sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Torpedeando a Aviação Portuguesa?

M. Tralha

Desde já se refere que não se está ligado a qualquer companhia aérea, pública ou privada, embora há muitos anos que se participe nas atividades da aviação nacional.

Por outro lado, por culpa do atraso nas leituras, só agora se leu o artigo de Pedro Caetano sobre a situação da TAP, o qual parece tocar nos pontos certos.

Foto: Mário Cruz/Agência Lusa

Comenta-se aqui apenas que a TAP já teve uma equipe de gestão de nível internacional, a do Engenheiro Fernando Pinto. Uns gostaram, outros não, existiu o aparente erro na aquisição da Manutenção VARIG, mas quer parecer que nesse tempo ocorreu o mais longo período de estabilidade laboral e funcional da TAP em décadas.

Tal equipe não-política só existiu por vontade da Swissair, que iria investir na TAP. Mas, no último minuto, a Swissair faliu.

Infelizmente, entre o enorme passivo acumulado devido a gestores politizados e impreparados, gastos incompreensíveis (por exemplo, um serviço de porcelana especial para festejar a entrega dos aviões A340…), as crises petrolíferas, o 11 de setembro, as várias greves do passado etc., a companhia não tem conseguido “decolar” financeiramente, e o golpe final, ou quase, é o vírus da atualidade.

Mas o que tem a TAP de bom? Acima de tudo, uma marca com reputação brilhante nos aspectos operacionais e de manutenção, invejada internacionalmente por muitos (exatamente o oposto dos aspectos de gestão e financeiros).

Assim, seria muito desejável manter a marca TAP, com 75 anos e respeitada tecnicamente (Bélgica e Suíça não ganharam nada, dir-se-á, com o desaparecimento das marcas Sabena e Swissair). Tal bastará para se financiar ‘ad aeternum’ a companhia, custe o que custar, com os impostos de todos?

Aparentemente só se justificará a TAP após uma “revolução” interna que, de uma vez por todas, a torne sustentável e autônoma no futuro.

Os acordos laborais recentemente concluídos poderão ser um passo nesse sentido.

Mas uma coisa é certa: a sobrevivência da Nação não depende da existência da marca comercial TAP! Poderá depender, sim, da existência de um Sistema de Transporte Aéreo Nacional eficiente e eficaz, formado por companhias aéreas baseadas em Portugal, com profissionais portugueses (e também estrangeiros) e com aeronaves registradas em Portugal (necessitando uma ANAC menos burocrática e mais técnica).

Acontece que a Aviação Civil Portuguesa não é só a TAP, longe disso: existem companhias privadas que têm feito valioso trabalho, sem os “colchões” e “almofadas” daquela. E não devem ser abandonadas à sua sorte. Ou, seja, fazem também parte daquele Sistema, um setor estratégico, sendo mesmo referência a nível mundial: acaso a maioria dos portugueses sabe, por exemplo, que Forças Aéreas de países (muito) desenvolvidos há largos anos que alugam aeronaves de empresas nacionais para voos de longo curso com passageiros?

Ou que um avião português voou do Japão ao Canadá, cruzando o Pacífico, repatriando canadenses no início da crise virológica?

Concluindo, não pode a TAP ser um sorvedouro financeiro que seca tudo à sua volta na Aviação Portuguesa.

O importante é Portugal possuir um sólido Sistema de Transporte Aéreo Nacional e suas atividades conexas.Com a TAP talvez, mas uma outra TAP.

Título e Texto: M. Tralha, o Diabo, nº 2303, 19-2-2021 
Digitação: JP


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