sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O bendito fruto... será?

Jonathas Filho

Eu sou amigo da Verdade, e desde as fraldas pude perceber o quanto ela tinha de severidade, de aspereza, de azedume e de dores disfarçadas. Para uns, a Verdade machuca, a Verdade desconstrói. Soube consternado, que existem verdades de fachada e agora acredito que não creio mais em meias verdades... exibidas como legítimas.

Quando eu era uma criança, eu acreditava que a maldade só aparecia em filmes de terror. Quando eu descobri tudo sobre a Verdade passei a preferir o terror dos filmes. Ainda criança, eu pensava que existiam forças que tinham o poder de exigir que a Verdade fosse apresentada a todos os interessados em conhecê-la e apreciá-la, porém, o que eu apreciei vezes e mais vezes foi a Verdade se esconder ou ser escondida.

Eu cresci e a cada dia me interessava mais pela Verdade e, em situações em que eu estava bem próximo dela, puxava assunto na intenção de seduzi-la. O tempo foi passando e a Verdade começou a se interessar por mim, afinal, eu era um sedutor. O que eu não imaginava, na minha juvenil ingenuidade, era que a Verdade começou a me descobrir e a todo instante apontava um erro meu, um deslize meu, uma impropriedade ou inconveniência minha. Não só os Reis ficam nus; eu também fiquei.

A Verdade desnudou meu corpo, minha alma, minha consciência, minha história, meu organismo, meus vícios, minhas virtudes, minha mente, enfim... expôs tudo de mim para todos saberem!

Aqueles que me amavam, continuam me amando... pois também são amigos de cama e mesa da Verdade.

Aqueles que superficialmente gostavam de mim ou ao menos simpatizavam comigo, passaram a me olhar com outros olhos, olhando de soslaio e com óculos bem escuros... e do outro lado da longa avenida da vida.

Aqueles que não gostavam de mim, passaram a me odiar posto que eram vis... e eu nunca mais os vi.

Aqueles que nem me conheciam, depois de saberem que eu tive um estreito relacionamento com a Verdade, sequer se aproximavam, afinal, o seguro morreu de velho... vai que tivessem alguma mácula...

Ter sido amante da Verdade, deixou-me esse gravame fixado, tal qual letreiro em neon “efervescente” que nunca se apaga, chamando a atenção de muitos que, parecendo ter medo de contágio, se afastam com a extrema cautela dos atemorizados.

Decidi estudar mais e procurei no Direito as explicações para as minhas frustrações. Pior a emenda do que o soneto, diria um sábio. Fui imerso nas Leis, onde aprendi o que é Apelação, o que é Recurso e também Vistas, Autos dos Processos, Embargos, Aditamentos, Agravos, Citação, Data Vênia e outros milhares de termos, suas complexidades e implicações. Depois de anos estudando, constatei que a Verdade já era uma velha “amiga” do Direito e quando eles se encontravam mesmo sob sigilo, ficavam juntos e misturados legalmente, resultando dessa aliança uma instituição chamada Justiça. A pergunta que não quer calar é: “Por que não declaram publicamente esse comprometimento, essa ligação? Afinal, a Verdade é livre e o Direito também, não devendo nada ocultar!

Frenético, o tempo passou e nos dias de hoje o hermetismo que havia trancado a infâmia, a indignidade e a ignomínia num cárcere, dá sintomas de frouxidão e inusitados atos de desleixo, permitindo as permissividades; prejudicando assim tudo de bom que andava livre, leve e solto.

Ninguém sabe ao certo se ainda existe alguma ligação profunda ou mesmo uma sutil afinidade entre a Verdade e o Direito. Até então, nenhum dos dois afirmou publicamente que se afastaram ou que continuam sendo um par uno, indivisível e prolífero. Fica no ar aquela névoa da falta do esclarecimento, com muita opacidade, mistério e mudez.

Num tempo em que ninguém “dança” sozinho as valiosas revelações recebem certos perdões e/ou descontos como bônus.

Nós, há quase NOVE longos anos, após revelarmos ao Direito todas as Verdades sobre as nossas vicissitudes, ainda estamos sem respostas e sem nossos haveres.
Não estamos pedindo perdão ou bônus! Não somos nem fomos errados; somos reconhecidas vítimas.
Não estamos pedindo favores ou benesses. Exigimos o que é justo e correto, dentro da Lei.

Jornal Zero Hora, 17-10-2014

Queremos apreciar o encontro da Verdade com o Direito e ver de perto, o fruto dessa união.
Nesse sentido, considerando elementarmente os acontecimentos atuais, os velhinhos e as velhinhas do Fundo de Pensão AERUS, comentam à boca pequena, perguntando de forma uníssona, todavia em tom elevado:

SERÁ QUE AGORA VAI NASCER A JUSTIÇA PARA NÓS?

Isso me faz lembrar a música cantada por Nat King Cole: Que será... será!  
Título e Texto: Jonathas Filho, não é Bacharel em Direito... é apenas aposentado do Aerus, esperando... 17-10-2014

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4 comentários:

  1. Um fruto maduro, mas ainda não colhido... Parabéns, guerreiro lutador!

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  2. Obrigado kirido Habtzreuter pelos parabéns e pelo título com que me elogia mostrando não só a sua gentileza como também a costumeira generosidade. Eu sei que guerreiros fazem bem mais; dando sangue, suor e lágrimas. Eu, até então só tenho dado lágrimas e um pouco de suor que qualquer desodorante barato espanta. Grande abraço. Jonathas Filho

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  3. Mentira, e não me venhas cá com beijos ó pescoço pá.
    És um grande guerreiro e nada precisas provar, nem com lágrimas quanto mais com um desodorante barato.
    Para você e a sua luta, só Chanel resolve.
    José Manuel

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  4. Ó pá, acaso andas com manias de escutar atrás das portas... também? kkkkkk
    Dizia um colega de voo que certas "meninas" tinham um certo "que" de Coco Channel. Um segundo depois completava: "Mais para Coco do que para Channel, certo?" Espero que esse não seja o meu caso, grande Rosé Mañuel, Obrigado pela força, valeu!!! Abração!!! Ronathas Hijo

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