Reinaldo Azevedo
Eu realmente não havia me dado
conta de como Dilma Rousseff tinha ido bem no debate Jovem Pan-UOL-SBT. Só
percebi isso quando ela apareceu falando sozinha no horário eleitoral do PT.
Dizendo de outro modo: Dilma é realmente a melhor opção que o Brasil tem para a
Presidência, desde que se ignore a alternativa, que é Aécio Neves. Na propaganda
do PT, nós a vemos como atua no Palácio: sem ninguém para contestá-la. É o
melhor para ela. E o pior para o Brasil. Foi certamente assim que ela interveio
no setor elétrico e provocou um dos maiores desastres da história na área.
É claro que a edição do debate
que está no ar é uma peça publicitária destinada a fraudar os fatos. Os
petistas, sem exceção, reconhecem que Dilma foi massacrada por Aécio e acham
que, mais uma esfrega daquela, e a vaca vai para o brejo. É por isso que o
partido, nas redes sociais e na imprensa, com a ajuda de Lula, passou a dizer
que Aécio foi violento “com uma mulher”, que o agressivo foi ele, que o tucano
deveria ser mais respeitoso… Ou por outra: como é homem, deveria receber calado
as ofensas planejadas por João Santana, um homem.
No PT, há quem reconheça que a
violência também embute um risco considerável: nunca se sabe quando se passa do
ponto. Mas essa gente considera que não há outra saída. Isso, provavelmente, é
conversa de quem gosta de ver correr sangue e prefere se eximir da
responsabilidade moral da escolha que fez. O fato é que o PT está levando a
retórica eleitoral para um ponto de exacerbação do qual é difícil voltar.
Parece que Dilma não considera que, se reeleita, terá de governar depois. O
ódio que está inoculando na política gera resíduos que ficarão aí por muito
tempo, quem sabe para sempre.
Mesmo o PT fazendo a campanha
mais odienta e mais odiosa de sua história, os bate-paus do partido, como o tal
Guilherme Boulos — cuja máscara definitivamente caiu, revelando a sua condição
de militante —, têm a cara de pau de acusar os adversários de promover a
violência. Pior: num artigo na Folha, o coxinha radical sugere que, se Dilma
vencer, haverá vingança. Boulos está se oferecendo para ser o “califa” Abu Bakr
al-Bagdhadi do PT. A ignorância e o primitivismo desse rapaz, vertidos em sua
logorreia aparentemente sábia, chegam a impressionar. Se, um dia, ele resolver
cortar nossa cabeça em praça pública, saberá explicar que é ele a cortar, como
a mão de Deus, mas que a culpa é nossa.
Dilma e o PT introduziram o
vale-tudo nessa campanha. Eles não têm limites mesmo — nunca tiveram! Muito se
fala da “baixaria” que Collor levou ao ar em 1989, ao apelar a Miriam Cordeiro,
a mãe de Lurian, filha de Lula. Baixaria, sim, não tenhamos dúvida! Mas poucos
se esquecem de que, já naquele ano, a rede de difamação petista, inclusive a da
imprensa, espalhou pelos quatro ventos que o adversário era viciado em cocaína
— sim, este mesmo Collor que, hoje, é aliado do PT. É que ainda não havia as
redes sociais para multiplicar o boato.
Em 1994, o PT já tinha montado
o seu primeiro grande “bunker” — podem pesquisar — para difamar adversários.
Isso não é novo no partido. Grupos operaram nas sombras em todas as demais
campanhas. Ou não surgiu, em 2010, dentro do comitê oficial de Dilma, uma súcia
clandestina, encarregada de fabricar um dossiê contra Serra? E a operação de
2006, com os aloprados?
Essa gente nunca teve limites.
E não terá, dentro ou fora do poder. Essa turma se julga acima da moralidade
comum e acha que tudo lhe é permitido. Não sei até onde eles vão, mas uma coisa
é certa: em outubro de 2014, Aécio é o Brasil que não tem medo do PT.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 18-10-2014
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