quinta-feira, 18 de julho de 2013

Complexidades

José Carlos Bolognese
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 Não quero ser injusto com a comissão de parlamentares que foi ao ministro Joaquim Barbosa e aos ilustres senhores Adams e Moreira Alves. Agradeço particularmente aos senadores Ana Amélia, Álvaro Dias, Paulo Paim e deputado Rubens Bueno, por serem os que, desde longo tempo, batalham pela causa dos ex-trabalhadores e aposentados da Varig. Mas não consigo deixar de pensar que foram, mais uma vez, enrolados, que viram mais do sempre mesmo argumento de ser o caso Varig/Aerus, uma questão que toca à “sensibilidade” do governo, para depois ser emendado com a falácia de que é também um caso “complexo” e como tal, demanda longo tempo de resolução.

Complexidade de fato
Em 12 de setembro de 1962 o Presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy (que talvez o governo atual & staff não conheçam, pois devem pensar que o primeiro presidente americano foi Bill Clinton) disse num célebre discurso:
“Decidimos ir à Lua nesta década e fazer outras coisas, não por serem fáceis, mas porque são difíceis (complexas), etc., etc.”
Kennedy não viveu sua profecia, mas no dia 20 de julho de 1969 a “Eagle” pousava no satélite da Terra. No dia seguinte, 21, Neil Armstrong dava “Um pequeno passo para o homem; um salto gigantesco para a Humanidade”.



Menos de sete anos, menos tempo do que a longa humilhação de trabalhadores e aposentados da Varig, imposta obviamente por gente que usa a palavra complexidade como desculpa por não entender que União não é só marca de açúcar, e sim, o conjunto de cidadãos/eleitores/trabalhadores/pagadores de impostos, com direitos e deveres e sob a proteção da Constituição, onde aliás, se garante o maior de todos os direitos: O direito à vida! 

O caso é este, senhores, não existe complexidade nenhuma no calote imposto aos trabalhadores e aposentados Varig/Aerus, nem em sua revogação e devolução de direitos escandalosamente usurpados. Não há complexidade alguma – a não ser para explicar o inexplicável – em se admitir que a terceira fonte de custeio do Aerus, os 3% sobre as passagens domésticas, recursos dos trabalhadores da aviação civil, foram simplesmente surrupiados com o aval do governo. Portanto, onde a complexidade na devolução?
Os pequenos passos (contribuições) que demos ao longo de décadas para ficarmos a salvo da sinistra previdência oficial (até desonerando o estado em larga margem) resultaram num grande salto dentro de um abismo de iniquidades. As complexidades, aí sim, são as de sobreviver em idade avançada, sem recomeços possíveis, com perda de bens conseguidos honestamente, sem poder cuidar da saúde por falta de recursos que nos roubaram. Complexa é a situação em que ficam famílias destruídas pela perda de familiares que não eram marajás do “serviço público”, mas simples aposentados da aviação.

Por fim, o que nada tem de complexo, mas de escandaloso, é que a sensibilidade desses senhores nos fala em garantir nossos “proventos” (palavras ao vento?) por até DEZ anos. Isto demonstra como são mesmo dados a complexidades complexas. Toda a engenharia do governo, todos os seus sábios, chegaram à conclusão (complexa, não?) que, desde alguma data, no fim deste ano – ou será em 2014? – nós só poderemos viver por mais dez anos. Sim, porque para viver, é preciso alguma renda, ainda que muito, muito longe em tamanho da que estes dedicados servidores públicos recebem até depois de mortos.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 18-7-2013, ex-aeronauta da Varig sofrendo as complexidades de uma aposentadoria roubada.

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Um comentário:

  1. Não estou entendendo! Alguém pode me explicar? Não foi estes 3 cidadãos, Adams, Moreira Alves e o Sr. Joaquim Barbosa que foram contra a nossa ação que obriga a União a pagar os nossos salários, como é que agora aparecem os 3 para falar em um acordo? Acho que é mais uma enrolação para prorrogar o nosso sofrimento! Queira Deus que eu esteja errado!

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