Depois do filme 'Os Rejeitados', cerca de 50 pessoas ficaram trancadas dentro da casa: 'Situação inconcebível e desesperadora', disse uma cliente
O Dia
Os pedestres que passaram próximo ao número 35 da Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, na Zona Sul, escutaram os gritos de aproximadamente 50 pessoas vindos da Estação Net Rio, por volta das 23h40, do último sábado (27). O público entrou em desespero depois que os funcionários trancaram as portas do cinema, pois esqueceram que o filme "Os Rejeitados" ainda estava sendo exibido na sala 3.
De dentro do local, em meio a
escuridão, Marcelo Alonso decidiu gravar um vídeo e contar o momento de tensão.
Nas redes sociais, o homem disse que chamou o Corpo de Bombeiros e a Polícia
Militar. " Estamos presos. Os funcionários do cinema foram embora e
deixaram todos nós trancados. Isso é absolutamente absurdo", disse
Marcelo, indignado com a situação daquela noite.
Exatamente às 23h40, o quartel
do Humaitá, do Corpo de Bombeiros, foi acionado pelo público que estava preso
na Estação Net Rio, um dos mais famosos e remanescentes cinemas de rua do
Rio de Janeiro. No entanto, 25 minutos depois, a corporação foi informada que o
problema já havia sido resolvido. Procurada, a Polícia Militar afirmou que os
funcionários retornaram e abriram o local, mas não houve registro de ocorrência
no batalhão da área.
Também nas redes sociais, Ruth Kauffmann detalhou como tudo aconteceu. "Na platéia, aproximadamente 50 pessoas assistiam 'Os Rejeitados', um filme maravilhoso. Ao encerrar, todos dirigiram-se à saída da sala, mas estava tudo escuro. Um breu total. Tomamos todo o cuidado para não tropeçar nas escadas. Já achamos estranha a situação", escreveu.
Ruth, então, relatou o que
fizeram quando perceberam que estavam trancados. "Chegando ao térreo, as
grades da porta estavam muito bem trancadas com vários cadeados. Todos ficamos
desesperados e começamos a gritar. Passaram-se uns 25 minutos e dois funcionários
surgiram dizendo: 'Nós achamos que já não tinha mais ninguém no cinema.
Desculpa, vamos abrir a porta para vocês'. Uma situação inconcebível e
desesperadora", contou Ruth.
Pelo perfil oficial
"Estação NET de Cinema" no Instagram, a diretora-executiva do Grupo
Estação, Adriana Rattes, disse que estava pronta para tomar a
"merecida ovada" dos clientes. "Quero pedir desculpas a todos
que foram vítimas dessa situação absurda. Ser trancado em um cinema não é
admissível e nunca aconteceu em 40 anos. Isso foi fruto de um erro da nossa
gerente, que não fez ronda pelas salas antes de apagar as luzes e fechar a
casa", afirmou.
Ao DIA, Adriana
disse quais as medidas foram tomadas diante do caso. "A direção do
Circuito Estação Net está consternada com este episódio. Estamos, desde então,
tentando achar as pessoas que passaram por este susto para pedir desculpas e
buscar formas de compensá-los. Para cada um, vamos oferecer um kit de
cortesias permanentes para 2024, sempre com acompanhante e pipoca, além de
fazer uma pré-estreia especial só para eles. A gerente foi suspensa,
enquanto apuramos todos os detalhes", explicou a diretora.
O despejo da Estação Net
Rio
No dia 10 de novembro de 2021,
a Justiça do Rio determinou o despejo da Estação Net Rio. À
época, a titular da 27ª Vara Cível, juíza Elisabete Franco Longobardi, explicou
que a ação foi motivada por falta de pagamento de aluguéis atrasados do espaço,
que pertence à tradicional família Severiano Ribeiro.
Na ocasião, o Grupo Estação
não pagava os aluguéis desde março de 2020, quando a pandemia começou. "O
Grupo Estação apresenta problemas em cumprir seus compromissos com o Grupo
Severiano Ribeiro (GSR) desde 2014, quando em apoio ao cinema e a sua sobrevivência,
o GSR abriu mão de um valor significativo de aluguel, respeitando seus
parceiros e locatários", dizia a nota.
Em outubro de 2022, o Grupo
Estação convocou um ato pela permanência do cinema e
afirmou estar disposto a negociar. Nas redes sociais, a Estação Net de Cinema
chamou cineastas, artistas e cinéfilos para o protesto.
No dia 10 de fevereiro de
2023, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) suspendeu a sentença que determinava o despejo
do tradicional cinema. Na decisão, os magistrados acompanharam, por
unanimidade, o voto do relator, o desembargador Caetano Ernesto da Fonseca
Costa, que determinou uma prova pericial para verificar o débito atualizado do Grupo
Estação em relação aos meses de aluguéis não pagos.
Reportagem do estagiário Leonardo
Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini, O
Dia, 1-2-2024, 11h34
Durante muitos anos, dei suporte informático a uma escola de línguas. Contaram-me uma história de, certo dia, uma das professoras ter ficado lá fechada porque, estando na casa de banho, não ouviu o funcionário a perguntar se ainda havia alguém naquele andar. Felizmente, já havia telemóveis naquela altura...
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