As eleições vão ser realizadas daqui a um
ano. É esse o período de tempo que precisa ser levado em conta para qualquer
cálculo sobre a real eficácia da 'solução coronavírus'
J. R. Guzzo
Cada vez mais, pelo que se
nota no noticiário, a vasta constelação de “oposições” ao governo do
presidente Jair Bolsonaro joga o grosso das suas fichas na “CPI
da Covid”; é por aí, nas esperanças dos inimigos, que pode estar o mapa da
mina. Luciano Hang, Prevent Senior, “kit” cloroquina, genocídio, general
Pazuello, ações para comprar vacinas, ações para não comprar vacinas — tudo
serve, segundo as análises políticas gerais, para enfraquecer Bolsonaro,
fortalecer Lula (e/ou possíveis candidatos da “terceira via”) e resolver a
eleição de 2022. É a “solução covid”.
Mas será que a “solução Covid”
é mesmo uma solução? Seria por aí, realmente, o caminho para derrotar o
presidente em sua tentativa de reeleição para o cargo? É algo a ser visto,
ainda. A CPI atingiu o máximo de possível do barulho que podia fazer na mídia;
mais alto que isso não fica. E qual o resultado prático de toda essa explosão
nuclear sobre a saúde do governo? Os institutos de pesquisa dizem que a popularidade
de Bolsonaro se aproxima do zero. Mas as ruas não dizem isso; na última vez em
que deram as caras, mais de 200 mil pessoas foram para a Avenida Paulista
manifestar seu apoio ao presidente. Bola dividida? No mínimo.
Se o passado e o presente da “solução CPI” não parecem ter sido a “bala de prata” da oposição, resta indagar o que pode trazer o futuro. É preciso ter em mente, para lidar com isso, que há uma diferença essencial entre o que os meios de comunicação dizem e o que acontece na vida real. Você ouve, vê e lê uma coisa, mas os fatos podem trazer outra; antes de acreditar no que lhe dizem, portanto, é prudente esperar para ver o que de fato é verdade.
As eleições vão ser realizadas
daqui a um ano. É esse o período de tempo, então — um ano — que precisa ser
levado em conta para qualquer cálculo sobre a real eficácia da “solução covid”.
A chave de tudo é saber a quantas vai andar a epidemia a médio prazo e, sobretudo,
no dia em que o eleitor for às urnas. Data hoje, o panorama não parece
promissor para a oposição. Setembro foi o mês com menos mortes por covid desde
abril de 2020. Mais de 148 milhões de pessoas já foram vacinadas pelo menos uma
vez; não há mais dúvidas de que a totalidade da população terá recebido duas
doses de vacina na virada do ano. O público volta aos estádios de futebol.
Começa a se cogitar, nas grandes cidades, no abrandamento ou na abolição do uso
de máscaras. Onde fica, então, a bandeira da CPI?
Pode haver uma desgraça, é
claro, e a coisa toda voltar ao que era; mas a oposição não pode contar com
isso enquanto não acontecer. Ao fim e ao cabo, o que interessa é o seguinte:
vai haver covid no dia da eleição, em outubro do ano que vem? Ou vai ou não
vai; está com cara de que não vai. Se não for, a esperança de liquidar a
candidatura de Bolsonaro com a “CPI” vai ficar mal. Quem vai se lembrar, daqui
a um ano, do general Pazuello? Quem vai estar exigindo “vacina para todos”? O
mal da CPI, para o presidente, tem de ser causado agora — e tem de durar até as
eleições. Ou é isso, ou não será nada.
Título e Texto: J. R. Guzzo, Estado de S. Paulo, via revista OESTE, 7-10-2021, 9h49
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-