Nas democracias, a liberdade não é condicional, nem ao pavor irracional de cidadãos, nem à cobardia inata de políticos. Não admira que aqueles elejam estes, nem que gente tão fraca se valha da força.
Alberto Gonçalves
Vamos imaginar, como pedia o
Lennon na época em que se disfarçava de faquir? Vamos a isso. Imaginem que o
governo conseguia acertar na maneira de combater uma pandemia (embora a inépcia
destes laparotos os torne incapazes de resolver um surto de resfriado, e a
desonestidade os convencesse a açambarcar o paracetamol).
Imaginem que os confinamentos
intermináveis e intermitentes eram a única forma de conter a disseminação do
vírus (embora, por engenho ou acaso, alguns países e territórios com restrições
muito menores o tenham “contido” muito melhor).
Imaginem que os pormenores do
estado de emergência faziam sentido (embora prossigam misteriosos os motivos de
os transportes públicos ou as raspadinhas não contagiarem ninguém e o comércio
de água, livros ou peúgas sim).
Imaginem que a ciência estava
realmente por trás das decisões tomadas e impostas (embora eu desconheça o
estudo científico que prova os malefícios da vitamina D e as vantagens de
atropelar a Constituição encerrando as fronteiras aos autóctones).
Imaginem que os lares de velhos não existiam (embora existam, sejam a origem de larga percentagem das vítimas mortais e permaneçam ao abandono sempre que não são visitados por um governante em ação folclórica).
Imaginem que a “informação”
transmitida pelos noticiários é uma cópia fiel da realidade (embora de facto
hesite entre a propaganda e o pânico, isto se houver distinção).
Imaginem que havia lógica nos
apelos para evitar o famoso colapso do SNS (embora, por obra das “cativações” e
do genuíno amor do PS à coisa pública, o SNS tivesse colapsado muito antes da
Covid).
Imaginem que as medidas de
controlo do vírus não causavam danos adicionais (embora causem, e esses danos
se traduzam em milhares de falências, por via do fecho parcial da economia, e
milhares de mortos por via do fecho parcial da saúde pública).
Imaginem que o único empecilho
ao sucesso das ponderadas regras do dr. Costa seriam os delinquentes que teimam
em infringi-las (embora só se contaminem entre si e nunca os cidadãos
cumpridores, devidamente enclausurados há semanas, meses ou quiçá anos).
Imaginem, afinal, que o derradeiro obstáculo à felicidade dos portugueses em
geral são alguns portugueses, os “negacionistas” e os desordeiros que mereciam
cadeia, precedida de espancamento firme.
Imaginem então os disparates
que quiserem, que eu faço o favor de, durante cinco minutos, fingir que vocês
têm razão. E se vocês têm razão nas palermices acima (é a fingir, lembram-se?),
também supõem tê-la na consequência que mais vos interessa: a possibilidade de
exercitarem o pequenino poder típico dos frustrados e desatarem a insultar,
denunciar e idealmente punir os “irresponsáveis” que negam ou desafiam a
sapiência dos nossos governantes. É por causa dos “irresponsáveis” que estamos
todos nesta situação, não é? Por uns, pagam todos, não é?
Meus amigos (continuo a
fingir, não se esqueçam), a vida em sociedade é assim: as escolhas de alguns
suscitam o transtorno, e frequentemente a desgraça, dos demais. Ainda que
houvesse uma gota de razoabilidade em atribuir o desastre vigente às violações do
confinamento, apenas vos posso desejar saúde e bichas. Neste e nos restantes
desastres em que somos pródigos, nunca foi de maneira diferente.
Um exemplo? De cada vez que
alguém vota no PS ou nas respectivas muletas de extrema-esquerda está a
condenar o país à bancarrota e uma data de inocentes a pagá-la sabe-se lá com
que sacrifícios. Três quartos dos portugueses, pois, sofrem sazonalmente na
pele a irresponsabilidade do quarto de “negacionistas” que, à semelhança das
vacinas, sobra. E não se queixam. Ou melhor, queixam-se em vão, porque, por
absurdo que pareça (mas não é), as pessoas são livres de votar na corrupção
socialista e na demência comunista. Em contrapartida, por absurdo que pareça (e
é), em matéria de Covid as pessoas não são livres de decidirem a sua existência
à revelia dos palpites que saltitam nos cerebelos do dr. Costa, da ministra da
Saúde, da orquídea da DGS e dos “especialistas” de serviço.
E, se comparamos os danos diretos
que provoca, em última instância a Covid é uma brincadeira perante o rastro de
destruição que fica quando o PS sai do poder para ganhar fôlego e esperar que
alguém limpe o esterco – e nem falo do governo atual, cujo esterco será
indelével. Em suma, um sujeito saudável não pode abrir o negócio para vender
café ou camisas que lhe logo lhe soltam os cães e a polícia em cima. Porém, um
sujeito, evidentemente desequilibrado, pode optar pelo eng. Sócrates ou pelo
arq. Costa para estraçalhar Portugal que tudo o que lhe acontece é receber um
aplauso pelo zelo cívico. É isto uma democracia?
Em democracia, eu não tenho o
direito de limitar o vosso voto, por prejudicial que comprovadamente seja. Mas
vocês também não têm o direito de limitar os meus movimentos, o meu trabalho e
os meus dias, por prejudiciais que discutivelmente os julguem. O problema é que
os meus limites continuam em vigor, e os vossos não. O problema é que isto já
não é uma democracia.
Nas democracias, a liberdade
não é condicional, nem ao pavor irracional de cidadãos, nem à cobardia inata de
políticos. Não admira que aqueles elejam estes, nem admira que gente tão fraca
se valha da força. Sucede que o recurso cego à força não define um regime
minimamente civilizado: decreta o fim do que tínhamos.
Título e Texto: Alberto
Gonçalves, Observador,
20-2-2021
Relacionados:
‘Great Reset’: o desejo de controle
Coreia do Sul indica tratamento precoce com hidroxicloroquina
Entregues a imbecis
Castas
Twitter censura página pró-tratamento precoce
Tem alguma (muita?) coisa errada com essa censura sobre o vírus chinês
Homem sem máscara desafia a PSP em Vila do Conde [vídeo]
Os velhos pides da nova DGS
Sem desculpa
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-