'Com a ajuda da imprensa, do Judiciário e
do Exército, ele chegará lá', afirma colunista da Revista Oeste
Adrilles Jorge
Projeção espelhada. Espelhamento. É a patologia que explica o sabujismo de Lula ao ditador sanguinário Nicolas Maduro, da Venezuela. Lula não enlouqueceu. Sabe que todos sabem, que o mundo sabe que Maduro é um ditador responsável por torturas, mortes, estupro coletivos e perseguições, na ditadura mais violenta da América Latina. O que Lula quer é ser Maduro. Quando diz que a Venezuela é uma democracia e que acusar Maduro de ditador é mera narrativa, Lula olha para o próprio umbigo. Ou melhor dizendo, para o próprio país. O Brasil também não é uma democracia.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Por aqui, pessoas que não
compactuam com o regime também são perseguidas, censuradas e massacradas, por
um aparato e um discurso pseudodemocrático. Aqui, pessoas ainda não são mortas
ou torturadas. Ainda. Também há outra diferença: a ditadura é do Judiciário,
não de Lula. O presidente é o jabuti que o “judiciário supremo” colocou em cima
da árvore para seguir com seus desmandos — com aparência de uma república
responsável.
Lula é quem foi cooptado de
graça para ser colocado como rainha da Inglaterra dos supremacistas togados,
com largo apoio da mídia
Diferentemente da Venezuela,
onde juízes, políticos e Exército foram comprados pelo governo central, Lula é
quem foi cooptado de graça para ser colocado como rainha da Inglaterra dos
supremacistas togados, com largo apoio da mídia — para que todos se livrassem
do incômodo de Jair Bolsonaro. Lula sabe disso, mas quer mudar o jogo. Loucura?
Mas sua soltura, tendo sido condenado em três instâncias por uma dezena de
juízes, já foi uma loucura suprema calculada.
Sua candidatura, de corrupto condenado à sua volta à Presidência patrocinada por uma justiça parcial, foi uma loucura calculada. Seu discurso vingativo, de querer usar a máquina de Estado para massacrar inimigos e cercear liberdade de comunicação é loucura calculada, assim como o apoio em massa de uma grande mídia à sua eleição foi outra loucura calculada. Assim, Lula quer enfiar seu discurso insano de justificar a democracia ditatorial de Maduro para enganar o povo — que o elegeu — e se colocar como imperador do Brasil. Acima do próprio Supremo, que o recolocou no poder. E acima da própria grande mídia, que o ajudou a se eleger.
A mídia, Lula e Maduro
Grande mídia esta que agora se
sente agredida. Simbolicamente e literalmente. O soco que levou no peito a jornalista Delis Ortiz é
tão grave como o soco que levou a consciência dessa mídia, que elegeu um
candidato a ditador e que tece loas a outro ditador. Ditadura não respeita
aliado. Ditadura massacra todos que estiverem no caminho de sua tirania. Uma
pergunta incômoda, um soco. Um tiro. Uma morte. Assim deveria saber a Rede
Globo quando mentiu descaradamente sobre Lula ser a possibilidade de uma volta
ao espírito democrático do país.
Essa imprensa investiu na
narrativa (esta sim) falaciosa de afirmar que o governo Bolsonaro era uma
ameaça à democracia
Lula, se agora mente sobre a
Venezuela, se sempre mentiu sobre tudo, na campanha não mentiu. Disse que iria
regular os meios de comunicação, as redes sociais. Prometeu que iria perseguir
desafetos, a Lava Jato. Reiterou sua amizade com ditaduras, que ele financiou e
promoveu, inclusive. Em suma, disse, com tudo que disse, que iria fazer um
governo autoritário, que estava se sagrando candidato a ditador.
A Rede Globo e toda a grande
mídia fez ouvidos moucos. Essa imprensa investiu na narrativa (esta sim)
falaciosa de afirmar que o governo Bolsonaro era uma ameaça à democracia, que
ele era candidato ao golpismo, que era a manifestação viva do fascismo, quando
foi um governo que clamava o tempo todo por liberdade contra os autoritarismos
e perseguições perpetradas pelos supremos.
A grande mídia, incluindo a
Rede Globo, ora aplaudiu, ora silenciou sobre a parcialidade da Justiça
Eleitoral, que chegou a proibir que se dissesse que Lula era — ora vejam —
amigo e financiador de ditaduras sanguinárias. Essa mesma grande mídia ora
silenciou, ora aplaudiu a censura, a derrubada de redes sociais, de contas
bancárias ou mesmo a prisão de jornalistas, influenciadores, pessoas que
ousassem contestar o regime. A grande mídia endossou um regime de arbítrios e
autoritarismo coroado pela eleição de um corrupto candidato a ditador. E agora
recebe um soco no peito. Simbólico e real.
Hora de reconhecer o erro?
Tarde demais para reconhecer o
erro? Nunca é tarde demais, mesmo que o errado seja responsável pelo mal que
afeta a ele mesmo. Mas ainda assim, ainda sendo socada — simbólica e
fisicamente — pelo ambiente de tirania que ajudou a eleger, a Rede Globo
insiste em ser negacionista da própria loucura calculada. A jornalista Natuza
Nery chegou a afirmar que Lula estava dando elementos à “narrativa” de uma
extrema direita, que, segundo ela, insistia haver laivos de discurso autoritário
em Lula e em quem o elegeu. Negacionismo ou tentativa reiterada de cálculo de
loucura? Esta loucura calculada foi que levou ao soco desferido no peito de uma
jornalista e no peito de uma nação.
Parte imensa da grande mídia
nos levou a este estado de horror que estamos: perseguição, censura, prisões
arbitrárias e ruína econômica à vista
A Rede Globo segue socando a
realidade que se desmorona sobre os próprios pés e sobre os pés da nação. Parte
imensa da grande mídia nos levou a este estado de horror que estamos:
perseguição, censura, prisões arbitrárias e ruína econômica à vista. Tudo isto
tem culpa demarcada. Distribuída. Judiciário. Mídia. Talvez seja por isto a
razão da loucura de Natuza Nery e da Rede Globo de seguir o discurso que
desgraça a própria profissão de jornalista e a vida livre do cidadão
brasileiro. Chamar de “extrema direita” a todos que veem desesperados a
liberdade de uma nação ser solapada por um corrupto condenado e candidato a
ditador que apoia e financia ditaduras desde sempre, é apoiar a mesma
insanidade do discurso de um presidente que louva um monstro assassino como
Maduro.
Entendam: é exatamente por
esta loucura desta mídia apócrifa que Lula pensa em ser ditador. Quando a Globo
chama de “extrema direita” todo aquele que pede por liberdade e apontou para os
caminhos óbvios da tirania lulista, a emissora está endossando as próprias
palavras de Alexandre de Moraes, que disse que uma certa “extrema direita” está
cometendo crimes de pedofilia, homofobia, nazismo, assassinato de crianças e “crimes
contra o estado democrático de direito”. Tudo no mesmo balaio.
Tem método esta loucura:
esmagar todos que se coloquem contra o regime como sendo de uma extrema direita
nazista. Método insano, mas que tem funcionado. E que funcionou para a eleição
de Lula e a afirmação autocrática do Supremo. Método insano que tem funcionado
para a ruína de uma nação e da própria grande mídia que o endossa.
Título e Texto: Adrilles
Jorge, Revista
Oeste, 4-6-2023
O fim da propriedade privada
O tucano e o escorpião
O “carrinho” do atraso
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