segunda-feira, 3 de maio de 2021

Manifestações de 1º de maio mostraram o que o povo deseja

Alexandre Garcia

Eu nunca tinha visto um 1º de maio como foi esse sábado. Eu nasci em 1940. Ainda peguei um restinho da ditadura Vargas fazendo grandes festas na data no estádio São Januário, do Vasco. E depois, no segundo governo Getúlio, eu lembro das festas nos círculos operários. Mas nunca vi nada igual ao sábado. Foi uma apoteose na Avenida Paulista, totalmente cheia, na Esplanada dos Ministérios, em Copacabana.

Belém, Pará, 1-5-2021. Foto: Marx Vasconcelos/Estadão Conteúdo

Foi uma demonstração daquele de onde emana o poder. O primeiro artigo da Constituição diz que todo poder emana do povo. Não é da mídia, é do povo. E o povo expressou, em primeiro lugar, censura ao Supremo, em segundo lugar, apoio ao presidente, em terceiro lugar, pedido de voto auditável, em quarto lugar, os gritos de “eu autorizo”, dizendo que a fonte de poder está transferindo o poder ao presidente da República para fazer o que for necessário para que as pessoas não saiam mais da Constituição. Porque a Constituição tem tido alta frequência de desrespeito. Estão desrespeitando direitos constitucionais de uma cláusula pétrea, que a própria Constituição diz que não pode sequer ser abolida em uma emenda. Mas aboliram.

Fica aqui o registro da manifestação popular. Ninguém fez propaganda em órgãos tradicionais da mídia, ninguém anunciou, ninguém falou, a não ser nas redes sociais. E foi essa surpresa, essa explosão de manifestação de pessoas de todas as idades que saíram de casa para se expressar.

Um esforço diplomático

Por fim, queria registrar o trabalho que teve o presidente da República. E vamos fazer Justiça. Foi o então secretário de Comunicação Fábio Wajgarten que levou ao presidente as preocupações sobre o motorista do então jogador do Spartak, Fernando, que agora está na China.

O motorista levava para o sogro do jogador o remédio Mytedom, o cloridato de metadona, que é para dor. E também serve para as pessoas que estão passando por desintoxicação de droga. Mas no caso, era contra dor. Ele é liberado no Brasil e custa baratinho, mas na Rússia é proibido e ele pegou uma pena de três anos de prisão. Já estava há dois anos na prisão. O presidente entrou nessa, o Itamaraty, o prefeito de Moscou, o jogador Felipe Melo, e por fim Putin. Conseguiram um perdão para ele, voltando ao Brasil nessa semana.

Título e Texto: Alexandre Garcia, Gazeta do Povo, 2-5-2021, 22h18

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