A senha para a defesa de um 'governo
mundial' está dada. E o método é o autoritarismo 'necessário' exercido por
bilionários 'abnegados' e líderes globalistas
Rodrigo Constantino
Na pandemia atual, muitos ficaram
perplexos com o avanço das medidas arbitrárias tomadas por autoridades, sempre
em nome da ciência e do bem coletivo. Comércio fechado, lojas impedidas de
abrir, uso obrigatório de máscaras e até gente presa por frequentar praia ou
praça pública: tudo isso fez com que aqueles com maior apreço pelas liberdades
individuais ficassem estarrecidos. Afinal, os países ocidentais não deveriam se
transformar em províncias chinesas.
Por trás dessa escalada
autoritária estava o uso de entidades supranacionais, como a Organização
Mundial da Saúde, para dar respaldo “científico” às decisões arbitrárias desses
líderes. Para quem não sabia ainda do que se tratava a ameaça globalista, ela
ficou escancarada nessa pandemia. A soberania nacional cede lugar aos
burocratas sem rosto e sem voto dessas entidades.
O poder de um Tedros Adhanom,
o etíope marxista que comanda a OMS, parece ofuscar aquele de presidentes
eleitos. Estamos diante da “tirania dos especialistas”, tecnocratas que nem são
exatamente especialistas, mas monopolizam a fala em nome da ciência.
A fim de compreender melhor a
mentalidade globalista, fui ler Covid-19: The Great Reset,
livro publicado pelo fundador do Fórum de Davos, Klaus Schwab. Cada página
exala o desejo inconfesso de controle sobre as vidas alheias. Como alertou
Mencken, “o desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o
desejo de controlá-la”.
Vale notar que o livro foi escrito em meados de 2020, bem no meio da tal primeira onda da pandemia, e mesmo assim o autor já fazia previsões alarmistas de mudanças essenciais no estilo de vida ocidental. “A crise mundial desencadeada pela pandemia do coronavírus não tem paralelo na história moderna. Não podemos ser acusados de hipérbole quando dizemos que isso está mergulhando nosso mundo em sua totalidade e cada um de nós individualmente nos tempos mais desafiadores que enfrentamos em gerações”, escreve logo no começo.
Não se trata de hipérbole?
Gerações anteriores enfrentaram duas guerras mundiais com dezenas de milhões de
mortos, pandemias muito piores, como a gripe espanhola no começo do século 20,
e mesmo assim Schwab achou normal rotular essa crise como a mais desafiadora em
gerações, isso em junho de 2020?
O intuito do livro começa a
ficar mais claro ainda nas primeiras páginas, quando Schwab diz que as “linhas
de fratura” do mundo são as divisões sociais, a falta de justiça, a ausência de
cooperação e o fracasso de uma governança global, que estariam todas expostas
como nunca antes. “Um novo mundo emergirá, cujos contornos são para nós
imaginarmos e desenharmos”, afirma num claro arroubo autoritário. Todo
revolucionário sonhou com um “novo mundo” e com páginas em branco para brincar
de desenhá-lo. Não é nada original esse anseio, portanto.
Schwab questiona quando as
coisas voltarão ao normal, e responde, sem titubear: nunca! Ele elabora seu
raciocínio: “Nada jamais retornará ao sentido ‘quebrado’ de normalidade que
prevalecia antes da crise, porque a pandemia do coronavírus marca um ponto de
inflexão fundamental em nossa trajetória global”. Alguém poderia dizer que o
autor está quase empolgado com a pandemia, torcendo por ela para “consertar” o
mundo “quebrado” que tínhamos antes. Seria ele um “pandeminion”, ou um
“coronalover”, então?
Sabemos no que resulta o sonho
de um mundo sem fronteiras: em gulags na Sibéria
A coisa chega ao ápice da
arrogância quando ele diz que podemos até falar em AC/BC, para se referir a
antes do coronavírus e depois do coronavírus, marcando a mudança de uma era. A
partir de agora teremos uma “nova normal” radicalmente diferente, diz, e passa
a comparar com rupturas passadas que fizeram impérios inteiros colapsarem e
deixarem de existir. Mas isso não precisa significar receio. Schwab enxerga o
céu como o limite para nossas mudanças: “As possibilidades de mudança e a nova
ordem resultante são agora ilimitadas ou limitadas apenas pela nossa
imaginação”.
E por falar em imaginação… Imagine é
a música que vem à mente diante de seus devaneios. O ex-beatle John Lennon
também sonhava, afinal, com um mundo sem fronteiras nacionais, sem religião,
sem guerras e, claro, sem propriedade privada, todos unidos por um sentimento
comunitário lindo e acolhedor. É verdade que ele sonhou isso de sua milionária
cobertura em Nova York, mas estava longe de ser o único sonhador. Outros tentaram
de fato pôr em prática esse sonho, e sabemos como o experimento terminou:
em gulags na Sibéria!
A senha para a defesa de um
“governo mundial” está dada na obra: “Já que agora estamos no mesmo barco, a
humanidade tem que cuidar do barco global como um todo”. E o método é o
autoritarismo “necessário”, como diria certo biólogo alçado ao patamar de
especialista por nossa imprensa. Schwab usa a mesma fonte capenga adotada pelo
biólogo brasileiro, e afirma, em nome da ciência, que, de acordo com um estudo
conduzido pelo Imperial College London, bloqueios rigorosos em grande escala
impostos em março de 2020 evitaram 3,1 milhões de mortes em 11 países europeus.
Ciência, ciência, ciência!
O resumo da ópera é que tudo é
sobre o controle de nossa vida, imposto de cima para baixo por tecnocratas e
bilionários “abnegados”. Não por acaso os globalistas já misturam deliberadamente
o “aquecimento global” — agora rebatizado de “mudanças climáticas” — e a
pandemia. Ambos fornecem o pretexto perfeito para uma espécie de governo
mundial, atropelando as fronteiras nacionais em nome do combate a uma crise
global. E sempre com o respaldo da “ciência”, naturalmente. Quem ousar
contestar as diretrizes da OMS ou da ONU será “cancelado” nas redes sociais,
acusado de “negacionista”, “obscurantista” ou mesmo “terraplanista” por seus
detratores.
É disso que se trata o “Great
Reset”, pregado abertamente por globalistas como Klaus Schwab, Justin Trudeau,
George Soros, João Doria e tantos outros. Quem repete que tudo não passa de
teoria conspiratória de reacionário paranoico está ou agindo de má-fé, ou com
preguiça de ir direto à fonte. Basta ler o que os próprios globalistas estão
dizendo, afinal de contas!
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