sábado, 12 de outubro de 2019

A Esquerda festeja o quê?

Cristina Miranda

Depois dos resultados das eleições legislativas Catarina avançou que BE saiu reforçado. PCP disse que o acordo das esquerdas unidas funcionou e se o seu partido não obteve mais votos foi porque foi feita uma campanha de difamação (coitadinhos).  Costa atribuiu esta “vitória” ao sucesso da Geringonça. Mas qual sucesso, minha gente?  Bateram com a cabeça nalgum lado?


O PC perdeu 110 000 votos e 5 deputados; o BE perdeu 60 000 votos e por pouco não ia um deputado à vida; os três partidos “geringonceiros” perderam no seu conjunto, cerca de 50 000 votos; os verdes “evaporaram-se”; o PS não só não obteve a maioria absoluta quase garantida durante um bom par de meses pelos média que andaram com eles ao colinho,  como só cresceu 120 000 votos em relação à sua derrota em 2015 e a votação de 2019 foi ainda  menor que a da PAF em 2015, mas ao contrário destes,  com uma conjuntura nacional e internacional amplamente favorável ao passo que o executivo anterior teve de governar sob um resgate financeiro severo. Entrou ainda o CHEGA e o IL, duas forças, uma de direita outra liberal que vieram revolucionar a forma de fazer política em Portugal.  Então festejam o quê?

A juntar a isto há que lembrar que tivemos uma abstenção recorde e subida de brancos e nulos. Querem melhor mensagem de que a maioria silenciosa está a dizer BASTA a esta miséria de socialismo e social democracia que nos desgoverna desde que existe?

Os “geringonceiros” tiveram 4 anos completos para mostrar o que valem unidos nas suas poucas diferenças a aprovar todos os OE de Centeno, todas as medidas “milagrosas” de  aumento camuflado de austeridade de Costa  para acabar com a austeridade (quanta ironia) e no fim nem uma votação melhor que a que tiveram com Passos Coelho conseguem? Não era suposto com um governo “tão bom” e cheio de “sucessos” ser exatamente o oposto?

A verdade é que esta união das esquerdas foi um autêntico “flop” que levou o país outra vez a secar todas as suas provisões e colocá-lo de novo na corda bamba a um passo de colapsar caso a economia internacional se constipe. E as pessoas ao contrário do que quiseram fazer crer, não estão a dormir.

De nada valeu abafar as vozes críticas a esta alternativa de desgoverno. De nada adiantou silenciar os novos partidos. De nada valeu escrever artigos a granel a ameaçar com a “extrema-direita” e suas “consequências”. As pessoas não são parvas. A maioria sentiu e sente que não houve qualquer melhoria neste país, bem pelo contrário. A maioria percebeu e percebe que tudo isto é só uma grande farsa. A maioria só não se mobilizou mais, ainda, porque apesar de se rever nalguns partidos novos, jamais acreditou que esses votos poderiam mudar alguma coisa (a tal estória do voto útil).

Por isso, não foi ainda desta vez que a viragem à direita se tornou expressiva, mas será daqui a uns anos. Anotem aí.

A entrada no Parlamento do IL e CHEGA é só o começo de uma nova etapa política.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 11-10-2019

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