Telmo Azevedo Fernandes
Tal como Portugal, a Hungria
apoiou e implementou as mais pesadas sanções de sempre aplicadas pela União
europeia à Rússia no seguimento da criminosa e totalmente injustificada guerra
na Ucrânia da responsabilidade do agressor Putin.
Ao contrário de Moçambique ou
Angola, a Hungria votou favoravelmente a condenação da ONU à invasão da Ucrânia
pela Rússia. Ao contrário dos mesmos países, já em 2014 a Hungria tinha votado
a favor da condenação da anexação da Crimeia.
A Hungria já acolheu cerca de
400 mil refugiados de guerra ucranianos, diferentemente de Portugal que recebeu
15 vezes menos pessoas.
Todavia, jornalistas portugueses
e comentadores televisivos nacionais, assim como a habitual trupe de arrogantes
que se passeiam no Facebook e no Twitter, têm a lata de afirmar que a vitória
de Viktor Órban nas mais recentes eleições gerais do país (tal como António
Costa, aliás, com maioria absoluta) é uma vitória de Vladimir Putin.
Para esta gente que se
pavoneia nas redes sociais e nos órgãos de comunicação social a exibir o seu
ridículo autoconvencimento de que são os mais humanos dos seres humanos e os
mais bondosos dos bons, tudo o que fique aquém de uma resposta militar direta e
total da NATO e de Portugal contra a Rússia não é civilizado nem aceitável.
Curioso é que nenhum destes patetas tenha deixado o conforto do seu lar ou a proteção
do seu teclado de computador para integrar a legião estrangeira que defende o
território da Ucrânia. Assim como não se ouviu destes pascácios nenhuma revolta
contra as mais do que dúbias posições de países ditos irmãos como Angola ou
Moçambique.
Por quê?
Simplesmente porque Viktor Órban é de Direita, nacionalista, conservadora cristã. Esta Direita não é a minha e o homem parece ter pulsões autoritárias e populistas que rejeito. Mas, ao contrário do que se omite na opinião púbica, Órban derrotou a esquerda, mas sobretudo ganhou contra um outro partido, esse sim, radicalmente à direita.
As florezinhas de cheiro do
pensamento, zeladores do politicamente correto não perdoam é a Órban ter
proibido propaganda de natureza sexual nas escolas, ser contra a legalização do
aborto e da eutanásia, crítico das agendas da ideologia de género e dos
fatalismos e fanatismos das emergências climáticas. O euroceticismo de Órban e
sobretudo a primazia que dá às leis nacionais sobre os regulamentos que uma
comissão europeia não eleita popularmente quer impor ao país, não lhe granjeou
simpatias junto das elites urbanas bem-pensantes em Portugal. Daí que várias
luminárias “comentadeiras” queiram castigar a Hungria ou mesmo expulsá-la da
União.
Durante os dois anos da agora
esquecida covid, chamaram Órban de negacionista e chalupa. Agora, com crise na
Ucrânia chamam-no de putinista e colaboracionista com o regime russo, numa
tentativa de segregação e criação de um cordão sanitário entre a direita
política que é domesticada e tolerada pela esquerda, e a direita de que os
beatos progressistas e globalistas têm receio.
São reflexos da húbris
umbiguista e a velha e miserável técnica dos fracos lançarem anátemas sobre
quem pensa de forma diversa e tem um diferente entendimento do mundo. Ao
excomungarem Órban, revelam a vergonha que realmente têm pela Democracia e
sobretudo o medo que têm da liberdade.
Em vídeo, a minha crónica de hoje está aqui.
Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 6-4-2022
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