Jonathas Filho
Li o texto do brilhante
José Manuel cujo título “O custo ao cidadão e a falta de horizontes” e facilmente
constatei que está totalmente baseado em fatos reais. Tenho a certeza que
nesta terra varonil, não nos faltam as ideias. Nos falta é o curso
delas, o prosseguimento desde o nascimento da ideia até a finalização de cada
obra.
Tenho a certeza que quem
projeta, considera o crescimento demográfico e suas implicações.
Tenho a certeza que quem
projeta não se descuida das interações com o meio ambiente e seus efeitos.
Tenho a certeza que quem
projeta, calcula o custo benefício da obra no atendimento ao público-alvo que a
utilizará.
Tenho a certeza também que
quem projeta uma obra como uma ponte, um arranha-céus, uma longa estrada, um
sistema viário marítimo, terrestre etc... projeta colocando toda a competência
e experiência para que o projeto seja viável, exequível dentro de um prazo,
durável por muito tempo, com resistência às intempéries e atenderá às
necessidades de uma população que a receberá pronta e utilizável, como consequente
retorno daquilo que pagam como tributos. Afinal, quem projeta é um especialista
que tudo antevê e em tudo se preocupa, para atender a todos os
detalhes, incluindo aí, até seu próprio desejo de realização
profissional.
Vaidade profissional?
Que seja!
Mas, infelizmente projeto é
projeto e obra é obra. E como toda obra é uma atitude do poder; o
poder modifica o projeto ao seu bel-prazer, não dando importância aos
impactos que ocorrerão posteriormente. Uma via urbana expressa de cinco
linhas pode ser alterada para apenas três linhas e sem os recursos de
acostamento, sem telefones de socorro, sem escoamento e esgotamento ideal das
águas pluviais, sem iluminação eficiente e com sinalização
precária pois, assim economiza-se no valor da obra, apesar da
fatura que será apresentada como de costume, deverá ser bem
maior do que o orçamento estabelecido a priori para o
projeto de cinco linhas e com todos os recursos previstos. Isso é
sistemático. O que deveria ser uma exceção virou regra, aplicável sem
qualquer embaraço. O poder não é o provedor do dinheiro, mas conforme a
vontade dele; mais parecendo com o personagem do cinema James Bond, que
tem “licence to kill”,
usa e abusa da “licence to spend” (licença para gastar)
pois, tudo é repassado diretamente ao público contribuinte no melhor estilo “os
lucros políticos são privados, mas os custos das obras são públicos”!!!
Nas inaugurações, tem-se a
impressão que todos os valores utilizados saíram dos bolsos do poder, haja
visto a veemência no timbre das locuções e na retórica dos discursos
inflamados.
Na utilização, vê-se que não
é aquilo tudo que tinha sido prometido pois não simplificou nem
modernizou... só remendou a beirada do enorme “buraco” das necessidades
elementares das cidades inchadas.
Há uma grande diferença entre
governar e administrar. Todos os grandes administradores públicos desse mundo,
tornaram a vida bem melhor para os seus concidadãos e muitos aparecem na
História como Estadistas.
Campeiam sem limites,
irresponsabilidades administrativas que estão mais do que protegidas pelo
manto da impunidade, onde o aproveitamento da ignorância é vital para a
consecução de projetos mirabolantes e até desnecessários. Reformar,
reconstruir, revitalizar, expandir não dá votos, assim dizem.
O que define uma cidade e
suas características é a sua própria população e quem observa isso, sabe das
necessidades básicas da “operacionalidade” dos centros urbanos, incluindo-se a
mobilidade dessa massa humana. Para uma população volumosa, a rede de
esgotos tem de ser proporcional à demanda; o abastecimento de água idem; a
distribuição da energia elétrica também e os serviços públicos de saúde,
escolarização, segurança, coleta de lixo e transporte têm de estar em
níveis ideais para o atendimento; o trânsito também tem de ser apreciado e para
isso deverá ser estudada uma reestruturação de vias urbanas além das
previsões de crescimento da produção e comercialização de veículos
Em países com alto índice de respeito
ao contribuinte, as cidades são “programadas” para atender eficientemente
ao cidadão, incluindo até a dinâmica populacional evitando-se o aumento, mesmo
que lento e gradativo, pois tal influência se fará sentir alguns anos mais
tarde. Em algumas cidades de países europeus, as mudanças de
endereço, de uma cidade para outra depende exclusivamente de trocas (quem é da
cidade A e quer ir morar na cidade B tem de “trocar” de domicilio com alguém
que queira ir morar na cidade A), não alterando assim o número de habitantes e,
consequentemente, a infraestrutura local não sofrerá maiores pressões tampouco
estagnação, pois o desenvolvimento corre paralelo ao bem-estar.
Existem “filas” de
pretendentes para mudar para várias cidades consideradas excelentes para se
viver.
Há 42 anos, fui morar na
Ilha do Governador... um bairro onde tudo era distante pois não era tão
densamente povoado como é hoje. O crescimento populacional
desproporcional e desorganizado desse bairro, influiu diretamente
na vida do cidadão, provocando os mais diversos tipos de constrangimentos,
incluindo-se até doenças provocadas pelo estresse
originado. As causas e os motivos desse caos urbano todos conhecem. Tudo
já foi explicado, tudo é de conhecimento público, mas, infelizmente, os fatos
não valem nada... só as versões que são sempre apresentadas de forma
benevolente, distorcendo a realidade.
O custo é
dividido pela sociedade pagadora de impostos em gênero, número e grau cada dia
maiores mas, os “louros” são amealhados por outrem.
A falta de horizontes
é o que sobra depois de verificar-se que o que é
apresentado agora, não se percebe como solução e sim como paliativo
que aparece na sombra do desperdício... como a poeira sedimentada
sobre um antigo cartaz de “VOTE EM FULANO” que não foi recolhido pela
limpeza pública.
Outro dia, escutei um
engenheiro, colega meu de Academia, dizer que votaria em fulano porque
senão, ele com certeza seria descontratado de uma repartição pública,
numa eventual perda do mandato daquele candidato à reeleição. E
complementava: - - Sou praticamente obrigado a isso.
Eu retruquei que isso era voto
do tipo “cabresto” e que ele mesmo é que tinha colocado na própria cabeça e
apertado.
Asseveram que atualmente todos
somos conscientes, mas o que nos falta é a prática dessa consciência, ou
seja, enquanto não nos balizarmos dentro das margens da seriedade e da
ética, agiremos sabendo que estamos errando. Portando, tenho a certeza
que cai por terra a afirmação de que é preciso sentir e perceber, pois na
realidade isso não nos falta. Precisamos sim, retirar os cabrestos, as
amarras e navegar na dignidade!!!
As eleições estão próximas...
Título e Texto: Jonathas Filho, 68 anos é eleitor de
longa data. 18-08-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-