segunda-feira, 15 de junho de 2015

Aerus - A questão adormecida

José Carlos Bolognese

Eu também acho um saco. Ver esses escritos na Internet, essa reclamação, essa tristeza toda. Me dá vontade de pegar meu carro do ano - como se gosta de falar - e me mandar pro shopping com a patroa, fazer aquelas comprinhas que ela tanto me pede, tadinha.

O busílis... é que um dos chorões sou eu mesmo a escrever ocasionalmente como quem joga uma pena num monte de rochas esperando provocar uma avalanche. Não entro em um shopping já faz alguns anos – se descobrirem quem sou, talvez não deixem entrar. Meu carro já se esqueceu em que ano foi fabricado, mas das compras, não tenho do que reclamar... afinal, qual o aborrecimento de fazer compras com pouquíssimo dinheiro? É muito mais fácil, saio leve de casa sabendo o que posso comprar – não mais; só menos – não perco tempo escolhendo, já escolheram por mim e volto, aí sim, mais leve... literalmente bem mais leve.


A “Velha Adormecida” (sorry, Tchaikovsky) Questão Varig/Aerus é a nossa paródia, um ballet de estropiados que também se poderia chamar de “O Quebra Nóis”, composto à beira de um lago em Brasília que de cisnes não tem nada. Para quem sabe ver, não é de águas límpidas, mas um charco de iniquidades onde os abutres da nação se refestelam num banquete macabro à base de lombo de cidadãos e sangue de trabalhadores.

O que fazer então? O Gigante Adormecido somos todos nós, A Legião dos Dorminhocos que, como dizia Simonsen vive em uma anestesia sem a cirurgia salvadora, que nunca virá, pois depende de um consentimento, uma atitude ativa de cada um que precise dela.

Nunca houve tempo melhor, nunca tantos meios e motivos para protestar estiveram tão presentes em nossas vidas. Eu faço?

Num supermercado – as compras são poucas; a atenção nunca desliga – vejo alguém reclamar do preço da carne e logo bato firme: O senhor/senhora sabe pra quem está pagando essa fortuna?
Ah!, sei lá Friboi, aquela do ator da Globo, aquela do filho do...

Não dou trégua...
Pois é, meu senhor/senhora, saiba que ainda assim 40% do que vai pagar vão para impostos, governo, BNDES... (sabe o que é?) e de lá sai pra quem... advinha?

A sofrida “Velha Adormecida”, questão Varig/Aerus é a versão longa-metragem dessa tragicomédia, essa “Dança dos Vampiros” onde as vítimas dos Dráculas brasilienses não parecem muito dispostas a puxar o fio da tomada e dar um fim a essa dança macabra.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 15-6-2015 
(P.S. Não nasci na Transilvânia, mas estou descobrindo que lá... é aqui!)

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