segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Obras - no curso das ideias, as circunstâncias... E os votos


Jonathas Filho
Li  o texto do brilhante José Manuel cujo título “O custo ao cidadão  e a falta de horizontes” e facilmente constatei  que está totalmente baseado em fatos reais. Tenho a certeza que nesta terra varonil, não nos faltam as ideias. Nos falta é o curso delas, o prosseguimento desde o nascimento da ideia até a finalização de cada obra. 

Tenho a certeza que quem projeta, considera o crescimento demográfico e suas implicações. 
Tenho a certeza que quem projeta não se descuida das interações com o meio ambiente e seus efeitos.
Tenho a certeza que quem projeta, calcula o custo benefício da obra no atendimento ao público-alvo que a utilizará.           
Tenho a certeza também que quem projeta uma obra como uma ponte, um arranha-céus, uma longa estrada, um sistema viário marítimo, terrestre etc... projeta colocando toda a competência e experiência para que o projeto seja viável, exequível dentro de um prazo, durável por muito tempo, com resistência às intempéries  e atenderá às necessidades de uma população que a receberá pronta e utilizável, como consequente retorno daquilo que pagam como tributos. Afinal, quem projeta é um especialista que  tudo antevê  e em tudo se preocupa, para atender a todos os detalhes, incluindo aí,  até seu próprio desejo de realização profissional.                                                                                                      
Vaidade profissional?  Que seja!

Mas, infelizmente projeto é projeto e obra é obra. E como toda obra é uma atitude do poder; o poder modifica o projeto ao seu bel-prazer, não dando importância  aos impactos que ocorrerão posteriormente. Uma via urbana expressa  de cinco linhas pode ser alterada  para apenas três linhas e sem os recursos de acostamento, sem telefones de socorro, sem escoamento e esgotamento ideal das águas pluviais,   sem iluminação eficiente e com sinalização precária  pois, assim economiza-se no valor da obra,  apesar da fatura que  será  apresentada como  de costume, deverá ser bem maior do que o orçamento  estabelecido a priori  para o projeto de cinco linhas e com todos os recursos  previstos. Isso é sistemático.  O que deveria ser uma exceção virou regra, aplicável sem qualquer embaraço.  O poder não é o provedor do dinheiro, mas conforme a vontade dele;  mais parecendo com o personagem do cinema James Bond, que tem “licence to kill”,   usa e abusa da “licence to spend” (licença para gastar) pois, tudo é repassado diretamente ao público contribuinte no melhor estilo “os lucros políticos são privados, mas os custos das obras são públicos”!!!
Estas são as “circunstâncias”.

Nas inaugurações, tem-se a impressão que todos os valores utilizados saíram dos bolsos do poder, haja visto a veemência no timbre das locuções e na retórica dos discursos inflamados.
Na utilização, vê-se que não é aquilo tudo que tinha sido prometido pois não simplificou nem modernizou... só remendou a beirada  do enorme “buraco” das necessidades elementares das cidades inchadas.
                                              
Há uma grande diferença entre governar e administrar. Todos os grandes administradores públicos desse mundo, tornaram a vida bem melhor para os seus concidadãos e muitos aparecem na História como Estadistas.

Campeiam sem limites,  irresponsabilidades administrativas que estão mais do que protegidas pelo manto da  impunidade, onde o aproveitamento da ignorância é vital para a consecução de projetos mirabolantes e até desnecessários. Reformar, reconstruir, revitalizar, expandir não dá votos, assim dizem.

O que define uma cidade e  suas características é a sua própria população e quem observa isso, sabe das necessidades básicas da “operacionalidade” dos centros urbanos, incluindo-se a mobilidade dessa massa humana.  Para uma população volumosa, a rede de esgotos tem de ser proporcional à demanda; o abastecimento de água idem; a distribuição da energia elétrica também e os serviços públicos de saúde, escolarização, segurança, coleta de lixo e  transporte têm de estar em níveis ideais para o atendimento; o trânsito também tem de ser apreciado e para isso deverá ser estudada uma reestruturação de vias urbanas além das  previsões de crescimento da produção e comercialização de veículos

Em países com alto índice de respeito ao contribuinte, as cidades são “programadas” para atender eficientemente ao cidadão, incluindo até a dinâmica populacional evitando-se o aumento, mesmo que lento e gradativo, pois tal influência se fará sentir alguns anos mais tarde. Em algumas cidades  de  países europeus, as mudanças de endereço, de uma cidade para outra depende exclusivamente de trocas (quem é da cidade A e quer ir morar na cidade B tem de “trocar” de domicilio com alguém que queira ir morar na cidade A), não alterando assim o número de habitantes e, consequentemente, a infraestrutura local não sofrerá maiores pressões tampouco estagnação, pois o desenvolvimento corre paralelo ao bem-estar.
Existem “filas” de pretendentes para mudar para várias cidades consideradas excelentes para se viver.

Há 42 anos,  fui morar na Ilha do Governador... um bairro onde tudo era distante pois não era tão densamente   povoado como é hoje.  O crescimento populacional desproporcional  e  desorganizado desse bairro, influiu diretamente na vida do cidadão, provocando os mais diversos tipos de constrangimentos,  incluindo-se  até   doenças provocadas pelo estresse  originado.  As causas e os motivos desse caos urbano todos conhecem. Tudo já foi explicado, tudo é de conhecimento público, mas, infelizmente, os fatos não valem nada... só as versões que são sempre apresentadas de forma benevolente, distorcendo a realidade.

O  custo é dividido pela sociedade pagadora de impostos em gênero, número e grau cada dia maiores mas, os “louros” são amealhados por outrem.

A falta de horizontes  é o que sobra   depois de verificar-se que o que é apresentado agora,  não  se percebe como solução e sim como paliativo que  aparece na sombra do desperdício...  como a poeira sedimentada sobre um antigo cartaz de “VOTE EM FULANO” que não foi recolhido pela limpeza pública.

Outro dia, escutei um engenheiro, colega meu de Academia, dizer que votaria em fulano porque senão, ele com certeza seria descontratado de uma repartição pública, numa eventual  perda do mandato daquele candidato à reeleição. E complementava: - - Sou praticamente obrigado a isso.

Eu retruquei que isso era voto do tipo “cabresto” e que ele mesmo é que tinha colocado na própria cabeça e apertado.

Asseveram que atualmente todos somos conscientes, mas o que nos falta é a prática dessa consciência, ou seja,  enquanto não nos balizarmos dentro das margens da seriedade e da ética, agiremos sabendo  que estamos errando. Portando, tenho a certeza que cai por terra a afirmação de que é preciso sentir e perceber, pois na  realidade isso não nos falta. Precisamos sim, retirar os cabrestos, as amarras e navegar na dignidade!!!

As eleições estão próximas...

Título e Texto: Jonathas Filho, 68 anos é eleitor de longa data. 18-08-2014

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