Tavares Moreira
1. Numa
época em que a tendência largamente dominante dos sabores mediáticos parece ser
no sentido de recuperar teses que há muito se desejariam enterradas – como é o
caso da que ficou tristemente celebrizada pela expressão “Há mais vida para
além do défice” – não surpreende que passem completamente ignorados factos que
assumem um significado relevantíssimo para caracterizar o desempenho da
economia portuguesa.
2. Refiro-me,
concretamente, ao facto de, na pretérita semana, ter sido notícia (muito
fugazmente) a divulgação pelo INE de uma nova
subida no indicador de confiança dos Consumidores, em Novembro, recuperando
níveis de 2002…
3. …
ao mesmo tempo que, como sabemos (tema tratado no último post aqui editado), as Contas Externas evidenciavam, até ao
final de Setembro, um comportamento bastante positivo, parecendo
encaminhar-se para saldos anuais superiores aos de 2013, parecendo nesta altuta
verosímil um saldo conjunto positivo das Balanças Corrente e de Capital superior
a € 4 mil milhões, ou seja algo próximo de 2,5% do PIB, que, a verificar-se,
superará as melhores previsões.
4. Esta
coexistência de uma elevada confiança dos Consumidores e de Contas Externas
francamente positivas representa uma situação quase inédita na nossa história
económica recente.
5. O que
tem sido norma é a confiança dos Consumidores se encontrar (i) em ALTA
quando as Contas com o Exterior se encontram bastante desequilibradas,
traduzindo situações de euforia do consumo com forte incidência nas importações
e pouco estímulo para as empresas exportarem, e (ii) em BAIXA nos
períodos em que se torna necessário reequilibrar as Contas com o
Exterior, o que é normalmente conseguido com sacrifício dos Consumidores…
6. Esta
novidade poderá ser extraordinariamente significativa e positiva, sobretudo se
for duradoura, o que pressupõe que não sejam cometidos exageros na dinamização
da procura interna, sobretudo do consumo privado, exageros que pagaríamos muito
caro pois se traduziriam no regresso ao desequilíbrio das Contas com o
Exterior, voltando a colocar o País na rota suicidária da acumulação de
endividamento externo…
7. É
por isso que, quando volto a escutar/ler melancólicos apelos “à vida que existe
para além do Orçamento” e me recordo da tragédia a que essa lamentável teoria
nos conduziu até Maio de 2011 e capítulos subsequentes, fortes arrepios de
frio são compreensíveis…
8. …
sobretudo quando esses apelos aparecem alegremente fusionados com a renovação
de um amontoado de promessas orçamentais e outras, na sua grande maioria
inconsistentes e não realizáveis, por parte da renovada Esquadra
Crescimentista!
9. Será
que se preparam mesmo para destruir aquilo que se revelou tão difícil
conseguir?!
Título e Texto: Tavares Moreira, 4R – Quarta República, 3-12-2014
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