domingo, 21 de setembro de 2014

“Não há Deus nenhum”, afirma Stephen Hawking

João Pedro Pincha
Em Espanha para participar num congresso de astronomia - campo onde é considerado uma das mentes mais brilhantes de sempre - Stephen Hawking apela a que não se corte o financiamento à investigação.

Stephen Hawking sofre de esclerose lateral amiotrófica. Foto: Bruno Vincent/Getty Images

O astrofísico britânico Stephen Hawking revelou este domingo que é ateu. Em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, Hawking, cujas investigações sobre o Universo são consideradas das mais relevantes da história da ciência, disse que “no passado, antes de entendermos a ciência, era lógico acreditar que Deus criou o Universo”, mas que atualmente tal crença não fazia sentido.

“Agora a ciência oferece uma explicação mais convincente. O que quis dizer quando disse que conheceríamos ‘a mente de Deus’ [escreveu isso no livro "Breve História do Tempo"] era que compreenderíamos tudo o que Deus seria capaz de compreender se por acaso existisse. Mas não há nenhum Deus. Sou ateu. A religião acredita em milagres, mas estes são incompatíveis com a ciência”, disse.

A afirmação do cientista surge depois de anos de alguma especulação sobre as suas verdadeiras crenças, uma vez que, se em Breve História do Tempo dissera que era possível conhecer “a mente de Deus”, noutras intervenções e no livro O Grande Desígnio (ambos publicados em português pela Gradiva) admitia a hipótese de o Universo se ter criado a partir do nada.

Em Breve História do Tempo, Stephen Hawking tinha exposto a sua ideia de que, um dia, seria possível à Humanidade saber tudo sobre tudo. E, ao El Mundo, reitera a sua posição. “Penso que sim, que conseguiremos entender a origem e estrutura do Universo. Na verdade, agora já estamos perto de atingir esse objetivo. Na minha opinião, não há nenhum aspeto da realidade fora do alcance da mente humana”, afirmou.


É por isso que, diz, o investimento na investigação científica por parte dos governos mundiais deve continuar. “Não se pode incentivar os jovens a estudar cursos científicos com cortes no campo da investigação”, refere. Até porque esses jovens poderão ser importantes em campos como a exploração espacial, que Hawking diz ser importante para o futuro da raça humana. “Poderá evitar o desaparecimento da Humanidade devido à colonização de outros planetas”, explica, sublinhando ainda que “a exploração espacial impulsionou e continuará a impulsionar grandes avanços científicos e tecnológicos”.

A entrevista ao El Mundo advém do facto de Stephen Hawking se encontrar em Tenerife, nas Ilhas Canárias, em Espanha, onde vai participar num congresso de astronomia. O cientista sofre de esclerose lateral amiotrófica, doença que lhe foi diagnosticada aos 21 anos.
Título e Texto: João Pedro Pincha, Observador, 21-09-2014

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Um comentário:

  1. UM deficiente físico, é maior físico da humanidade. Como viver com uma doença incurável rezando ou estagnado na incansável procura de algo inexistente. Esta mente brilhante coloca em teste a humanidade. Seu livro é algo magnânimo.

    Vivemos o nosso quotidiano sem entendermos quase nada do mundo. Reflectimos pouco sobre o mecanismo que
    gera a luz solar e que torna a vida possível, sobre a gravidade que nos cola a uma Terra que, de outro modo, nos
    projectaria girando para o espaço, ou sobre os átomos de que somos feitos e de cuja estabilidade dependemos
    fundamentalmente. Exceptuando as crianças (que não sabem o suficiente para não fazerem as perguntas
    importantes), poucos de nós dedicamos algum tempo a indagar por que é que a natureza é assim; de onde veio o
    cosmos ou se sempre aqui esteve; se um dia o tempo fluirá ao contrário e se os efeitos irão preceder as causas; ou
    se haverá limites definidos para o conhecimento humano. Há crianças, e conheci algumas, que querem saber qual é
    o aspecto dos "buracos negros"; qual é o mais pequeno pedaço de matéria; por que é que nos lembramos` do
    passado e não do futuro; como é que, se inicialmente havia o caos, hoje existe aparentemente a ordem; e por que
    *há* um Universo.

    É também um livro sobre Deus... ou talvez sobre a ausência de Deus. A palavra Deus enche estas páginas. Hawking
    parte em demanda da resposta à famosa pergunta de Einstein sobre se Deus teve alguma escolha na Criação do
    Universo. Hawking tenta, como explicitamente afirma, entender o pensamento de Deus. E isso torna a conclusão do
    seu esforço ainda mais inesperada, pelo menos até agora: um Universo sem limites no espaço, sem principio nem
    fim no tempo, e sem nada para um Criador fazer.
    Carl Sagan
    Universidade de Cornell
    Ithaca, Nova Iorque

    Para quem quiser dar uma pausa e ler com afinco.
    boa noite

    Um trecho do livro:
    ...... A mecânica quântica introduz, portanto, um elemento inevitável de imprevisibilidade ou
    acaso na ciência. Einstein protestou fortemente contra esta ideia, apesar do papel importante que desempenhou no
    seu desenvolvimento. Recebeu o prémio :, Nobel pelo seu contributo para a teoria dos *quanta* e, no entanto, nunca
    aceitou que o Universo fosse governado pelo acaso. Os seus sentimentos ficaram resumidos na sua famosa
    afirmação: "DEUS NÃO JOGA OS DADOS". A maior parte dos outros cientistas estava disposta a aceitar a mecânica
    quântica, porque concordava perfeitamente com as experiências....

    LINK:
    http://www.cin.ufpe.br/~jarn/Uma%20Breve%20Hist%F3ria%20do%20Tempo%20-%20Stephen%20Hawking.pdf

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