Humberto Pinho da Silva
Tive um primo – digo
"tive", porque há muito faleceu – que embarcara na companhia dos pais
para o Rio de Janeiro. Rondava, nessa ocasião, os quatro anos.
Após imensas dificuldades,
o pai empregou-se nos bondes; mais tarde, conhecendo melhor a cidade, ocupou
lugar de escriturário numa importante empresa.
Entretanto, o menino
cresceu. Tornou-se "guapo" adolescente, trabalhador e extremoso pelos
pais. Chegou, porém, a idade de cumprir o serviço militar.
Mas o rapaz possuía duas
nacionalidades: a portuguesa, pelo sangue e nascimento, e a adotiva, onde foi
criado. Nessa época, o Brasil concedia, generosamente, aos cidadãos
portugueses, a nacionalidade.
Apresentou-se o mancebo, à
inspeção, e declarou ser português.
Os militares, então
disseram-lhe: "Como português, tem de se apresentar às autoridades do seu
país."
Ao escutar isso, o rapaz,
refletiu: "Por certo não me mandarão para a Europa, mas dizem-me: quem não
cumpre o serviço, tem de pagar taxa anual” – e pensou: "O melhor é não dar
cavaco".
Deslizaram décadas. Bateu-lhe a saudade da terra dos pais de tanto ouvir-lhes falar dela. Além disso, também queria dar um giro pela velha Europa – o primeiro mundo.
Falou com despachante
amigo, para tratar de tudo, incluindo o passaporte.
Faltava-lhe, porém, a
documentação militar.
E agora? Aconselharam-no
aguardar mais uns anos... Então, mais maduro, tudo se resolveria mais
facilmente.
Assim fez, e já
aposentado, conseguiu realizar a desejada viagem.
E tudo por não se ter legalizado na época própria. Dizia-a ele: "Sou brasileiro. Fui criado no Brasil, onde estudei e trabalhei. Gosto de Portugal, mas a minha `Pátria de coração, é e sempre será, a brasileira”.
Título e Texto: Humberto
Pinho da Silva, setembro de 2024
A crise de autoridade, na família e na sociedade
O "Meno" tinha razão ou Quem inventou o telefone?
Como conhecer o caminho?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-