resolução do partido confessa querer a
reforma política para se impor como partido único, prega a revolução cultural
para conquistar a hegemonia e deixa claro que proposta de diálogo de Dilma é
uma farsa
Reinaldo Azevedo
O PT, finalmente, fala a
verdade — pode não ser toda ela, mas é parte dela ao menos. Nesta segunda, a
Comissão Executiva Nacional do partido divulgou uma resolução espantosa
(clique aqui para ler a íntegra). Trata-se de um dos
textos mais rancorosos e esquerdopatas desde que o partido chegou ao poder, em
janeiro de 2003. Vale dizer: 12 anos no comando do país, com chance de chegar a
16, não aplacaram, como diria o poeta, a fúria do algoz. Ao contrário. O texto
tem, reitero, ao menos a virtude da sinceridade:
a: deixa claro que a disposição para o diálogo do governo Dilma é uma farsa;
b: confessa que seu objetivo é promover o que chama “revolução cultural” para construir a “hegemonia”;
c: evidencia que o objetivo da reforma política é mesmo aniquilar ou subordinar as demais vozes da sociedade.
Eu nunca tive dúvida a
respeito desses propósitos. Mas havia quem tivesse. Agora, não precisa ter
mais. Os petistas o confessam.
Entre outras barbaridades,
pode-se ler no documento: “A oposição,
encabeçada por Aécio Neves, além de representar o retrocesso neoliberal,
incorreu nas piores práticas políticas: o machismo, o racismo, o preconceito, o
ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar”.
Uma única mentira constrange;
uma borrasca delas assume certo tom de comicidade. Note-se que não vai acima o
perfil de um partido adversário, mas o de uma força que tem de ser eliminada.
Esse é o partido que terá o
comando do governo, ao qual pertence a presidente Dilma Rousseff, que diz
querer o “diálogo” com a oposição. Mais: Aécio obteve 48,36% dos votos —
51.041.155. Quer dizer que metade do eleitorado votou no racismo, no machismo,
no ódio, na intolerância e na nostalgia da ditadura? Um texto como esse é um
acinte e um disparate. Essa gente está no comando do país, o que explica muita
coisa.
Reitero, no entanto, que não
falta à resolução ao menos a virtude da sinceridade. O texto confessa: “É
urgente construir hegemonia na sociedade, promover reformas estruturais, com
destaque para a reforma política e a democratização da mídia”.
O leitor pouco familiarizado
com alguns termos próprios da política pode não identificar, mas o PT está se
referindo à “revolução gramsciana”, numa referência ao teórico comunista
italiano Antonio Gramsci. Na mesma resolução, o partido deixa claro: “Para
transformar o Brasil, é preciso combinar ação institucional, mobilização social
e revolução cultural”.
O que é “hegemonia”? É a
ditadura perfeita. Prefiro citar o próprio Gramsci, que a definiu como ninguém.
Para que você entenda a referência, é preciso saber que ele chamava o partido
que comandaria a sociedade como o “Moderno Príncipe”. Leiam o que escreveu:
“O
Moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações
intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa, de fato, que
todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso,
somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio Moderno
Príncipe e serve ou para aumentar o seu poder ou para opor-se a ele. O Moderno
Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo
categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização
de toda a vida e de todas as relações de costume”.
Entenderam? A revolução
cultural gramsciana, que conduz à hegemonia, esta que o PT agora diz
abertamente querer, faz do “partido” a única verdade possível. Desaparecem os valores
e a moral. Será crime o que o partido definir que é crime. Será virtude o que o
partido definir que é virtude. Toda ação, diz Gramsci, deve ser analisada
apenas segundo um critério: ela serve para aumentar o poder do partido ou para
combatê-lo? Se servir para aumentar, não importa o que seja, é bom; se servir
para combatê-lo, não importa o que seja, é ruim.
Mensalão, aloprados,
roubalheira na Petrobras??? Aumentam o poder do partido? Então são virtudes.
E o PT dá o caminho da sua
busca pela ditadura perfeita. Está lá na resolução:
- reforma política, precedida de um plebiscito, através de uma Constituinte exclusiva;
- democracia na comunicação, com uma Lei da Mídia Democrática — isso quer dizer “censura”;
- retomada do projeto que entrega a administração federal a conselhos populares.
A resolução do PT retira a
máscara do segundo governo Dilma e deixa claro que aqueles que embarcarem nessa
conversa estarão pondo a corda no próprio pescoço. Assim, tudo o que os
políticos comprometidos com a democracia representativa puderem fazer para que
os petistas não assumam o comando da Câmara deve ser feito.
Para encerrar, observo: não se
iludam os líderes do PMDB. O partido está na mira da “revolução cultural”
petista, cuja hegemonia, obviamente, só poderia ser conseguida com a destruição
da legenda aliada.
Espalhem o texto. Agora não há
mais disfarce. É projeto ditatorial mesmo! Mas não vão conseguir.
PS: Aí o idiota diz: “O
Reinaldo acha que o PT é comunista!”. Não! Eu não acho! Quando vejo Lula e Zé
Dirceu, penso em outros tipos… Em comunistas, não! Nunca disse que o PT é
comunista. Digo que é autoritário com pretensões totalitárias. Isso, eu digo.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 4-11-2014
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-