M. Tralha
Desde já se refere que não se
está ligado a qualquer companhia aérea, pública ou privada, embora há muitos
anos que se participe nas atividades da aviação nacional.
Por outro lado, por culpa do atraso nas leituras, só agora se leu o artigo de Pedro Caetano sobre a situação da TAP, o qual parece tocar nos pontos certos.
Foto: Mário Cruz/Agência Lusa |
Comenta-se aqui apenas que a
TAP já teve uma equipe de gestão de nível internacional, a do Engenheiro
Fernando Pinto. Uns gostaram, outros não, existiu o aparente erro na aquisição
da Manutenção VARIG, mas quer parecer que nesse tempo ocorreu o mais longo período
de estabilidade laboral e funcional da TAP em décadas.
Tal equipe não-política só
existiu por vontade da Swissair, que iria investir na TAP. Mas, no último
minuto, a Swissair faliu.
Infelizmente, entre o enorme
passivo acumulado devido a gestores politizados e impreparados, gastos
incompreensíveis (por exemplo, um serviço de porcelana especial para festejar a
entrega dos aviões A340…), as crises petrolíferas, o 11 de setembro, as várias
greves do passado etc., a companhia não tem conseguido “decolar” financeiramente,
e o golpe final, ou quase, é o vírus da atualidade.
Mas o que tem a TAP de bom?
Acima de tudo, uma marca com reputação brilhante nos aspectos operacionais e de
manutenção, invejada internacionalmente por muitos (exatamente o oposto dos
aspectos de gestão e financeiros).
Assim, seria muito desejável
manter a marca TAP, com 75 anos e respeitada tecnicamente (Bélgica e Suíça não
ganharam nada, dir-se-á, com o desaparecimento das marcas Sabena e Swissair).
Tal bastará para se financiar ‘ad aeternum’ a companhia, custe o que custar,
com os impostos de todos?
Aparentemente só se
justificará a TAP após uma “revolução” interna que, de uma vez por todas, a
torne sustentável e autônoma no futuro.
Os acordos laborais recentemente concluídos poderão ser um passo nesse sentido.
Mas uma coisa é certa: a
sobrevivência da Nação não depende da existência da marca comercial TAP! Poderá
depender, sim, da existência de um Sistema de Transporte Aéreo Nacional eficiente
e eficaz, formado por companhias aéreas baseadas em Portugal, com profissionais
portugueses (e também estrangeiros) e com aeronaves registradas em Portugal (necessitando
uma ANAC menos burocrática e mais técnica).
Acontece que a Aviação Civil
Portuguesa não é só a TAP, longe disso: existem companhias privadas que têm
feito valioso trabalho, sem os “colchões” e “almofadas” daquela. E não devem
ser abandonadas à sua sorte. Ou, seja, fazem também parte daquele Sistema, um
setor estratégico, sendo mesmo referência a nível mundial: acaso a maioria dos
portugueses sabe, por exemplo, que Forças Aéreas de países (muito)
desenvolvidos há largos anos que alugam aeronaves de empresas nacionais para
voos de longo curso com passageiros?
Ou que um avião português voou
do Japão ao Canadá, cruzando o Pacífico, repatriando canadenses no início da
crise virológica?
Concluindo, não pode a TAP ser
um sorvedouro financeiro que seca tudo à sua volta na Aviação Portuguesa.
O importante é Portugal
possuir um sólido Sistema de Transporte Aéreo Nacional e suas atividades
conexas.Com a TAP talvez, mas uma outra TAP.
Título e Texto: M. Tralha, o Diabo, nº 2303, 19-2-2021
Digitação: JP
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