CONSERVADOR
    que ou o que, em princípio, é contrário a mudanças ou adaptações de caráter moral, social, político, religioso etc.;
    que ou quem é membro de um partido conservador.

    REACIONÁRIO
    Adjetivo.
    relativo, pertencente ou favorável à reação, ou caracterizado pela mesma; reacionarista, reacionista
    termo jurídico.
    contrário, hostil à democracia; antidemocrático
    termo jurídico.
    que se opõe às ideias voltadas para a transformação da sociedade

    adjetivo e substantivo masculino
    Rubrica: política.
    que ou aquele que defende princípios ultraconservadores, contrários à evolução política ou social; reacionarista, reacionista

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  2. Semana passada escrevi nesta coluna que tenho por hábito divulgar ideias com as quais não concordo, necessariamente. Hoje é a vez de comentar o livro As ideias conservadoras explicadas a revolucionários e reacionários, do jornalista e escritor português João Pereira Coutinho. A primeira coisa boa: ele é não um dos chamados “pit bulls”, que muitos confundem com conservadores, que proliferam na imprensa, destilando ódio e preconceitos. Coutinho tem prosa elegante e melíflua; costuma brandir argumentos e não um martelo (ou os dentes).

    De saída Coutinho rejeita ver o conservador como sinônimo de reacionário. Para ele, trata-se de “caricatura” equiparar a ambos, apesar de reconhecer que existe uma linha de tradição reacionária no conservadorismo. O mais importante, porém, diz, é que o conservadorismo político luta por preservar aquilo que é importante no presente, enquanto o reacionário sonha com o retorno a um passado idealizado.

    Quanto aos revolucionários, Coutinho considera que a “imperfeição humana” desautoriza projetos grandiosos e abstratos, “porque a complexidade dos fenômenos sociais não pode ser abarcada, muito menos radicalmente transformada rumo à perfeição, por matéria tão precária”. Mas, ressalta, a ideologia conservadora não nega a possibilidade de se melhorar as condições dadas, pois seria “historicamente obtuso”.

    Para ele, o que define a teoria e a prática dos reacionários e dos revolucionários – e os torna iguais com sinal trocado – é o “repúdio” ao presente, cuja “fruição”, daquilo que passou no “teste do tempo”, é valorizada pelo conservadorismo político. Enfim, o conservador rejeita as utopias, sejam elas reacionárias ou revolucionárias.

    Mas como se definiria a ideologia conservadora, na visão de Coutinho? Para ele, o conservadorismo é uma “ideologia posicional e reativa”. Posicional, porque rejeita uma atitude a priori, como fazem as ideologias reacionária e a revolucionária; o conservador age de acordo com a situação que se apresenta. Reativa, pois emerge quando os “valores do presente” estão em perigo, recolhendo-se nos tempos de calmaria (se é que os há).

    Coutinho afirma que o conservadorismo também se distingue de outras “ideologias mais moderadas”, como o liberalismo clássico ou socialismo (que ele chama de “liberalismo progressista”), pois elas também se apresentam com “um ideário a cumprir, de forma transtemporal e transespacial”. Diferentemente, o conservadorismo político atua de acordo com a situação, “de maneira humilde e prudente”. Assim, se para o liberal a prioridade é a liberdade e para o socialista a igualdade, o conservador estabelecerá o primado de cada uma “consoante as circunstâncias”.

    O escritor português também rebate a ideia corrente de que o conservador é imobilista. Ao contrário, para ele, o conservadorismo político “é indissolúvel de uma ideia de reforma”, pois a mudança é um “importante mecanismo de conservação” daquilo que se encontra em risco na sociedade. E vai em busca do maior exemplo histórico para justificar a sua tese: “Foi por terem recusado a reforma que os franceses se condenaram, e condenaram a Europa à revolução”.

    Seria positivo se as ideias de Coutinho ajudassem a dar um rumo à “nova direita” brasileira, fazendo-a desistir do apelo reacionário à ditadura.

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  3. O parágrafo final diz muito!
    " Seria positivo se as ideias de Coutinho ajudassem a dar um rumo à “nova direita” brasileira, fazendo-a desistir do apelo reacionário à ditadura."

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  4. O livro de João Pereira Coutinho foi publicado em 2014.

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