quinta-feira, 3 de julho de 2014

É preciso endireitar a América Latina, com urgência

VENEZUELA E BRASIL COMEÇAM A ACORDAR DO PESADELO SOCIALISTA
Francisco Vianna

Na Venezuela e no Brasil, os líderes messiânicos, populistas e demagógicos começam a se desmoralizar pelas próprias realidades a que conduziram seus países, pela ineficiência administrativa e pelos sinais inequívocos de enriquecimento ilícito de seus próceres.

Na Venezuela, a popularidade de Maduro, ‘amadureceu’ tanto que deu bicho e está apodrecendo no pé a ponto de cair. Seu “alegado prestígio” está em queda livre e, numa eleição limpa, hoje, seria fragorosamente derrotado pela oposição. Aliás, é do consenso geral entre os venezuelanos que ele só foi eleito pela manipulação das urnas eletrônicas usadas no país e outros expedientes ilegais, medo que também assusta os eleitores brasileiros.

A piora da crise econômica, de fato, tem tornado a vida dos venezuelanos um verdadeiro inferno, a ponto da grande maioria não querer mais saber da ‘Revolución Bolivariana’, inclusive entre os menos educados e desprovidos de recursos, que são os que mais estão sofrendo com a escassez de quase tudo, como ocorre em Cuba, o país inspirador do regime.

Cada vez há menos respaldo à base tradicional do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o qual pretende estabelecer uma “sociedade de partido único”, assim como também deseja o PT (Partido dos Trabalhadores) no Brasil. Para isso cometem todas as barbaridades possíveis e imagináveis em política, para se manterem no poder, exceto tentarem contornar suas profundas incapacidades administrativas e coibir a corrupção rampante no meio político. Até mesmo os “socialistas” estão insatisfeitos, tanto na Venezuela como no Brasil, isso sem falar na Argentina, na Bolívia e em outras repúblicas menores que implantaram regimes populistas e demagógicos de esquerda.

Uma série de enquetes publicadas nas últimas semanas revela que cerca de dois terços dos venezuelanos já falam abertamente a respeito da necessidade de uma mudança de governo e que o ‘movimento revolucionário’ encontra-se na sua maior crise de credibilidade desde que foi implantado pelo falecido líder messiânico populista e não menos demagogo Hugo Chávez Frias, com as próprias bases do chavezismo a considerar que as últimas políticas têm sido fracassos sucessivos e a se mostrarem inseguras de que Maduro saiba o que está fazendo.

No Brasil ocorre o mesmo, com a Presidente Dilma Rousseff, o seu partido e as suas ‘eminências pardas’, Lula da Silva e o Foro de São Paulo, querendo ser vistos pelas costas pela maioria das pessoas.

Alfredo Keller, presidente do Instituto de Pesquisas e Enquetes Keller e Associados em Caracas, diz que “o governo dá um passo adiante e dois a ré, enviando na maioria das vezes mensagens confusas e equivocadas ao eleitorado e quando se percebe a segmentação socioeconômica, já não existe apoio majoritário ao PSUV, ao chavezismo em geral e nem sequer ao governo nos setores mais populares”, ou seja, onde as pessoas costumam facilmente se tornar massa de manobra do populismo demagógico da máquina estatal.

Nesse ponto, o regime está a ponto de perder as próximas batalhas e possivelmente a guerra pela continuação e aprofundamento de um sistema que todos sabem a que fim trágico levará o país, apesar de todo o seu petróleo.

De acordo com as últimas pesquisas de opinião da Keller & Associados sobre o segundo trimestre deste ano, a popularidade de Maduro já caiu 20 pontos percentuais desde que iniciou sua gestão, quando então, ela passava de 57 por cento. Hoje, com menos de 37 por cento de aprovação, o regime começa a se preocupar em arranjar um jeito de se perpetuar no poder sem que seja preciso o voto popular. E todo mundo sabe o que isso significa.

Há também os que acham que a queda não corre por conta apenas da mediocridade e incompetência de Nicolás Maduro, mas também pelo fato de que o chavezismo em si está perdendo o respaldo popular e de dentro das próprias fileiras partidárias que o têm apoiado. Há um número cada vez maior de pessoas que não se sentem representadas com Maduro e nem com o processo revolucionário, que é responsável pela fuga intensa de capitais – financeiros e humanos – do país.

A própria PDVSA, a estatal petrolífera da Venezuela, está em franca decadência de extração e refino em função da intensa escassez de mão-de-obra qualificada que se escafedeu do país desde que Chávez implantou o “Socialismo Del Siglo XXI” na Venezuela. Desse modo, as placas tectônicas da plataforma continental da política venezuelana já começaram a se mover com uma intensidade crescente, podendo-se prever cataclismos e tsunamis adiante no panorama social do país.

Dentro do próprio chavezismo já há questionamentos à pífia gestão política e administrativa de Maduro e, fora dele, os demais já pregam abertamente a necessidade do retorno ao sistema capitalista de livre mercado para que se evite um colapso completo da economia.

No Brasil, com a grande mídia cooptada pelos papagaios do BNDES, essa tendência se observa nos estádios lotados da Copa do Mundo da FIFA, que têm recepcionado a Presidente com calorosas vaias e xingamentos cantados em coro uníssono e de forma audível e que não deixam a menor dúvida da insatisfação da maioria.

De acordo com os últimos números apurados, 71 por cento dos venezuelanos considera que “as coisas na Venezuela” vão de mal a pior em comparação com 25,7 por cento que ainda acredita que está tudo indo conforme o esperado.

Essa percentagem sobe para 88,44 por cento nas classes A e B (de maiores recursos), quando se pesquisa em termos de distribuição populacional, quanto à percepção de que a situação geral do país está péssima e tende a se agravar ainda mais. Na classe média, essa percepção é a de 73,95 por cento (classe C) e já chega a 62,22 por cento entre os integrantes das classes D e E (os de menos recursos), segundo a empresa de pesquisas de Hernández Hercón.

Mesmo assim, 72,4 por cento dos venezuelanos considera que a situação econômica do país piorou muito e 73,2 por cento diz estar convencido de que continuarão a piorar ainda mais nos próximos meses.

A grave crise econômica por que atravessa o país – com o setor privado praticamente paralisado, prateleiras vazias nos supermercados e a maior taxa de inflação do planeta – está erodindo de tal forma os argumentos de apoio ao chavezismo que até mesmo o propalado “legado de Chávez”, vai se tornando algo semelhante a um enorme erro cometido pela sociedade civil venezuelana, disse Hernández.

Tal tese é confirmada pela enquete de Keller, segundo a qual 60 por cento dos consultados consideram como falsa a afirmação que vem sendo repetida desde que se iniciou o período chavezista de que “sob a Revolução Bolivariana, a Venezuela se transformaria numa potência mundial”.

Outras sandices populistas e demagógicas repetidas pelo governo através de seus instrumentos de propaganda também estão a demonstrar que elas já quase nada representam junto à população, que se sente traída e enganada, inclusive pelos discursos de Maduro e do presidente da estatal petroleira da Venezuela, Rafael Ramírez, que insiste em afirmar que o “modelo econômico” do governo teve pleno êxito e, por isso mesmo, a economia “vai bem”.

Tal alegação – conforme a enquete da Keller – é rechaçada por 69 por cento dos venezuelanos e já virou mote de piadas no dia-a-dia. Como se não bastasse, os consultados também se mostraram em desacordo com algumas das políticas mais emblemáticas do chavezismo em matéria econômica, com 71 por cento mostrando-se contra as desapropriações feitas pelo estado, 85 por cento mostrando repulsa pelas faculdades do governo de obrigar os donos de residências a vender suas propriedades a preços estipulados pelo próprio governo e 82 por cento objetando a proibição de empresas de demitir empregados que não comparecem ao trabalho. Keller diz com muita segurança que “60 por cento da população venezuelana não acredita mais do Socialismo do Século XXI”.

Keller ainda analisa a situação dizendo que “as pessoas acham que é um modelo que não funciona, uma vez que causa a fuga de capitais internos e a inibição de capitais externos, assim como o êxodo da mão-de-obra especializada em todos os setores para a vizinhança sulamericana. Esse é o quadro que temos hoje em dia no país, e a diferença da situação de há cerca de cinco anos só cresce e agudiza os problemas. Ainda, 60 por cento da população considera que o modelo que está sendo posto em prática leva a Venezuela a uma situação de intensa pobreza e miserabilidade semelhante à existente em Cuba dos Castros”.

Acreditam, as empresas de pesquisas de opinião, que essas percentagens provavelmente continuarão a aumentar na medida em que a crise econômica e as restrições políticas forem se agravando.

O quadro, de fato caminha para uma situação que, mesmo numa democracia aparente, o chavezismo não poderá se sustentar por muito tempo e, conforme recomendam os ditadores de Cuba, em breve a Venezuela terá que se desfazer de sua frágil aparência de democracia e as cartas da ditadura socialista, no estilo cubano, terão que ser postas sobre a mesa.

Quadro semelhante, embora ainda não tão crítico, vai se desenhando no horizonte do Brasil, onde os socialistas prosseguem em sua aventura que basicamente visa o enriquecimento pessoal de seus próceres, mas que chegará o dia – para muitos mais próximo do que se pode imaginar – onde a permanência no poder exigirá do PT e de sua “base alugada” a mesma disposição de expor na mesa, de vez, as suas cartas totalitárias.

Resta saber se, tanto na Venezuela como no Brasil, haverá forças suficientes para evitar que a ditadura retorne, desta vez de forma muito mais destrutiva que as anteriores. 
Título, Imagem e Texto: Francisco Vianna, 03-07-2014

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